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Ao longo da última década, os avanços da ciência nos permitiram entender melhor o funcionamento do corpo humano. Uma das grandes surpresas dessa leva de conhecimento adquirido envolve o intestino. Com até nove metros de comprimento e cerca de 500 milhões de células nervosas, ele deixou de ser considerado apenas um órgão de digestão, absorção e transporte de nutrientes e ganhou também o status de “parte pensante” do corpo. Tudo porque estudos recentes revelaram que o intestino tem influência sobre nossas emoções, nosso sono, nosso corpo.

Isso já havia sido comprovado por vários estudos, entre eles um feito por pesquisadores brasileiros da USP em 2016, que revelou que neurônios que habitam o intestino são os responsáveis por ativar células de defesa em caso de “perigo”. O perigo pode ser causado por bactérias que entram no organismo acompanhadas por algum alimento.

O que pouca gente sabe é que o intestino agrega a maior coleção de neurônios fora do cérebro. São eles os responsáveis pelas funções autônomas do sistema digestivo.  Esse cérebro “independente” em nossas entranhas e sua complexa comunidade microbiana influem no nosso bem-estar geral.

Não por acaso, os médicos acreditam cada vez mais que a função do nosso sistema digestivo vai muito além de simplesmente processar a comida que ingerimos. E mais: eles estão investigando se ele poderia ser usado para o tratamento de doenças mentais ou do sistema imunológico. Veja algumas informações surpreendentes sobre o nosso “segundo cérebro”:

 

Um sistema nervoso autônomo

Diferente de qualquer outro órgão do corpo, nosso intestino pode funcionar sozinho. Tem sua própria autonomia para tomar decisões, não precisa que o cérebro lhe diga o que fazer. O que “governa” o intestino é o chamado sistema nervoso entérico (SNE), que é uma “sucursal” do sistema nervoso autônomo do corpo – o responsável por controlar diretamente o sistema digestivo. Embora funcione de forma independente, ele se comunica com o Sistema Nervoso Central (SNC) através dos sistemas simpático e parassimpático.

 

70% das células do nosso sistema imunológico vivem no intestino

Isso torna a saúde do nosso intestino a chave para nossa imunidade às doenças. Especialistas dizem que as pesquisas mais recentes indicam que, se você tem problemas intestinais, é mais provável que seja mais vulnerável a doenças comuns, como uma gripe, por exemplo.

 

 50% das fezes são bactérias

Não são apenas restos de comida: aproximadamente metade de nossas fezes é formada por bactérias. Muitas dessas bactérias são boas, e por isso os transplantes de fezes podem ser uma forma de tratamento vital para alguns pacientes com um microbioma intestinal debilitado.

 

Quanto mais diversificada a dieta, mais diversificado é o microbioma

Em nosso intestino vivem trilhões de micróbios, que gostam de diferentes alimentos.

Esses micróbios são fundamentais para a digestão porque sua atividade permite que nosso corpo absorva certos nutrientes dos alimentos. Diferentes micróbios prosperam com diferentes alimentos e, por isso, o microbioma intestinal melhora com uma dieta diversificada. Um microbioma rico e variado está associado a uma maior saúde intestinal, e por consequência, a um bem estar geral maior. Por outro lado, as pessoas que sempre comem as mesmas coisas têm um microbioma mais pobre.

 

Seu intestino está ligado aos seus níveis de estresse

Se você tem problemas intestinais, cuidado porque podem estar relacionados ao estresse e questões emocionais.  A maior parte da serotonina do corpo – de  80% a 90% – é encontrada no trato gastrointestinal. A serotonina é um neurotransmissor que afeta muitas funções corporais, como o peristaltismo intestinal – o movimento involuntário que o intestino faz para empurrar o bolo alimentar e permitir que a digestão aconteça no lugar certo. Ela também está associada a muitos transtornos psiquiátricos. Sua concentração pode ser reduzida pelo estresse e influencia o humor, a ansiedade e a felicidade. Vários estudos com seres humanos e animais têm mostrado evidências sobre diferenças encontradas no microbioma intestinal de pacientes com transtornos mentais, como a depressão.

 

Como melhorar sua saúde digestiva:

  • Siga uma dieta diversificada para diversificar o microbioma intestinal;
  • Reduza o nível de estresse, fazendo meditação, relaxamento, mindfulness (atenção plena) ou ioga;
  • Se você já tem sintomas de algum problema intestinal, é melhor evitar álcool, cafeína e comidas apimentadas – eles podem agravá-lo;
  • Tente dormir melhor: um estudo mostrou que, se você muda ou interrompe o relógio biológico alterando seus padrões de sono, também prejudica seu intestino.

 

(Fontes BBC e Tabita Said)