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Um olhar atento do(a) leitor(a) vai notar o laço amarelo em nossa logomarca. É uma alusão ao movimento Setembro Amarelo, mês mundial de prevenção do suicídio iniciado em 2015, que visa sensibilizar e conscientizar a população sobre a questão.  A campanha foi criada com o intuito de informar as pessoas sobre o suicídio, uma prática que normalmente é motivada pela depressão e que mesmo com tantos casos notórios, crescentes a cada ano, ainda existe uma expressiva barreira para falar sobre o problema.

A cor amarela é usada para representar o mês da prevenção do suicídio por causa de Dale Emme e Darlene Emme. O casal foi o início do programa de prevenção de suicídio “fita amarela”, ou “Yellow Ribbon” em inglês. Em 1994, Mike Emme, filho do casal, com apenas 17, se matou. Mike era conhecido por sua personalidade caridosa e por sua habilidade mecânica. Restaurou um Mustang 68 e o pintou de amarelo. Mike amava aquele carro e por causa dele começou a ser conhecido como “Mustang Mike”.

Entretanto, infelizmente, aqueles próximos de Mike não viram os sinais e o fim da vida do garoto chegou. No dia do funeral dele, uma cesta de cartões com fitas amarelas presas a eles estava disponível para quem quisesse pegá-los. Os 500 cartões e fitas foram feitos pelos amigos de Mike e possuíam uma mensagem: Se você precisar, peça ajuda.

Os cartões se espalharam pelos Estados Unidos. Em poucas semanas começaram a aparecer ligações. Um professor de outro estado havia recebido um dos cartões de uma aluna, pedindo por ajuda. Diversas cartas chegavam de adolescentes buscando ajuda. Assim, a fita amarela foi escolhida como símbolo do programa que incentiva aqueles que têm pensamentos suicidas a buscar ajuda.

Assim como Mike, o suicídio entre os jovens vem crescendo assustadoramente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o suicídio como a segunda principal causa de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. Só no Brasil, mais de 30 suicídios são registrados diariamente – uma média de uma morte a cada 45 minutos, algo realmente alarmante. Outro dado assustador é que no país, os casos aumentaram 65% entre pessoas com idade de 10 a 14 anos, e 45% na faixa de 15 a 19 anos, de 2000 a 2015.

Contudo, falar sobre o assunto com o intuito de propagar ajuda é uma coisa; outra, é a mídia propagar os casos. Suicídio não é notícia. Isso está em livros de jornalismo. O motivo é o medo de causar o chamado “Efeito Werther”. Este fenômeno ganhou seu nome do livro “Os sofrimentos do jovem Werther”, livro do autor alemão Johan Wolfgang von Goethe, publicado em 1774. No final do livro, que possui um tom depressivo, o jovem Werther se suicida, o que levou a uma suposta onda de suicídios nos jovens europeus da época. O efeito Werther foi comprovado cientificamente e é chamado de “suicídio por imitação”. Suicídios se tornam mais comuns quando divulgados pela mídia. Por exemplo, após as mortes por suicídio de Marilyn Monroe, em 1962, e de Kurt Cobain, em 1994, as taxas de suicídio americanas tiveram aumentos notáveis. É por isso que a Organização Mundial da Saúde desaconselha que a mídia exponha métodos ou processos de suicídio: para evitar que esta exposição incentive outras mortes.

Entretanto, os suicídios não são causados pela notícia ou pelo vídeo. As pessoas que se mataram ao ver esse tipo de coisa já tinham tendências antes de assistir e se encontravam no grupo de risco. Pessoas com depressão, pensamentos suicidas, esquizofrenia ou diversas outras doenças mentais não tratadas são vulneráveis ao efeito Werther. Assim, falar sobre o assunto é extremamente importante justamente para que possamos reduzir o número de pessoas vulneráveis. Para que possamos evitar suicídios, o diálogo é o primeiro passo. Conversar, trazer o assunto à tona e fazer com que essas pessoas saibam que não estão sozinhas e que existem meios de tratar estas doenças.

 

A busca pelo fim da dor

O suicídio é sempre é um acontecimento complexo. A pessoa não tem como objetivo a morte, mas sim o fim do sofrimento pelo qual está passando e o único jeito que enxerga no momento para chegar nisso é através da morte. Este sofrimento pode ter várias naturezas: culpa, remorso, depressão, ansiedade, medo, humilhação, entre outros. Se você estiver pensando em tirar sua própria vida, saiba que não está sozinho e que existem formas de superar o sofrimento.  Em geral, suicídios são planejados e as pessoas dão sinais. Elas avisam e pedem por ajuda de maneiras conscientes e inconscientes. Reconhecer estes sinais e ofertar apoio pode prevenir uma tentativa e começar um caminho de superação do sofrimento.

Fatores de risco – Existem certos fatores de risco que aumentam as chances de alguém apresentar pensamentos e tentativas suicidas. São eles: tentativas anteriores; abuso de substâncias; ter entre 15 e 35 anos ou mais de 75 anos; histórico de suicídio familiar; falta de vínculos sociais e familiares; doenças terminais ou incapacitantes; desemprego; declínio social; divórcio; estresse continuado, entre outros. Também são considerados fatores de risco, problemas financeiros e transtornos mentais, como a bipolaridade.

Homens se matam mais, mas mulheres tentam mais –  O gênero do suicídio é um assunto delicado. A morte por suicídio é 2 vezes mais freqüente em homens do que em mulheres, mas as mulheres tentam 2 vezes mais do que os homens. Isso quer dizer que mulheres são mais afetadas pelo suicídio do que homens, mas os métodos escolhidos pelo sexo masculino são mais letais, o que faz com que eles morram com mais freqüência em decorrência das tentativas apesar de mulheres tentarem mais.

Sinais de alerta –  Existe o mito de que a pessoa com pensamentos suicidas não dá sinais, mas isso não é verdade e aqueles próximos podem perceber. É extremamente raro que um suicídio ocorra sem sinais. Esta lista mostra alguns destes avisos, mas eles não devem ser considerados isoladamente.

Não existe uma maneira certeira de se identificar alguém em uma crise suicida, mas detectar estes avisos pode ser a diferença entre a vida e a morte. Lembre-se de que, especialmente se muitos deles aparecerem ao mesmo tempo, você pode conversar com a pessoa sobre suicídio, o que pode ajudar. Seja compreensivo. Estes indicadores não são ameaças ou chantagens, mas sim avisos: preocupação com a própria morte; comentários e intenções suicidas, isolamento, desfazer-se de objetos e tranquilidade repentina. Nem sempre é fácil saber o que fazer quando alguém próximo revela ter pensamentos suicida, mas saiba que, se isso acontece, esta pessoa está se abrindo para você e isso é um passo importante para a melhora. Escute-a e aconselhe-a a procurar ajuda profissional imediatamente, além de manter o contato.

 

Mitos sobre suicídio

Existem alguns mitos sobre o tema que atrapalham os profissionais de saúde e aumentam os riscos de pessoas com pensamentos suicidas ficarem sem ajuda.

  • Quem ameaça não faz
  • Suicidas não procuram ajuda
  • Sobreviventes de suicídio estão a salvo
  • Não se deve falar de suicídio
  • Não há como impedir
  • Melhora de humor significa desistência de suicídio
  • Quem se suicida é fraco

 

Incentive a pessoa a ligar para o CVV. Basta ligar para o número 188. O atendimento é anônimo e realizado por voluntários que guardam sigilo. Também é possível acessar o chat online, enviar um e-mail ou ir a um dos postos de atendimento físico.

 

(Fontes UOL, Minuto Saudável e CVV)