Criança se alimenta na rua por não poder comer dentro da escola (ao fundo)
Anúncio

A diretora da escola EMEB Alzira Pazão de Avaré, Ivone Dias Fusco, uma das citadas no caso de denúncias sobre maus tratos feitas por mães ao in Foco ontem (11) com base em relatos e na acusação de uma cuidadora de crianças portadoras de deficiências, enviou a redação seu direito de resposta através de seu advogado José Renato Fusco.

Na resposta, ela desmente todas denúncias e diz serem falsas. “Todas as alegações contidas na matéria são falsas e claramente fruto de uma mente perturbada”, frisa, referindo-se à cuidadora que foi a primeira a denunciar o caso na secretaria de Educação e à Polícia.

“A denunciante, Zuleica Cardoso, funcionária com histórico ruim na Prefeitura Municipal de Avaré, fora transferida diversas vezes de local de trabalho, por não se dar bem com os seus colegas, causando sempre problemas e confusões. A afirmação de que o local é insalubre não procede, pois centenas de crianças frequentam a Unidade Escolar anualmente, sem que tivessem maiores problemas. Afirmam que as crianças teriam sofrido violência física e psicológica, mas apesar de dizerem ter as provas de tudo, nada provaram”, argumenta Ivone.

Ela também desmente a alegação de que crianças foram obrigadas a comer na rua. “Jamais houve a determinação, por parte da Diretora Ivone Dias Fusco e/ou quaisquer outras funcionárias da Escola Municipal de Educação Básica Professora Alzira Pavão, para que as crianças se alimentassem na rua, até mesmo porque as crianças não podem deixar as dependências da Escola, sem a companhia dos pais ou responsáveis. Isso porque a responsabilidade pelos pequenos é da Diretora, pessoalmente. Os alunos que tiveram a necessidade de se alimentar com gêneros diversos daqueles oferecidos pela municipalidade, para não deixarem os coleguinhas com vontade, tinham à disposição uma sala para tanto”, diz o advogado em outro trecho.

“Sobre a criança que se encontrava suja, a Diretora Ivone solicitou à Zuleica que desse atendimento a uma criança autista que estava no banheiro precisando de ajuda, e a funcionária negou-­se a fazê-lo, dizendo não ser responsável por tal criança. A alegada falta de limpeza procede em parte, pois na época a servente de limpeza estava afastada, e não havia outra substituta, o que foi devidamente comunicado à Secretaria Municipal de Educação, que já sanou referida dificuldade. Sobre os problemas estruturais da Escola, estes são amplamente conhecidos pela sociedade avareense e datam de muito antes da Gestão da Diretora Ivone, que apesar das dificuldades imensas, conseguiu com que a reforma do telhado, dos banheiros e adaptações para deficientes ocorresse”, contrapõe o advogado sobre outras reclamações e denúncias da matéria veiculada ontem.

No direito de resposta, Fusco também rebate a afirmação de que a diretora não estaria sendo investigada ou punida. “Dizer que a Diretora Ivone Dias Fusco não foi investigada até o momento, não condiz com a verdade, pois nesse momento a Polícia Civil tem um Inquérito em andamento sobre o ocorrido. Não há que se falar em punição, tendo em vista que as investigações ainda não foram concluídas, e vivemos em um país pautado pelos Princípios Constitucionais da Ampla Defesa, Contraditório e Devido Processo Legal”.

“Por fim, informo que as medidas judiciais cabíveis serão tomadas contra todos aqueles que – não tendo verdades para falar sobre a conduta ilibada e imaculada da Diretora Ivone Dias Fusco, que se encontra em vias de se aposentar, após servir como Funcionária Pública Municipal por mais de 30 anos – inventam histórias para lhe difamar e obter vantagens indevidas. A verdade prevalecerá, e os responsáveis por tais calúnias, injúrias e difamações serão punidos nos rigores da Lei”, finaliza o advogado.

 

Relembre o caso

Ontem, dia 11, o in Foco veiculou matéria na qual mães de crianças com vários tipos de deficiência, denunciaram situações de maus tratos, humilhações e perseguições na escola EMEB Profª Alzira Pavão de Avaré e que envolveriam a direção da escola e outras funcionárias. As denúncias são baseadas em relatos das próprias mães e da cuidadora destas crianças, Zuleica Cardoso.

O caso já foi levado ao Conselho Tutelar, Ministério Público e teve várias reuniões na secretaria de Educação do município.  As mães estariam revoltadas porque a cuidadora estaria sendo supostamente perseguida, enquanto os acusados não teriam sido punidos.

Segundo denúncia feita pela cuidadora Zuleica Cardoso, os maus tratos ocorriam constantemente; as crianças não eram devidamente alimentadas, a higiene e a limpeza da escola eram precárias (até mesmo com urina no chão do banheiro), crianças que evacuavam nas próprias roupas não eram limpas.

Além disso, a diretora Ivone Fusco ainda estaria se referindo aos alunos como autista e doentes. Ela afirmou ainda que outras funcionárias eram grosseiras e gritavam com as crianças. Em outros casos, um aluno foi colocado de castigo depois de pedir para usar o banheiro, enquanto outros teriam sido trancados em uma sala. A mãe de um menino de 4 anos, portador de grave intolerância à lactose, relatou que foi impedida pela diretora de levar alimentos adequados ao filho, apesar dos laudos que apresentou e mesmo depois de recorrer a secretaria da Educação. A diretora ainda teria dito que a “culpa” da alergia do filho era dela.

O in Foco continuará acompanhando o caso.