A cidade de Botucatu (SP) atingiu a meta da vacinação em massa que é parte do estudo inédito feito pela Unesp e universidade de Oxford, em parceria com Ministério da Saúde, para avaliar a efetividade da vacina Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19, inclusive na prevenção às novas cepas do coronavírus.
De acordo com a prefeitura, 90% do público-alvo, cerca de 80 mil pessoas entre 18 e 60 anos, receberam a primeira dose da vacina. O estudo não contempla apenas as mulheres grávidas a partir de 18 anos que não podem receber a vacina da AstraZeneca, segundo orientações da Anvisa.
Com as ações que fazem parte do estudo e a vacinação dos grupos prioritários realizadas anteriormente, 75,5% da população geral de Botucatu, que tem quase 150 mi habitantes, já foi imunizada com a primeira dose contra Covid-19.
No entanto, de acordo com informações da prefeitura, a média de casos da doença na cidade aumentou desde a primeira etapa da imunização do estudo no dia 16 de maio, o que pode demonstrar que as pessoas estão diminuindo os cuidados de prevenção contra o coronavírus.
Segundo a prefeitura, na primeira semana de maio, foram registrados 52 casos por dia da doença no município e, na semana do dia 16 ao dia 22 de maio, esse número aumentou para 92 casos diários.
Diante deste aumento, especialistas alertaram que todos no estudo foram imunizados apenas com a primeira dose e que o isolamento social, uso de máscara e a higienização das mãos com álcool em gel continuam sendo necessários para evitar o aumento de casos da doença.
O infectologista e coordenador da pesquisa, Carlos Magno Fortaleza, falou sobre este avanço e sobre as expectativas em relação a vacinação. “Infelizmente o número de casos está aumentando e nós acreditamos que duas semanas antes da vacinação ouve uma euforia, uma sensação falsa de segurança que fez com que as pessoas se aglomerassem e relaxassem nos cuidados. Então tivemos um aumento dos casos de Covid”, afirma.
O médico também falou sobre a expectativa de melhora nos números com o passar do período para a vacina começar a produzir os anticorpos. “Nossa expectativa é que, após três ou quatro semanas após a vacinação, quando nós começamos a ter anticorpos eficazes nas pessoas, haja uma queda significativa de casos. Isso vai ocorrer em meados de junho.”
Sequenciamento genético
Após receber a vacina, o morador de Botucatu deve assinar um termo para autorizar, em caso positivo de Covid-19 depois da aplicação, os procedimentos para fazer o sequenciamento genético do vírus.
Essa análise do material genético de testes positivos é a principal ferramenta do estudo de efetividade. É com o sequenciamento genético que os cientistas vão descobrir se a vacina consegue reduzir tanto os casos graves da doença quanto a transmissão das variantes.
Para autorizar, é simples e seguro: basta assinar um documento. Esse tipo de termo é comum em pesquisas e foi aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão que monitora e fiscaliza a aplicação de políticas públicas do SUS. O termo garante sigilo dos dados que só vão ser registrados pelos cientistas.
(Fonte G1)