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Ela é, mais uma vez, a “Professora do Ano” da Universidade de Utah

 Gesiel Júnior

Ela, quando menina em Avaré, já vivia rodeada de animais e nunca escondeu a paixão pela Medicina Veterinária. Com um trabalho louvável, a cientista Heloísa Rutigliano atualmente integra o corpo docente do Departamento de Ciências Animais, Laticínios e Veterinária da conceituada Universidade de Utah, nos Estados Unidos. Fascinada pelo trabalho, divide seu tempo em pesquisas na área de Imunologia e Fisiologia da Reprodução de Bovinos, na sala de aula em que ensina essas disciplinas e também Ética Veterinária, e na amorosa convivência familiar.

Tanta dedicação resulta em conquistas acadêmicas, como o Prêmio Eldon J. Gardner (Professor do Ano 2021) e os de Excelência em Ensino Pré-clínico e Excelência no Ensino, conferidos a ela nas últimas semanas e isso se repete, pois em 2020 também recebeu idênticos louvores e, em 2019 ingressou na Academia Regional de Ensino, formada por professores de faculdades de sua área na região Oeste dos Estados Unidos.

“A premiação de Heloísa Rutigliano representa a consagração de uma trajetória marcada pela determinação, empenho e sólida formação”, declarou em nota a assessoria de imprensa da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp de Botucatu, onde ela se graduou em 2003, tendo então aprimorado práticas e técnicas em atendimentos nas fazendas da região. Antes, ainda como aluna, ela obteve estágio na Universidade da Califórnia (UC Davis), onde após a graduação fez mestrado em Saúde e Reprodução de Gado de Leite, concluído em 2006.

Em seguida, Heloísa obteve o doutorado em Endocrinologia da Reprodução também na UC Davis e o pós-doutorado na Universidade de Utah, em Imunologia da Reprodução de Bovinos, em 2010. “Meus animais favoritos são vacas leiteiras e cabras. Gosto muito porque são interativos”, afirma, pontuando que a meta de suas abordagens é melhorar as taxas de sucesso de gestações dessas espécies.

Para a pesquisadora o período de gravidez é o evento biológico que mais a impressiona. Estudiosa incansável, ela revela: “Sempre fui fascinada por biologia reprodutiva em geral. Criar outro ser dentro de um organismo é fascinante para mim”.

Heloísa com a professora Juliana Moreno, sua mãe e modelo, e os filhos Beatriz e Léo.

 

Família é a base para o êxito da grande pesquisadora

Nascida em Avaré, Heloísa Epstein Rutigliano é filha da professora Juliana Moreno e do agrônomo Marcos Book Rutigliano. Traz na genética a devoção aos estudos e o respeito pela natureza, pois sua mãe, mestra em Letras, é diretora pedagógica da FIRA, enquanto o seu pai já foi secretário municipal do Meio Ambiente.

Desde pequenina ela passava os fins de semana, sob os cuidados dos avós, brincando com animais e cavalgando. “Sempre soube que queria estar conectada às comunidades rurais”, diz, lembrando que a forte atração pela Medicina Veterinária foi despertada no contato com os grandes animais na fazenda da família.

Depois de cursar em Avaré os ensinos fundamental e médio no Colégio Universitário, Heloísa nem teve dúvida na hora de escolher a FMVZ para cursar. “Foi uma opção natural. Além da reputação da Unesp ser indiscutível, eu sempre quis trabalhar com animais de produção, então ela era a faculdade dos meus sonhos”, recorda-se.

Para obter seus graus em MS e PhD, ela aprofundou os estudos da língua inglesa e mudou-se para os Estados Unidos, onde obteve, em 2010, o Prêmio de viagem da Associação Americana de Imunologia Veterinária, a fim de participar de um simpósio internacional sobre o tema, em Tóquio, no Japão.

Em 2012 casou-se com o norte-americano David Epstein, com quem reside na cidade de Logan, Utah, onde cria os dois filhos: Beatriz e Leonardo, a grande alegria do casal. (GJ)

 

Avareense é especialista em Imunologia Reprodutiva

A meta científica de Heloísa Rutigliano é focada na Imunologia Reprodutiva. Usando o gado como modelo ela estuda o desenvolvimento do feto durante a gestação e o sistema imunológico materno. “É um campo em rápida evolução. Isso muda o tempo todo e é um sistema complexo que é importante para a sobrevivência”, observa, afirmando haver muitas descobertas em andamento.

A cientista de Avaré também se dedica à caracterização de modelos animais para doenças humanas. “Tenho um projeto financiado pela American Heart Association para examinar os efeitos dos hormônios sexuais como progesterona e estradiol nos incidentes de fibrilação atrial em cabras transgênicas que têm um gene que as torna mais propensas a desenvolver fibrilação atrial”, revela. E paralelamente observa ainda o metabolismo e seu efeito na imunidade de vacas leiteiras.

Por sua vez, como professora assistente, Heloísa diz estar gratificada. “Nunca pensei que me realizaria em sala de aula. Mas ver os alunos aprendendo e a empolgação de transferir esse conhecimento a eles foi inspirador”, diz ao contar que em quase uma década ensinando, aprendeu a abordar sua classe de maneira semelhante ao jeito como aborda qualquer experimento.

“Eu tenho uma ideia, testo em sala de aula!”, diz, exclamando com satisfação: “Recolho e analiso os resultados. Se forem positivos, continuo usando nas aulas seguintes. Se não forem, modifico e passo outras ideias. Eu me vejo como motivadora e me esforço para oferecer um ambiente de aprendizagem para meus alunos!”  (GJ)