A Polícia Civil relatou à Justiça o inquérito que investiga a morte de Carlos Henrique Santos do Carmo, o menino de 7 anos que foi torturado em Avaré. O padrasto e a mãe da criança foram presos após o crime.
De acordo com o delegado Levon Torossian, responsável pelas investigações, o inquérito foi relatado na sexta-feira (13), mas a polícia ainda aguarda a escuta especializada do irmão da vítima, de 10 anos, para concluir as investigações.
O delegado informou que o padrasto Dione Teixeira dos Reis, de 28 anos, foi indiciado por tortura qualificada pelo evento de morte da vítima. No entanto, disse que ainda irá analisar o depoimento do menor para ver se há elementos para indiciar a mãe Sara Santos da Fonseca, de 29 anos.
Segundo o delegado, a escuta especializada será feita em Botucatu, já que a criança mora com o pai em Pardinho. A Polícia Civil de Botucatu informou que ainda não recebeu uma carta precatória para realizar a escuta, somente uma ligação da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) com um questionamento sobre onde os depoimentos são realizados na cidade.
A partir de agora, conforme Torossian, o Ministério Público vai decidir se oferece denúncia contra o casal, ou somente contra o padrasto.
Crime e investigação
Carlos Henrique foi morto no dia 4 de agosto em Avaré. Segundo a polícia, o menino e o irmão de 10 anos estavam passando as férias na casa da mãe, mas moravam com o pai em Pardinho.
A PM informou que, no dia do crime, uma equipe estava em patrulhamento pela Vila Esperança quando encontrou o Carlos Henrique caído na rua, enquanto uma vizinha e o padrasto tentavam reanimá-lo.
O socorro foi acionado e a criança foi levada para o hospital, mas a PM informou que ela já deu entrada sem vida na unidade. No local, os médicos constataram que o menino tinha muitos machucados pelo corpo, inclusive nas partes íntimas, e levantou-se a suspeita de agressão, segundo a polícia.
De acordo com a Polícia Civil, o irmão de 10 anos da vítima foi encontrado momentos depois, com os dois olhos roxos, queimaduras de cigarro e muitos hematomas. Ele contou que tinha sido torturado pelo padrasto, e o homem foi preso em flagrante.
De acordo com o delegado, a polícia apurou que “a tortura consistiu em esganadura, socos, choques com fios elétricos, e o menor foi submergido em um balde de água no sentido de afogamento”.
Conforme o boletim de ocorrência, os policiais apreenderam dois cabos de energia pretos, um balde vermelho, um par de luvas e um porrete de madeira na casa do suspeito, na zona rural.
No dia do crime, a mãe dos meninos também foi levada à delegacia, mas contou que não tinha conhecimento sobre as agressões e foi liberada. No dia seguinte, ela teve a prisão decretada pela Justiça e também foi detida.
Já o padrasto teve a prisão em flagrante convertida em preventiva, e os dois seguiam presos nesta terça-feira (17). Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Dione está preso na Penitenciária II de Serra Azul e Sara na Penitenciária Feminina de Pirajuí.
À polícia, Dione negou o crime e disse que Carlos Henrique se afogou com pão e leite no café da manhã. Já a mãe contou que estava trabalhando no momento do ocorrido e não sabia das agressões. O G1 não localizou a defesa deles para comentar o caso.
O corpo de Carlos Henrique foi enterrado no Cemitério Municipal de Pardinho um dia depois do crime. Durante o velório, o pai dos meninos pediu justiça e disse que sempre ligava para as crianças quando elas estavam na casa da mãe e que nunca ficou sabendo das agressões.
“Estava passando 15 dias com a mãe lá e aconteceu isso aí. Ligava lá e nunca tinha acontecido nada, não falava nada. Foram me buscar no serviço para falar que o moleque está morto. […] Nada vai trazer meu filho de volta”, desabafou Tiago José do Carmo.
(Fonte G1, Júlia Nunes, G1 Itapetininga e Região)