Um dos efeitos da pandemia na educação foi a perda do conteúdo escolar. Embora seja difícil prever exatamente como o fechamento das escolas vai afetar o desenvolvimento futuro dos estudantes, os economistas Eric Hanushek e Ludger Woessmann, autores de um estudo sobre o tema, estimam que estudantes da educação básica impactados pelos fechamentos podem esperar uma renda 3% menor ao longo de toda sua vida para cada três meses de ensino efetivamente perdido.
O estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que 1,5 bilhão de crianças em 188 países do mundo ficaram fora da escola em ao menos parte do ano passado, e o Brasil está entre os países que fecharam as escolas por mais tempo.
As possíveis perdas econômicas derivam de dificuldades concretas. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com 9,4 mil adolescentes brasileiros, ouvidos entre junho e setembro do ano passado, apontou que 59% diziam ter falta de concentração e 47,8% afirmavam estar entendendo pouco das aulas à distância.
Em dezembro, quando o Instituto Península entrevistou 2,9 mil professores do país, 60% disseram que seus alunos remotos não estavam evoluindo no aprendizado. E 91% acreditavam que isso aumentará a desigualdade educacional entre os alunos mais pobres.
Um terceiro estudo, feito com professores de pré-escola em duas cidades pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal apontou sinais de que crianças de 4 e 5 anos estavam com mais dificuldades de expressão oral e corporal, principalmente as mais vulneráveis, que têm menos oportunidades de pintar, desenhar, recortar e ouvir histórias dentro de casa.