Na verdade a referência acima está errada – propositadamente, claro. O Brasil tem hoje 148,3 milhões de eleitores, dos quais 78,5 milhões são mulheres. Portanto, o correto seria conhecer quem são elas. O perfil do eleitorado brasileiro tem mudado nos últimos anos, com um aumento no número de idosos, mulheres e pessoas com nível superior.
Os eleitores com 60 anos ou mais atualmente somam 30,2 milhões – ou 20,4% do eleitorado neste ano. É uma fatia maior do que nas eleições passadas, quando chegavam a 18,8%. Há 20 anos, os idosos representavam apenas 13,2%. Até março deste ano, a Justiça Eleitoral registrou 148,3 milhões de eleitores. Trata-se de um crescimento de quase 30% em 20 anos.
O voto aos 16 e 17 anos é opcional, mas segundo dados do TSE- Tribunal Superior Eleitoral, após identificar o menor nível de participação de adolescentes no processo eleitoral das últimas três décadas, o tribunal registrou, de janeiro a março deste ano, 1,1 milhão de jovens eleitores. As novas emissões ocorrem em meio a uma campanha de mobilização promovida pela Justiça Eleitoral nas redes sociais. Celebridades como Anitta, Zeca Pagodinho, Whindersson Nunes, Juliette e também internacionais, como o ator norte-americano Mark Ruffalo, participaram do chamamento. De qualquer forma ainda está abaixo eleição passada, quando eram 1,4 milhão. As eleições de 2002 contaram com 2,2 milhões de eleitores nessa faixa etária.
Para o cientista político e analista do TSE Diogo Cruvinel, o interesse recorde dos jovens pelo primeiro título se justifica por alguns fatores. “A Justiça Eleitoral sempre realiza campanhas de conscientização e incentivo ao eleitorado como um todo, em especial aos jovens, por meio da mídia e nas escolas. Neste ano, pela primeira vez, a campanha contou com a adesão espontânea de artistas e influenciadores, que dialogam diretamente com esse eleitorado, o que ajudou a impulsionar esses números”, avalia. “Esse cenário tende a incentivar os jovens a terem um maior engajamento e, por consequência, procuram participar mais ativamente do processo eleitoral. E, para tanto, é necessário ter o título de eleitor. A população tem se conscientizado cada vez mais sobre isso”, analisa. Segundo ele, além disso, vivemos no Brasil um momento de acirramento dos discursos políticos, com uma maior polarização.
Outro dado interessante é que este ano, haverá 24,8 milhões de eleitores com nível superior completo ou incompleto, o equivalente a 16,7% do total. Nas eleições passadas eram apenas 20,9 milhões ou 14,2%. A mudança é ainda mais significativa em comparação com as eleições de 2002, quando apenas 5,3% dos eleitores tinham nível superior. Em contraponto, atualmente há 5,6 milhões de eleitores analfabetos, ou 3,8% do total. Em 2002, os analfabetos chegavam a 7,2% do eleitorado.
A Região Sudeste concentra 63,2 milhões de eleitores ou 42,6% do total. No entanto, a Região Norte é a que mais cresceu nos últimos anos, chegando a 11,8 milhões de eleitores ou 8%. Somente no Pará, o número de eleitores cresceu de 3,6 milhões em 2002 para 5,7 milhões neste ano. O eleitorado do Amapá quase que dobrou, de 290 mil em 2002 para 529 mil neste ano.
As mulheres continuam a ser a maior parte do eleitorado. Nestas eleições, há 78,5 milhões de mulheres com título de eleitor, o que corresponde a 52,9% do eleitorado. Em 2002, as mulheres também eram a maioria, mas representavam apenas 50,9% do eleitorado.
Quando se trata do nível de instrução, as mulheres são a maioria entre os eleitores de nível superior completo: 60,9%, contra 39,1%. Entre os que possuem nível superior incompleto, as mulheres representam 55% do total, enquanto os homens representam 45%. As mulheres também são maioria entre os eleitores com ensino médio completo: 55,4% a 44,6%.
Os homens passam a ser a maioria entre os eleitores com nível médio incompleto (50,8% a 49,2%), ensino fundamental completo (50,4% a 49,6%) e ensino fundamental incompleto (50,7% a 49,3%).
Poucas eleitas – Apesar de ser maioria entre os eleitores (e também entre os eleitores com nível superior e nível médio completo), as mulheres não traduzem essa tendência em termos de participação política. Isso foi comprovado no processo eleitoral mais recente, em 2018, quando apenas uma mulher se elegeu governadora entre as 27 unidades da federação. Foi a ex-senadora Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte.
Em 2018, apenas seis candidatas foram eleitas para o Senado (11,5% do total das 54 vagas disputadas nesse ano). Para a Câmara dos Deputados, foram eleitas 77 deputadas federais (15% do total). Nos estados, elegeram-se 161 deputadas estaduais (15,5%). Esses números são muito inferiores, inclusive, à cota mínima de 30% de candidaturas femininas por partido, que existe desde 1997 (Lei 9.504, de 1997).
O cenário foi o mesmo nas eleições de 2016 para prefeitos e vereadores. Dos 5.570 municípios brasileiros, foram eleitas apenas 636 prefeitas (11,42% do total) e 7.816 vereadoras (cerca de 13,5% do total).
Um dado que chama a atenção é que as mulheres são responsáveis pela imensa maioria das candidaturas que recebem apenas um voto, ou até mesmo nenhum voto. No processo eleitoral de 2016, quase 15 mil candidatas mulheres não receberam um voto sequer, perfazendo quase 90% das candidaturas sem voto. A situação não melhorou em 2018, quando candidaturas femininas foram 87,5% das que não tiveram voto. O quadro se repete entre as candidaturas que receberam apenas um voto. Quase 7 mil candidatas mulheres estiveram nessa situação em 2016 (86,6%). Em 2018, 80% das candidatas obtiveram somente um voto.
Vale lembrar que este ano, o voto feminino completou 9 décadas no Brasil.
Perfil local – No Estado de São Paulo, que tem mais de 33 milhões de eleitores, a maior parte também são mulheres que representam 52,5%. Grande parte é solteira (quase 58%) e o ensino médio completo lidera o perfil de escolaridade representando pouco mais de 25%.
Avaré, segundo dados do TER de 2020, tem 67.361 eleitores (7 com nome social, uma novidade), dos quais 52,7% também são mulheres. A faixa etária que concentra mais eleitores é de 35 a 39 anos. Destes 67 mil eleitores, mais de 32 mil são solteiros (47,8%) e em relação a escolaridade, a maior parte tem o ensino médio completo. Veja abaixo, os dados completos:
Ensino Médio Completo: 19.438 eleitores- 28,86%
Ensino Fundamental Incompleto: 17.055 eleitores -25,32%
Superior Completo: 10.460 eleitores – 15,53%
Ensino Médio Incompleto: 8.721 eleitores – 12,95%
Ensino Fundamental Completo: 3.955 eleitores – 5,87%
Superior Incompleto: 3.552 eleitores- 5,27%
Lê e Escreve: 2.255 eleitores – 3,35%
Analfabeto: 1.925 eleitores – 2,86%
(Fontes TSE, TER, Câmara e Senado)