Atualmente, o Brasil enfrenta a pior crise hídrica dos últimos 91 anos. Os reservatórios continuam baixando e no Sudeste e Centro-Oeste, que concentram 70% de toda a água do país, o nível médio dos reservatórios é inferior a 20%. Para funcionar, reservatórios de água de usinas hidrelétricas devem operar com, pelo menos, 10% da sua capacidade. O período úmido, de dezembro a fevereiro, não deve ajudar muito.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico prevê que em abril o nível de reservatórios pode ir a 24%, pior marca para o mês desde o início da série histórica, que começou em 2000. Dados mais recentes do Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS) mostram que os níveis de armazenamento do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO) podem chegar a uma média de apenas 12,6% de sua capacidade total até o fim de setembro.
Por isso, especialistas alertam para o risco de apagões e racionamento de energia nos próximos meses. Numa matéria da CNN, especialistas e professores apontaram que o Brasil tem ‘grande chance’ de registrar apagões elétricos nos próximos dois meses, entre outubro e novembro de 2021, por conta da pior escassez hídrica.
Para o ex-presidente da Eletropaulo e professor da USP Paulo Roberto Feldmann, a realização do racionamento elétrico será necessário nos próximos dois meses para reduzir os problemas hídricos no Brasil.
“Os próximos dois meses são os mais críticos, o problema é muito próximo. A seca não deve passar tão rápido, tudo vai depender da quantidade de chuva. Mas a realidade é que em outubro e novembro são os períodos com a maior chance de ter racionamento de luz no Brasil, acho que vai acontecer”, apontou. Paulo Roberto Feldmann detalhou à CNN, o modelo de racionamento que pode ser adotado no país e ressaltou que brasileiros de determinadas regiões podem ficar até 2 horas por dia sem energia elétrica.
“Não podemos afirmar quanto tempo as pessoas vão ficar sem luz. Mas o racionamento não deve ultrapassar uma hora. Pode ir de até alguns minutos até duas horas. Tudo depende também da extensão. Se o Brasil inteiro passar por racionamento, precisamos de poucos momentos para gerar uma boa economia”, explicou.
O pesquisador e especialista em energia elétrica da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Diogo Lisbona também garantiu que os próximos dois meses serão os mais críticos da crise energética, já que, a partir de dezembro, o nível de chuvas deve aumentar no Brasil.
“Com a chegada do verão, nós entramos no período úmido. Ou seja, mesmo que o consumo elétrico das pessoas seja maior, as hidrelétricas voltam a ficar abastecidas.
Atualmente, estamos no período seco, o volume de chuva é muito pequeno. Fora isso, o que chove está abaixo da média. Nesse período do ano, nós realmente temos o costume de usar as reservas energéticas, mas não com tanta frequência como neste ano”, disse.
Vale lembrar que em boa parte do Estado de SP, vários municípios já sofrem racionamento de água.
(Fontes CNN, BBC e Poder360)