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A onda de frio que atinge o Brasil provoca uma corrida aos agasalhos, blusas e cobertores.  Mas também provoca reflexões e solidariedade (e o inverno ainda está prestes a chegar) . A queda nas temperaturas também tem impacto na saúde das pessoas— especialmente nas que vivem nas ruas e estão em alto risco de desenvolver hipotermia, problema que pode afetar os órgãos do corpo e levar à morte. Mas não é só isso: o coração e até as extremidades do nosso corpo também sofrem com a perda acentuada de calor.

Mas, dá para morrer de frio mesmo? Infelizmente, sim. Quando somos expostos a temperaturas muito baixas, nosso corpo apresenta uma queda na temperatura, que normalmente varia entre 36 e 37ºC, para valores abaixo de 35°C – um quadro chamado de hipotermia. A hipotermia normalmente ocorre quando existe a exposição a frios extremos, podendo apresentar tanto sintomas leves – frio nos pés e nas mãos ou tremores, por exemplo -quanto outros mais graves, como confusão mental e até a morte.

De acordo com Edmo Atique Gabriel, especialista em cirurgia cardiovascular, o problema reduz o fluxo sanguíneo para todos os órgãos do corpo, fazendo com que as reações químicas fiquem mais lentas. O metabolismo cai e a redução de sangue compromete toda a saúde cardiovascular — aumentando o risco para infarto e AVC.

Quem tem problemas do coração tem mais risco. De acordo com Paulo Chaccur, diretor de cirurgia cardiovascular no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, abaixo de 15 graus o organismo precisa acelerar o metabolismo e trabalhar mais para manter o equilíbrio térmico, sobrecarregando o sistema cardiovascular — que já enfrenta o estreitamento dos vasos sanguíneos (um fenômeno chamado de vasoconstrição) causado pela exposição ao frio. Essa contração excessiva acaba reduzindo o fluxo sanguíneo, aumentando o risco de infarto agudo do miocárdio. Em pessoas que já possuem problemas cardiovasculares, como hipertensão arterial, arritmias cardíacas, diabetes e dislipidemias, esse risco se torna ainda maior.

 

Vou ficar resfriado se ‘pegar friagem’?

Apesar de não haver evidências de que exista associação entre a tal da “friagem” e o resfriado, as pessoas realmente ficam mais doentes no inverno. A explicação seria porque os vírus estão mais ativos nessa época do ano e as pessoas tendem a ficar mais tempo em ambientes fechados, facilitando a transmissão de microrganismos.

Além disso, o frio pode provocar alergias e facilitar infecções. Quando a temperatura cai, geralmente o ar fica mais seco, o que resseca as mucosas do aparelho respiratório. Isso compromete a produção de secreções com anticorpos para a defesa do organismo, favorecendo o aparecimento de doenças respiratórias.

Aquele conselho de mãe para não esquecer o casaco também não tem muito a ver com gripes e resfriados. Porém, apesar de o moletom não impedir a doença, o choque térmico – do seu corpo quente com a temperatura fria do ar — faz com que o organismo aumente a produção de energia para deixar o organismo sempre na mesma temperatura. Isso provoca uma queda de imunidade que facilita o contágio de doenças.

Vale reforçar que o inverno no Brasil não significa só queda nas temperaturas, mas também tempo seco e aumento de poluição, cenário que deixa o organismo mais suscetível às doenças virais e respiratórias, como a gripe (provocada pelo vírus Influenza) e a covid-19. Por isso, a vacinação contra as duas doenças é fundamental especialmente nesta época do ano, evitando internações e mortes provocadas pelos patógenos.