Um mês após denúncias de supostos maus tratos a alunos portadores de deficiência na escola EMEB Alzira Pazão de Avaré, o caso continua gerando repercussão depois do advogado de defesa da diretora da escola (Ivone Dias Fusco, acusada pelas reclamantes), José Renato Fusco ter se reunido com pais na própria instituição antes do recesso, para contestar as denúncias e rebater as informações veiculadas pelo in Foco, que foram baseadas nas acusações feitas por mães das crianças depois que a cuidadora Zuleica Cardoso levou o caso à polícia.

Na reunião, o advogado que também é filho da diretora, teria dito que a cuidadora Zuleica teria “deficiência mental” e que a ‘ficha’ dela estaria a disposição na secretaria de Educação – o que foi refutado por algumas mães que estavam na reunião e dizem conhecer a cuidadora. Pelo que sabemos ele nem poderia entrar na escola ainda mais induzir e difamar a Zuleica. E a secretaria não pode fornecer o prontuário de nenhum funcionário”, diz uma das mães.

O advogado, ainda segundo relatos das mães, teria criticado a matéria do jornal. Procurado pelo in Foco, ele negou.

“Falei que a matéria foi mal escrita na minha opinião e que o Jornal não ouviu a versão da minha Cliente – que por acaso é minha mãe – antes de publicar uma série de acusações graves e que poderiam levar à condenação com pena de prisão, se fossem verdadeiras. No mais, como Advogado, eu não preciso de autorização para entrar em qualquer prédio público e falar com quem quer que seja”, disparou.

Ele confirmou a reunião na escola “Estive na escola para explicar aos pais, a versão da Direção e dos funcionários, já que infelizmente é como sempre, o Direito de Resposta é sempre menos impactante do que a Denúncia. Tal foi necessário pois após a publicação da matéria, as funcionárias, principalmente minha mãe, foram difamadas no Facebook e até ameaçadas de morte e de agressão física, o que não podia perdurar. Em nenhum momento eu sequer citei o nome da denunciante, justamente para preservá-la, pois o que eu não quero pra mim, não desejo aos outros”, alegou, complementando: “Eu não quero processar você (a jornalista Cida Koch) pelo dano que causou à minha mãe, pois sei que você errou, e não agiu de má-fé, mas se ficar me acusando de fazer o que eu não fiz, não terei outra alternativa”.

Alertado que nenhum tipo de intimidação seria admitida, ele negou e não se referiu ao direito de resposta publicado pelo próprio in Foco. “Publiquei como qualquer jornalista tem o direito de publicar denúncias ainda mais envolvendo crianças com deficiência e autistas e lhe dei o direito de resposta conforme preconiza a lei (inclusive a de imprensa) e o código de ética. Como frisei em todas matérias do caso, vou acompanhar até o final”, enfatizou a jornalista.

A secretaria da Educação não se manifestou sobre a reunião.

 

Entenda o caso

No começo de junho, algumas mães denunciaram que seus filhos – portadores de algum tipo de deficiência incluindo autismo – tinham sido vítimas de maus tratos na escola citada pela diretora e por funcionários da instituição; a cuidadora Zuleica Cardoso, foi a primeira a denunciar os maus tratos que ocorriam constantemente.

O caso foi levado ao Conselho Tutelar, Ministério Público e gerou várias reuniões na secretaria de Educação do município.  As mães estariam revoltadas porque a cuidadora estaria sendo supostamente perseguida.

Na sequência, a diretora da escola, através do seu advogado, rebateu as críticas e denúncias, dizendo serem falsas. “Todas as alegações contidas na matéria são falsas e claramente fruto de uma mente perturbada”, frisou, referindo-se à cuidadora.

Depois de muitas reuniões, a secretaria municipal de Educação de Avaré deu um retorno sobre o caso, afirmando que tudo foi encaminhado para a Secretaria Municipal de Administração e que a Procuradoria Geral do Município também seria notificada sobre o caso para eventual instauração de sindicância em caso de materialidade.

A polícia civil continua investigando o caso, já que foi aberto inquérito. O in Foco acompanha o caso.