Um evento inédito e inovador emocionou o público na última sexta-feira, 18, em Avaré: o desfile de moda inclusiva para pessoas com deficiência, o Moda Eficiente, realizado no Centro Cultural Esther Pires Novaes.
Organizado pela Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPD), o desfile contou com mais de 20 modelos e teve apoio da Lunender e de outros lojistas, que confeccionaram roupas sob medida e adaptadas para os modelos.
“O objetivo é dar visibilidade à inclusão da pessoa com deficiência, fomentando o olhar da indústria para a confecção de roupas adaptadas a esta comunidade”, disse a secretaria.
Moda inclusiva é o segmento que visa trazer praticidade, funcionalidade e inclusão. É um meio de representatividade em um mercado marcado por esteriótipos. Propõe uma reflexão comportamental, bem como uma moda influenciada pela diversidade com design inspirado na ótica do Desenho Universal, explica a pasta.
Segundo a organização, 26 empresas locais, dos ramos da confecção têxtil e de beleza, se mobilizaram para produzir as peças de roupas aos participantes.
A secretária da pasta, Josana Souza Carlos, reforçou a importância do desfile inclusivo para quebrar paradigmas sociais.“Fazer eles serem protagonistas na sociedade. É chamar a atenção da indústria que contempla só corpos de pessoas altas, magras e sem nenhum tipo de deficiência. O evento vem para quebrar esse paradigma e mostrar para a indústria que esses corpos também existem.”
Inclusão social
Há 21 anos, a moradora Tarcy Zanlucky foi mais uma vítima da diabetes e acabou ficando cega. “Com 28 perdi a vista direita, que estava complicada. Seis meses depois, perdi a outra”, contou.
Tarcy, que já participou de quatro edições do desfile, ressalta a importância de inserir as pessoas que vivem com deficiência na sociedade.
“Os deficientes visuais acham que perdeu a visão, perdeu tudo. E não é bem assim. Nós conseguimos fazer tudo. Quando somos chamados para sermos inseridos nisso, a ‘visão’ muda. Você sabe que você é capaz. É questão de querer aproveitar o momento. Foi um jeito legal de trazer os deficientes, que geralmente ficam trancados dentro de casa, de uma forma legal”.
Em sua estreia no desfile, Tito Lima de Silva conta que o evento é uma oportunidade para mostrar que sua deficiência visual não o impede de viver ótimas experiências. “Para mim, não apenas o desfile, mas como outros eventos, é uma oportunidade para mostrar que as pessoas [com deficiência] estão vivendo”, comentou.
Desde os seis anos, Tito supera as dificuldades de ter deficiência visual. A cegueira, conta, foi causada por uma retinose pigmentar. Hoje, aos 33 anos, ressalta a importância de se manter firme e superar obstáculos e preconceitos.
“Vai deixar a vida passar no quarto? Não dá. Todos temos os lutos de quando ‘adquirimos’ a doença, mas depois desse luto, precisamos correr atrás dos nossos sonhos”.
“É muito divertido, você está junto de outras pessoas que têm a mesma ou outro tipo de deficiência e que acham que [o desfile] é só pra quem é ‘perfeito’, você pode mostrar que é capaz. A sua deficiência não te impede”, concluiu Tarcy.
(Com informações do G1)