Faz décadas que Avaré não elege um deputado da “terrinha” como se diz. Mas isso pode mudar daqui a pouco, pois a cidade tem 6 candidatos a deputado federal e uma a estadual, um verdadeiro recorde!
Os motivos para tantas candidaturas podem ser compreendidos na matéria de capa do in Foco (nas bancas, cafés e padarias) que aborda os superpoderes do Congresso, suas benesses e suas verbas milionárias (inclusive para as campanhas). Não que seja o caso dos candidatos locais (Deus nos livre!).
Na eleição passada (2018), por exemplo, o federal mais votado em Avaré foi Eduardo Bolsonaro, seguido por Milton Monte (não eleito) e Joice Hasselmann. A vereadora Carla Flores (MDB) teve 1.675 votos – mais votos que o candidato Luiz Motta, do Sincomerciários (903 votos, número irrisório considerando que a maior população de empregados é comerciária e é calculada em mais de 8 mil). Apesar disso não foi eleita, mas foi a avareense que mais chegou perto.
Já para deputado estadual, o mais votado foi o avareense Tenente Wilson com 3.632 votos, seguido por Curiati e depois Alessandro Rios, que pontuaram mais de 3 mil votos também. No entanto, nenhum se elegeu.
Numa sabatina para o Especial Eleições veiculado na edição impressa e agora disponibilizado no site, os candidatos falam sobre a motivação à vida pública e em comum todos concordam em acabar com os privilégios que a carreira – aliás, o cargo lhes daria – mas usam verba pública em suas campanhas.
São seis candidatos a deputado federal: (em ordem alfabética): Carla Flores (MDB), Denilson Ziroldo (PSD), Marcelo Ortega (Podemos), Ricardo Melenchon (PV), Rogério Rodrigues (Avante) e Samuel Paes (Progressistas) e a candidata a deputada estadual Elisandra Silvestre (PSB), esposa do ex-prefeito Joselyr Silvestre (que permanece inelegível).
Todos com exceção do candidato progressista tem formação superior e pertencem a partidos que usam dinheiro dos fundões para suas campanhas.
Carla Flores faz sua segunda tentativa de garantir vaga no Congresso e é a única mulher no páreo para federal. Ela elegeu-se vereadora há 2 anos e tem várias leis que beneficiam mulheres (muitas de âmbito federal), mas criou polêmica ao viajar com dinheiro público à Rússia em plena pandemia (prestação de contas ainda não publicadas). No site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ela diz que já gastou R$129.754,00 dos R$150.800,00 recebidos – a maior parte em contabilidade e advocacia.
Entretanto, ela é uma das poucas a enviar os gastos de campanha; apenas ela e o candidato do PV, Ricardo Melenchon já prestaram contas. Ricardo é estreante nas eleições postulando cargo federal. No site do TSE consta que ele já gastou R$35.198,40 dos R$60.100,00 que recebeu; os gastos incluem um criativo marketing de campanha e a mulher.
Já os candidatos Marcelo Ortega, Denilson Ziroldo, Rogério Rodrigues e Samuel Paes não enviaram ao TSE (até dia 20 de setembro) gastos de campanha.
Marcelo disputa pela terceira vez uma vaga no Congresso (já concorreu em 2014 e 2018); já Rogério Rodrigues, Denilson Ziroldo e Samuel Paes são estreantes na disputa federal assim como Ricardo Melenchon.
A candidata a estadual Elisandra Silvestre publicou seus gastos; usou R$5.450,00 dos R$31.374,52 recebidos (até 20 de setembro); grande parte em impressos.
Em relação a lista de bens obrigatória, as candidatas Carla e Elisandra não publicaram (ou o TSE não colocou no site, como alegaram alguns candidatos na última eleição). Denilson Ziroldo é entre todos os candidatos o que possui maior patrimônio, avaliado em mais de 452 mil reais, seguido por Rogério Rodrigues (240 mil), Samuel Paes (91 mil), Marcelo Ortega (63 mil) e por último, Ricardo Melenchon (500 reais).
Independente de patrimônios, todos tiveram candidaturas deferidas e portanto, são fichas limpa.
Apesar do latente desinteresse do eleitorado, o in Foco decidiu abrir espaço gratuitamente a todos os candidatos da cidade, para que suas propostas sejam conhecidas. Por questões ideológicas o in Foco não publica ‘santinhos’ ou usufrui do dinheiro público de campanhas; contudo, o trabalho de levar informação e conhecimento vem em primeiro lugar.
Seguindo o principio da equidade, oferecemos a cada candidato o mesmo espaço, pautando inclusive número de linhas em cada pergunta. Por isso, há alguns trechos em que no final da resposta aparece (cortado) – o que significa que o texto não seguiu as regras e foi cortado.
A disposição das entrevistas seguiu ordem alfabética, quebrada apenas pela candidata Elisandra Silvestre, que é a única na disputa estadual; daí, foi colocada separadamente.
Lamentavelmente, o candidato Samuel Paes (Progressistas) sequer retornou à redação, num total descaso – atitude que inevitavelmente já revela o perfil político que ele possa ter. Por isso, como foi deixado claro a todos os candidatos inclusive, o espaço do dito candidato tem interrogações e não respostas.
Publicaremos separadamente as propostas e respostas de cada candidato.