O ano era 2001. Os presos da penitenciária Paulo Luciano de Campos, localizada em plena área urbana de Avaré, aderiram à série de rebeliões que tomaram conta do Estado, em fevereiro daquele ano. No início da tarde, tinham feito 17 reféns, entre visitantes e funcionários; as “reivindicações” eram as mesmas dos amotinados do Carandiru e outras penitenciárias. Na época, todo efetivo da Polícia Militar estava fora do presídio para evitar possíveis fugas. Um mês antes, em janeiro, em outra rebelião quatro detentos foram mortos. A população vivia um clima de pânico e medo diariamente, já que a cidade também estava cercada por outras penitenciárias – de Barra Grande , Iaras e Itaí, na época. Contudo, foi ali que surgiu um movimento de autoridades policiais e políticas para trazer um Batalhão para a cidade, na busca do controle da segurança.
Para piorar a situação em maio de 2006, a população vivenciou uma mega rebelião, num movimento coordenado pela facção criminosa PCC. Todo Estado sofreu uma onda de atentados terroristas que modificou o comportamento da sociedade. Policiais militares, civis, bombeiros e agentes carcerários foram assassinados. Bases da PM, delegacias e outras instalações do governo foram cercadas por barricadas e eram locais evitados pela população por receio de ser atingida pelos estilhaços dessa guerra entre o crime organizado e o estado.
Foi neste contexto, meses depois, que veio a notícia que mudaria os rumos da segurança pública da cidade: a implantação de um Batalhão da Polícia Militar.
Sendo o 53º do Estado, ele foi extremamente bem vindo e realmente mudou o cenário de violência e não seria arriscado dizer, que a segurança pública de Avaré se divide em “antes” e “depois” da vinda da instituição. Não apenas a situação penitenciária mudou completamente, mas também os índices de criminalidade na cidade e em municípios vizinhos.
E em outubro, a corporação comemora 15 anos de uma bem sucedida trajetória, reescrevendo a história da cidade, tornando-a uma das mais seguras do Estado.
Um pouco da história
O 53º Batalhão de Polícia Militar do Interior (BPM/I) é responsável pela segurança pública de 17 municípios da região de Avaré : Arandu, Piraju, Cerqueira César, Águas de Santa Bárbara, Iaras, Manduri, Sarutaiá, Tejupá, Taquarituba, Paranapanema, Itaí, Taguaí, Fartura, Itaporanga, Coronel Macedo e Barão de Antonina.
Sediado em Avaré, foi criado oficialmente em 25 de maio de 2006 e instalado no dia 5 de outubro daquele mesmo ano. Vale destacar outros aspectos do cenário político e histórico que precedeu e fortaleceu a criação do 53º BPM/I. À época, antes da criação do nosso 53º BPM/I, os 17 municípios eram subordinada ao 12º BPM/I, de Botucatu. Eram divididos entre as 2ª (Piraju e região) e 3ª Companhias (Avaré e região) de Policiamento daquele Batalhão.
Em junho de 2002 o município de Avaré conhecido como a “Capital Nacional do Cavalo”, foi elevado à condição de “Estância Turística” passando a receber investimentos para benfeitorias voltadas ao turismo, principalmente, às margens da represa, passando a ser a “Terra do Verde, da Água e do Sol”.
Na mesma época, os municípios de Águas de Santa Bárbara e Iaras sofriam invasões de terras e havia a presença do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Constatou-se, no período, incremento de pequenos crimes e incivilidades, que geraram reivindicações por melhores condições de segurança, tanto dos munícipes, como das autoridades locais.
Havia cinco Penitenciárias na região (Avaré I, Avaré II, Centro de Ressocialização de Avaré, Itaí e Iaras), das quais duas de segurança máxima, que contavam com guarda militar em suas muralhas, além de duas unidades da Fundação Casa em Iaras, questões que influenciavam na segurança regional e demandavam grande quantidade de escoltas de presos, cujo efetivo, normalmente, era subordinado à então 3ª Companhia do 12º BPM/I, Avaré.
Assim, por esses e outros fatores já citados, em 25 de maio de 2006 foi criado o 53º BPM/I, sediado em Avaré, com o compromisso de manter a excelência do policiamento na região.
No transcorrer dos anos, já com a existência do 53º BPM/I, instalaram-se na região mais três Unidades Prisionais (duas em Cerqueira César e uma em Taquarituba) e mais duas unidades da Fundação Casa (ambas em Iaras).
Recentemente, no dia 09 de dezembro de 2020, por intermédio de publicação no Diário Oficial nº 244, houve nova reestruturação no 53º BPM/I, sendo criada a Companhia de Força Tática, reforçando o policiamento e trazendo mais dinâmica ao policiamento preventivo de nossos 17 municípios e mais tranquilidade e segurança para seus mais de 315.000 habitantes.
Dentre todos os processos operacionais desenvolvidos pelo Batalhão, citam-se os policiamento de Rádio Patrulha, de Força Tática, Rural, Escolar e Comunitário, a realização do PROERD, entre outros tantos. O Policiamento à Cavalo, que já foi subordinado ao 53º BPM/I, teve seu efetivo transferido para o 14º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (14º BAEP), sediado em Sorocaba, mas que permanece exercendo suas atividades e operações em Avaré e região, sendo importante apoio a todos nós.
Importante também destacar o trabalho do Patrulhamento Comunitário Rural, um dos maiores em extensão territorial do Estado, que exerce forte influência sobre os aspectos da percepção de segurança nas comunidades rurais e ainda desenvolve projetos e campanhas sociais voltadas às comunidades carentes dos bairros rurais.
No ano de 2019, o 53º BPM/I participou da 17ª Edição do Prêmio Polícia Militar da Qualidade e recebeu a certificação em grau bronze, premiação mantida até a atualidade. Tal prêmio avalia a implantação do Modelo de Excelência da Gestão entre as Organizações Policiais-Militares candidatas, premiando aquelas que se destacam. Isso só confirma a busca da Excelência da Gestão e dos serviços prestados à população. A corporação está preparando, inclusive, uma revista comemorativa e alusiva aos 15 anos, cujo lançamento também será feito pelo in Foco na próxima edição. Para os avareenses o sentimento é de gratidão, pois hoje realmente se sentem seguros.
(Fonte parcial e foto Jeniffer Mello – Matéria Especial veiculada no in Foco – edição 242)