Por onde ele passa é a personificação da alegria e da simpatia. Dono de um carisma único, o poeta sertanejo Carlos Domingos Alonso, tem aos 92 anos, um talento surpreendente (e a memória também!) – talento que emociona a todos e toca a viola e os corações.
Não seria exagero dizer que ele é um dos últimos poetas sertanejos de Avaré e região – poeta de letras e de música – de uma Era realmente “raiz”, como se diz hoje.
Nascido em 21 de dezembro de 1930 em Itatinga, ele veio para Avaré em 1946 juntamente com a família já que o pai era administrador de fazendas. Aqui, o patriarca administrou a fazenda Brabância. Depois a família se mudaria para Bernardino de Campos e Ipaussu. Mas, Carlos apesar de muito jovem quis se aventurar e aos 16 anos foi trabalhar em Sorocaba. Três anos depois acabou retornando para trabalhar como braço direito do então deputado Silvestre Iglesias – época em que por anos, conheceu e viajou por todo o país. Mas na década de 70, decidiu ir para São Paulo, onde trabalhou como motorista particular de diretores de multinacionais e famílias conceituadas na capital, como do Banco Safra. Em 1996 aposentou-se e no ano seguinte comprou um terreno em Avaré, cidade que escolheu como lar. Anos depois com a casa pronta, mudou-se definitivamente para a cidade onde seria um dos precursores da cultura sertaneja, fundando em dezembro de 2001 o famoso Clube da Viola – clube que ele presidiu por 16 anos e que usou para revelar inúmeros talentos, além de promover a valorização da arte regional com poesia e roda de viola. A dupla Tiago Sanches e Tadeu é um dos talentos revelados por Alonso e uma das muitas duplas que ele levou a programas de TV para dar oportunidades a novos artistas que queriam seguir a mesma trilha.
Acha que é pouco? Para ele não. Carlos Alonso ainda é escritor (lançou o livro “Poeta Sertanejo”) e ator (participou do filme ‘Pedaços de ontem’- 2013). Lançou quatro CDs – Valdir e Misael; Carlos Alonso e Misael; Carlos Alonso e Rei da Viola e Tiago Sanches e Tadeu. Também é ativo integrante do Centro Literário Anita de Maria, participou de muitos saraus caipiras e até atuou na encenação da Paixão de Cristo (ele é sensacional, não?)
Toda essa trajetória de vida ele expõe em seus poemas sertanejos com um dom magnífico que encanta a todos. Mas esse dom não veio logo. Embora tenha sempre gostado da moda de viola e crescido num ambiente rural, ele chegou a cantar em programas e sempre escrevia letras de músicas (muitas gravadas por duplas famosas), mas durante sua vida na capital paulista, não tinha tempo para se dedicar ao que para ele, era um hobby.
O Clube da Viola foi um marco para a cultura de Avaré, um legado que até hoje é lembrado com saudades e reverência. Infelizmente, depois que ele deixou o clube – para se dedicar a outros projetos – não houve mais empenho da diretoria e a iniciativa acabou morrendo.
Casado com Leonice Gomes de Araújo – uma mulher linda de alegria contagiante – desde janeiro de 1982, ele passa os dias ao lado da esposa e da filha, Márcia, 37 ( a alegria do casal), em meio aos poemas cuja inspiração não para felizmente. Atualmente ele tem cerca de 200 que ainda não foram publicados. Alguém duvida que este poeta vai nos surpreender ainda mais? Este é um homem que tem história para contar, mas também é um homem que construiu sua própria história, com poema e viola!