Como noticiado hoje pelo in Foco, a empresa Hera Serviços Médicos Ltda, ligada ao Grupo Hygea, deve assinar – ao que tudo indica – contrato com a prefeitura municipal para coordenar o atendimento médico Pronto Socorro de Avaré, que atende a região de 16 cidades vizinhas e já tem sofrido com a enorme demanda para poucos profissionais.
Inicialmente, ao que parece, a empresa pretende reduzir ainda mais o número de médicos plantonistas, o que pode gerar colapso caso isso seja realmente confirmado. O contrato a ser assinado vale por um ano e é no valor de R$ 6.429.891,72, o que daria mais de meio milhão por mês e cerca de 18 mil mensais. Entretanto segundo alguns profissionais da saúde local esse não seria o único problema.
A empresa Hera, sediada em Curitiba é uma das três citadas em investigações sobre desvio de recursos públicos destinados ao combate à pandemia do novo coronavírus no Rio de Janeiro.
Uma reportagem publicada nesta quinta-feira (2) pela Gazeta do Povo aborda o assunto. Segundo a matéria, os inquéritos são conduzidos pelo Ministério Público Federal (MPF), pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ), pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com investigações conduzidas pelo braço fluminense da força-tarefa Lava Jato, um dos esquemas envolveria a organização social (OS) Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), contratada por R$ 835 milhões pelo estado do Rio para implantação e administração de sete hospitais de campanha, além de servidores públicos, incluindo conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e deputados estaduais.
A organização subcontratou duas empresas de Curitiba e, de acordo com o inquérito, estaria sendo usada para desviar recursos. A fraude, ainda conforme as investigações, seria liderada pelo empresário Mário Peixoto,outro nome importante no suposto esquema é o de Alessandro Duarte, que, segundo o MPF, seria um dos principais operadores financeiros de Peixoto.
Com a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telemático e telefônico de ambos, os investigadores localizaram um e-mail na caixa de entrada de Duarte, com uma planilha intitulada “Análise para o Alessandro final.xlsx”. O documento traz em detalhes valores de compras de equipamentos, além de um cronograma físico dos sete hospitais de campanha previstos para serem instalados no Rio.
“Documentos esses que normalmente são manuseados por administradores ou diretores da empresa”, afirma o juiz federal Marcelo Bretas no despacho que autorizou buscas e apreensões em endereços relacionados aos empresários na chamada Operação Favorito, deflagrada no último dia 14 de maio.
A planilha menciona a empresa curitibana Hera Serviços Médicos e, ao lado do nome da empresa, um valor de R$ 133.463.904,00, que seria referente à contratação e pagamento da folha de médicos. A matéria frisa que não há indícios da participação das empresas no esquema.
Procuradas pela reportagem da Gazeta, a Hera e a GD9 encaminharam notas nas quais confirmam terem sido contratadas pelo Iabas, porém a valores inferiores. Ambas ressaltam ainda a inexistência de investigação contra elas e negam qualquer relação com o empresário Mário Peixoto.
A Hera tem escritório no bairro Água Verde e faz parte do Grupo Hygea. Em nota, a empresa frisou que:
No início deste mês de maio, a imprensa nacional divulgou notícias relacionadas às investigações da Força-Tarefa da Lava Jato (Ministério Público Federal) acerca de ações de agentes públicos em contratos relacionados ao combate a pandemia da COVID-19 no Estado do Rio de Janeiro. Nessas notícias, aventou-se que o IABAS teria alguma participação em irregularidades, o que foi rechaçado pelos representantes da Organização Social.
Partindo dessas primeiras notícias, precipitadamente, alguns órgãos de imprensa noticiaram o possível envolvimento das empresas HERA, Hygea, Prohelth, Atmed e Atena na referida investigação, assim como seus sócios Drs. Thiago Gayer Madureira, Guilherme Gayer Madureira e Larissa Gayer Madureira, sem qualquer compromisso com a verdade ou respeito à imagem, honra e reputação alheias, imputando-lhes “participação no esquema”, desprovidos de respaldo minimamente razoável que fosse, além da mera prestação de serviços médicos em prol da população fluminense.
Oportuno destacar, a bem do esclarecimento público e da necessária retomada da verdade dos fatos, que a decisão do Min. Benedito Gonçalves (STJ) no processo nº 5010476-42.2020.4.02.5101, que trata das investigações em questão, não faz absolutamente qualquer insinuação de ilícitos ou irregularidades na contratação da HERA. Há apenas uma brevíssima menção à existência desse contrato, sem suscitar qualquer conduta fraudulenta ou espúria a seu respeito que possa, em tese, ter sido praticada por agentes públicos a serviço do Estado do Rio de Janeiro.
A planilha de valores que circulou no noticiário indicava os limites de gastos previstos para a contratação de fornecedores pelo IABAS, dentre eles a HERA, que viria a prestar os serviços médicos. Mas os valores lá citados foram orçados com base em um cenário inicial de 1.400 leitos de UTI, mas cujo escopo foi modificado e reduzido por ocasião da efetiva contratação.
A capa dos referidos autos n° 5010476-42.2020.4.02.5101 já indica que nem a HERA tampouco qualquer dos outros citados nas referidas publicações sequer são investigadas pelo Ministério Público Federal e muito menos são alvo de pedido de medidas cautelares ou estão arrolados entre os acusados.
Planilha encontrada em e-mail interceptado pelo MPF-RJ| Reprodução
Outra reportagem do Sindicato dos Servidores de Curituba, confirma que além da investigação encabeçada pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE), as empresas de Thiago Madureira são investigadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) em um enorme escândalo de corrupção: a Hera Serviços Médicos e a Hygea, a mesma que já prestou serviços em Curitiba. Roberto Bertoldo, ex-sogro de Pier Petruzzielo, também está envolvido.
Fontes abaixo
https://www.gazetadopovo.com.br/parana/empresas-curtiba-desvio-dinheiro-saude-rio-de-janeiro/