O menino que sobreviveu ao acidente de carro que matou a mãe, a avó e o irmão mais novo dele, em Itapeva (SP), comemorou o aniversário de 12 anos nesta semana, dias depois de receber alta do hospital.
Segundo a tia, depois do acidente, Kauan Banruk Alves dos Santos ficou internado na UTI de um hospital em Sorocaba e passou por uma cirurgia na cabeça. Após quase 10 dias internado, ele recebeu alta e está em recuperação na casa dela.
“Ele não ficou com nenhuma sequela, graças a Deus. Na quinta-feira acho que ele já retira os pontos. O olho está ‘inchadinho’ ainda, mas vai desinchar aos poucos. E ele não está tendo dor”, conta Laís Santiago.
De acordo com a Polícia Rodoviária, Kauan estava dentro do carro que invadiu a pista contrária e bateu de frente com um caminhão na Rodovia Francisco Alves Negrão (SP-258), na noite do dia 22 de janeiro.
A mãe dele, Daiane Santiago Banruk, de 28 anos, e o irmão Luan Henrique Banruk Alves dos Santos, de 8, não resistiram aos ferimentos e morreram no acidente. Além da jovem e os filhos, no carro também estavam a avó paterna das crianças, Roseli Alves, de 52 anos, e o marido dela, que dirigia o carro. Roseli também morreu no acidente, e o homem de 46 anos seguia internado na Santa Casa de Itapeva até esta segunda-feira (7), em estado grave.
Ao g1, Laís contou que a irmã Daiane estava preparando uma festa de aniversário para os filhos antes da batida. Luan tinha feito 8 anos alguns dias antes do acidente e Kauan completou 12 anos nesta segunda (7).
“Minha irmã tinha alugado uma chácara para fazer o aniversário dos meninos no dia 30 porque eles queriam uma festa com piscina. Já estava vendo bolo, salgado. Ela estava muito feliz nos últimos dias. Tinha ganhado uma casinha da Caixa, montou o quarto deles. Estava em uma fase tão boa, não dá para entender”, afirma Laís.
Apesar disso, a festa de Kauan foi substituída por um bolo na casa da tia, em Sorocaba. A família fez um churrasco e o menino foi presenteado com um celular, roupas e um videogame, que os parentes fizeram uma “vaquinha” para comprar.
“Ele está bem tranquilo. Gosta de comer bastante doce, chocolate, então está numa vida de príncipe aqui”, brinca a tia. Laís explicou que, depois da recuperação, Kauan vai ficar sob os cuidados da avó materna e também do pai. Na época em que o menino estava internado, os dois chegaram a fazer postagens nas redes sociais pedindo orações .
Segundo a tia, o menino não se lembrava do acidente quando acordou no hospital e pensava que tinha caído de uma escada. No dia em que recebeu alta, Laís disse que o sobrinho foi informado pela psicóloga do hospital sobre o acidente e a morte da mãe, irmão e avó.
“Contaram para ele no mesmo dia da alta. Chorou bastante lá, mas ele está forte. Falei que agora ele tem que cuidar da avó e que todos nós vamos cuidar dele.”
Acidente
Segundo a família, no dia em que sofreram o acidente em Itapeva, Luan e Kauan estavam a caminho da casa da avó paterna, que tinha ido buscá-los com o marido para eles nadarem na piscina. A mãe das crianças também estava no carro porque tinha pedido carona aos ex-sogros até a casa de uma amiga.
“Eles estavam indo nadar na casa da avó. Iam dormir lá no sábado e aproveitar o domingo, porque estava muito calor e os meninos queriam aproveitar a piscina”, conta Laís Santiago.
Segundo a Polícia Rodoviária, durante o percurso, o carro invadiu a pista contrária e bateu de frente com um caminhão. O motorista do carro, marido da avó das crianças, teve a prisão em flagrante decretada por embriaguez ao volante.
Motorista embriagado
Laís contou que a família tinha uma boa relação com os avós paternos dos meninos, mas que soube que o motorista tinha passado o sábado na piscina, ingerindo bebidas alcoólicas, antes de buscar as crianças.
“Temos um sentimento de raiva por ele estar bêbado. A gente sempre fala que bebida não combina com volante. Mas na realidade ele é uma pessoa muito boa e gostava muito dos meninos. O erro dele foi ter bebido e ido buscar os meninos naquela hora. Podia buscar no domingo sem estar bêbado, mas acho que ele ficou com dó porque os meninos pediram para ir lá”, conta.
Conforme o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), no dia seguinte ao acidente, em 23 de janeiro, foi concedida liberdade provisória ao motorista, mas ele teve a habilitação para dirigir suspensa.
O TJ também determinou que ele compareça aos atos do processo quando for intimado, não frequente bares, não deixe a cidade onde mora por mais de oito dias ou mude de endereço sem autorização da Justiça. Ele também deve cumprir o recolhimento domiciliar noturno, das 19h às 6h.
Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso está sendo investigado por meio de inquérito policial, que ainda não foi concluído.
(Fonte e foto G1)