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Quatro 4 meses após a morte da jovem Yandra Nitsche Preste algumas questões ainda não foram esclarecidas – entre elas, o funcionamento do IML (Instituto Médico Legal) aos finais de semana em Avaré.

Isso porque, dois dias antes da morte, Yandra foi agredida pelo companheiro e registrou ocorrência da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) na madrugada de sábado, sendo orientada a ir ao IML na segunda-feira, já que o instituto estaria fechado aos finais de semana. Infelizmente, na segunda Yandra foi encontrada morta.

Justamente para que casos como este não ocorram mais, num suposto socorro tardio, o in Foco questionou o responsável pelo IML local.

O médico José Carlos Arruda Campos disse que “depende da solicitação do delegado; nos finais de semana só são atendidos os casos em que o delegado solicita em regime de plantão”. Contudo, ele argumentou que se aposentou e não está mais autorizado a dar estas informações.

O atual responsável seria o médico Poio Novaes, que no caso em questão, fez um laudo complementar atestando as agressões após polêmica e protestos.  Ao in Foco, ele simplesmente escreveu: “Sinto muito. Não conte comigo”, não confirmando quem responde pelo instituto em seu lugar.

Já o delegado Marco Aurélio Gonçalves Gomes, da DDM, esclareceu que a “orientação recebida pelos policiais civis desta Seccional de Polícia é no sentido de que, nos finais de semana, via de regra, o IML de Avaré pode ser acionado, quando se tratar: a) de boletins de ocorrência que necessitem de exame necroscópico; b) de situações graves, de extrema urgência e que envolvam provas não perenes (por exemplo, quando necessitar de exames em vítimas de violência sexual que demandem constatação de micro-lesões em áreas íntimas e extração de material biológico para análise, as quais podem se perder caso haja demora do exame) ou c) de boletins de ocorrência envolvendo prisões em flagrante delito”.

O delegado frisa que “quando a ocorrência não se enquadra nessas situações, a vítima recebe uma requisição e é orientada a comparecer na sede do IML de Avaré nos dias úteis, para realização do exame de corpo de delito, nada impedindo que ela: a) registre fotograficamente suas próprias lesões; b) passe por exame no Pronto Socorro local logo após ter sido agredida, solicitando ao médico declaração contendo a descrição de suas lesões, ou c) que as lesões sejam fotografadas pela equipe policial plantonista”.

Inconsistências – Sobre uma matéria veiculada relativa a inconsistências no caso, a DDM não se manifestou. Nesta reportagem, Karine Nitsche, mãe da jovem avareense Yandra Nitsche Preste, cobrou da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), providências quanto ao que ela considera inconsistências nas investigações.

Em uma postagem nas redes sociais, Karine desabafou: “ Gostaria de saber com a DDM, responsável pelas investigações no caso da Yandra, porque não chamaram as pessoas que tiveram contato com ela diretamente e indiretamente nos dias 17 e na manhã do dia 18 de fevereiro, dia que ela morreu, e que estão até agora aguardando pra serem chamadas pra depor??? Eu mesma liguei, pois tinha que depor novamente pra falar sobre a droga (crack) que foi encontrada na casa e não está sendo mencionado no inquérito; fui maltratada pelo escrivão Mauro, que falou que iria chamar e até agora nada”.

Segundo ela, algumas provas estariam sendo ocultadas. “Várias provas foram ocultadas, até mesmo pela perícia local, que cruzou os pés dela pra esconder que estava faltando um dos tênis, que a propósito estava entre o corredor e a cozinha e a porta estava fechada. Não recolheram um cadarço e um cinto estourado que estava no chão, esconderam o banco que também estava dentro do banheiro atrás da cadeira. Sem contar a fivela do cinto que estava nela; eu serrei o cinto com uma faca, deixando a fivela grudada na janela pois não consegui puxar a fivela com o peso do corpo, mas no pescoço dela tem marcas de fivela também, seria então do cinto estourado no chão. Yandra estava com vários tipos de marcas no pescoço, e isso é nítido e por que estão escondendo?????”, questionou.

Outra postagem que chamou a atenção, foi ainda mais grave: apontou que Yandra teria saído com um amigo um dia antes da sua morte, após terminar o relacionamento e que depois disso, ela e o amigo teriam sido ameaçados por “Lukinha”. O detalhe é que as ameaças e outras mensagens teriam sido apagadas de um computador no mesmo dia em que a vítima já estaria morta. Estas inconsistências foram teriam sido reveladas pelo advogado deste amigo e já estão com a polícia.

“A conta da Yandra foi logada em um computador desconhecido no dia 17/02 e neste horário ela estava comigo. Endereço de IP já está sendo investigado”, escreveu Karine.

Entretanto, para fazer o rastreamento destas informações é imprescindível que o laudo da perícia determine o horário da morte – detalhe que ainda estava faltando. A família também criou um perfil no Instagram @justicaporyandra onde tem exposto o caso.

Relembre o caso

A jovem Yandra foi encontrada morta em sua casa no parque Jurumirim pela própria mãe, dia 19 de fevereiro. Inicialmente havia a hipótese de suicídio, mas depois de algumas inconsistências o caso também deve ser investigado como suposto feminicídio.

A vítima vinha sofrendo em um relacionamento abusivo com  L.D.B. e dois dias antes da morte, na madrugada do dia 17, registrou boletim de ocorrência por agressão, mas infelizmente o exame de corpo de delito só foi marcado para a segunda-feira, quando ela lamentavelmente foi encontrada morta.

O que causou polêmica é que apesar das marcas de agressão, elas não constaram no laudo necroscópico (autorizado pela família). A família contestou o laudo, considerando que as lesões são desapareceram antes da morte.

Contudo, após uma manifestação, um laudo complementar foi divulgado pela Delegacia de Defesa de Mulher.

Fotos mostram as marcas da agressão registrada em boletim de ocorrência dia 17, inclusive com dedo quebrado. As fotos foram feitas pela própria mãe a pedido de Yandra no dia 18. A polícia ainda não concluiu o inquérito.