Caos total. Estas duas palavras resumem o que tem sido visto no Pronto Socorro local, que desde sexta-feira colapsou com a falta de médicos. Em entrevista ao in Foco na manhã de hoje, um profissional da saúde (cuja identidade será preservada) relatou a trágica situação que tem prejudicado pacientes e profissionais.

Ele, que testou positivo hoje para covid, teria sido contaminado no próprio PS, mas infelizmente não é o único; outros 12 colegas também foram. Com isso, infelizmente o que já é precário pode ficar ainda pior já que os profissionais são afastados.

Em relação aos médicos, ele relata que realmente há enorme deficiência no atendimento. Infelizmente tem dia que é só um a noite; há um na urgência e um na frente durante o dia e a noite, um para todos”, revela.

O enfermeiro chamou o PS de ‘campo mimado’. “Estamos sem saída. Há muitos contaminados e lugares inapropriados para mantê-los internados. Tem a observação que temos 11 camas; já na hidratação são poltronas onde improvisamos com colchões piramidão. Mas há dias que volto para casa chorando em presenciar os descasos”, confessa.

Neste final de semana, internautas lotaram as redes sociais de reclamações denunciando o colapso do Pronto Socorro. Já na sexta-feira, o in Foco questionou a secretaria de Comunicação sobre que medidas seriam tomadas para normalizar a situação, mas a única resposta que recebeu foi de que “foi encaminhado ao setor competente” – resposta padrão que se traduz que inércia.

A população pede agora uma CPI para investigar realmente o que acontece no pronto socorro que também foi alvo de denúncias por parte de vereadores da oposição.

 

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Coincidentemente, na última sexta-feira, dia 28 na Câmara Municipal de Avaré foi realizada a audiência da saúde (na qual o secretário da pasta não compareceu) e revelou uma situação contraditória e que foi rebatida nas redes sociais. Uma funcionária da secretaria de saúde que fazia uma explanação na audiência pública tentou atribuir a falta de médicos no pronto socorro à fiscalização de vereadores, mas uma enxurrada de críticas recaíram contra a Secretaria de Saúde, inclusive com pessoas pedindo a demissão do secretário.

De acordo com o jornal do Ogunhe, segundo uma fonte que trabalha no pronto socorro, a funcionária foi totalmente infeliz na sua fala porque o que existe é uma revolta dos médicos com a postura da secretaria e do secretário da saúde há meses com direito a dedo apontado e humilhação de médicos durante os plantões. A fonte relata que alguns médicos deixaram de atender no pronto socorro e foram trabalhar em cidades vizinhas devido ao desrespeito da ex-coordenadora e do secretário.

Na quinta-feira, dia 27, uma reportagem do Voz do Vale já havia abordado o assunto, noticiando que a empresa Infomed Gestão de Saúde e Serviços Médicos Eirelli, responsável para a realização de plantões médicos de urgência e emergência no Pronto Socorro Municipal, não estaria cumprindo o contrato firmado com a Prefeitura de Avaré.

Informações dão conta que o contrato prevê 5 médicos atendendo entre as 7 e às 19 horas, sendo 3 clínicos Geral e 2 pediatras. Já entre às 19 horas e às 7 horas, são 3 médicos, sendo 2 clínicos e 1 pediatra. Porém, a empresa não estaria conseguindo médicos para prestar os serviços no município.

O contrato foi firmado em novembro de 2020 e tem validade até novembro de 2021, no valor de quase R$ 5 milhões, sendo quase R$ 420 mil mensais. Segundo dados do Portal da Transparência, entre janeiro e maio de 2021, a Prefeitura já repassou mais de R$ 1,6 milhão para a empresa.

Informações dão conta ainda que a coordenadora da empresa, a médica Andressa Machado, filha do secretário da Saúde, Roslindo Machado, teria pedido demissão da função. “Desde quando assumiram, não estão cumprindo o contrato e está tudo lindo e maravilhoso. Se a Andressa (coordenadora) saiu, a licitação ou a justiça precisa romper o contrato com a empresa e chamar a próxima”, destacou uma denunciante.

Sem médicos, a informação é que a então coordenadora, Andressa Machado, teria dado plantões sozinha. “Nesses últimos dias ela deu plantão sozinha no PS. Apenas ela de médico o dia todo”, destaca a denunciante. Mais a saída da coordenadora não seria o suficiente. Para a denunciante, uma mudança drástica teria que ocorrer no local. “Enquanto não trocar toda a coordenação, o PS não vai melhorar”.

A denunciante revelou, ainda, que o PS não teria técnicos e enfermeiros suficientes para medicar os pacientes. “Não tem enfermagem suficiente para medicar, não tem médicos. As pessoas esperam 2, 3 horas para tomar uma injeção. Tem apenas 2 ou 3 funcionários para coletar exames, fazer medicação, dar banho, fazer internação, levar na Santa Casa para tomografia”, desabafou.

Foi revelado também que funcionários estariam com Covid e que os mesmos não estariam sendo testados. “Tem funcionários com Covid, não testam a gente. Ou fazemos particular ou precisamos ir no ambulatório”.