Compartilhado via mensagens em redes sociais e grupos de WhatsApp e Telegram, o site Veja Seu Voto é falso. Nos últimos dias, grupos políticos espalham o domínio como uma das provas de que informações sigilosas sobre a anonimidade do voto de cada cidadão estariam livres para acesso.

Inicialmente, o domínio vejaseuvoto.info era utilizado como uma suposta prova de fraude eleitoral. O site era compartilhado com mensagens similares a essas:

“O super sistema eleitoral do Xandão. O cúmulo do absurdo. O voto não é secreto, mas a apuração sim. Eles sabem em quem você votou no segundo turno das eleições presidenciais” e “O Argentino acabou de vazar o voto presidencial de todos os brasileiros no TSE. Confira nesse site se o seu voto caiu certinho na urna. O meu caiu, da minha esposa não”.

 

Fraudes e falhas? 

O Veja Seu Voto acabou saindo do ar e, para mostrar como o site operava de maneira falsa, o domínio vejaseuvoto.lol foi levantado ontem (12).

Paulo Matias, professor do Departamento de Computação da UFSCar, colocou no ar o novo site com código aberto para checagem sobre como ele opera.

Segundo Matias, o vejoseuvoto.info é “provavelmente um código server-side, que tira hash do CPF, e se for par, solta 22. Se for ímpar, solta 13”.

Isso significa: o site faz uma série de operações matemáticas com o número do CPF do cidadão e, caso o resultado seja um número ímpar, é mostrado um voto na sigla 13 (PT). Do contrário, caso seja par, é mostrada a sigla 22 (PL).

O novo domínio de Matias não revela o nome de cidadãos brasileiros para não violar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)

“É difícil saber se o site original era de cunho humorístico ou se tinha intenção de espalhar fake news”, adiciona Paulo Matias sobre o desenvolvimento do site. “É possível que tenha sido apenas alguma piada que acabou chegando até o Fernando Cerimedo e, como todas as fontes que ele utiliza, ele não checou se era verídico e levou a sério. De qualquer forma, na nossa paródia tomamos o cuidado de deixar um aviso em letras difíceis de enxergar no rodapé do site”.

Vale notar que o professor Paulo Matias participou do TPS (Teste Público de Segurança) 2017 da urna eletrônica, realizado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Quando perguntado sobre o sigilo do voto, Matias respondeu que “certamente não é possível violar o sigilo a partir dos dados gerados pela urna no dia da eleição. A equipe do Diego Aranha, em 2012, na época que ele era professor da UnB, encontrou uma vulnerabilidade que permitia fazer isso, mas ela foi corrigida pelo TSE. Já se passaram 10 anos, mas parece que a imaginação de algumas pessoas é fértil demais”.

A Justiça Eleitoral alerta para que as pessoas tenham cuidado ao digitar seus dados pessoais, como CPF, título de eleitor ou qualquer outra informação nesse ou em qualquer outro site, pois pode haver risco de uso indevido dos dados dos eleitores. Passados mais de um mês das eleições, ainda há pessoas que insistem que houve fraude no pleito. Isso acontece mesmo quando todas as informações disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – verificadas, inclusive, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e diversas Missões de Observação Eleitorais (MOEs) nacionais e internacionais – mostram taxativamente que todo o processo de apuração e totalização dos resultados ocorreu de maneira segura e transparente.

(Fonte Justiça Eleitoral, UOL, Techmundo e Terra)