Quem não engordou na pandemia merece um Oscar! Quem não? rs Uma pesquisa da Diet & Health Under Covid-19, realizada em 30 países, revelou que os brasileiros foram os que ganharam mais peso na pandemia. Entre os que participaram da pesquisa, 52% dizem ter engordado. Enquanto a população dos demais países teve um aumento médio de 6,1 quilos, os brasileiros relataram ter aumentado 6,5 quilos em média.
Em outra pesquisa, 43% da população brasileira diz ter engordado durante a pandemia do novo coronavírus. Os que perderam peso foram só 9%, enquanto 44% mantiveram a condição física. A explicação é óbvia; há mais de um ano, Estados e municípios adotaram (e adotam) medidas para conter a disseminação da covid-19. Comércios, bares e restaurantes foram fechados ou tiveram seus horários de funcionamento alterados em todo o Brasil.
Nenhum “psicológico” estava preparado para a pandemia; de uma hora para outra, a rotina e o cenário mudaram completamente para muitas famílias mundo afora. Passou-se a ver, então, a casa como o principal cenário da vida humana. O conforto passou a ser prioridade em tudo, nos móveis, nas roupas e também na comida. “Além de não precisar se expor, por estar em casa de pijama, roupas largas, as pessoas começaram a buscar maior prazer na comida, como uma compensação por tudo o que estavam perdendo. Não faço julgamento de valores, pois a situação foi extremamente atípica para todos nós. Porém, passado este período inicial, era necessário se adaptar”, acredita o nutricionista Carlos Henrique Morales.
E, o que já era uma tendência no mercado, o delivery (entrega em domicílio) passou a ser um serviço essencial. Restaurantes e empreendedores do setor de alimentação, que antes só faziam vendas para consumo local, por uma questão de sobrevivência, aderiram ao novo formato, oferecendo comodidade e facilidade para a aquisição de comidas já prontas. Para o nutricionista, as facilidades do dia a dia, como aplicativos de entrega, contribuem significativamente com o ganho de peso. Geralmente são ofertadas comida com maior apelo no prazer imediato, como carboidratos refinados e gorduras saturadas, sendo a pedida “certa” para quem está com baixa emocional e com preguiça de ir para cozinha.
Além da alimentação, um outro fator que contribuiu para o aumento de peso foi a diminuição da prática de exercícios físicos. Num primeiro momento, a insegurança e o medo fizeram com que todos ficassem trancados em casa. Com adoção do uso das máscaras e a liberação de funcionamento de alguns setores, as pessoas começaram a se sentir mais seguras para sair e até para fazer atividades físicas ao ar livre. Mas, as academias foram um dos segmentos mais afetados com o abre-e-fecha. Com isso, a prática de exercícios foi afetada. Uma das alternativas foi a oferta de treinos online por meio de aplicativos, mas essa modalidade atinge apenas entre 1% e 2% dos clientes das academias.
Além da obesidade, muitas doenças crônicas, como a hipertensão arterial sistêmica, o diabetes e doenças respiratórias são fatores de risco em caso de ser acometido pela Covid-19. E a prática de atividade física é fundamental para prevenção dessas doenças, além de auxiliar na manutenção de taxas em níveis melhores, quando já se tem essas comorbidades. A prática de atividades físicas também reduz a chance de desenvolver depressão, ansiedade e diminui os níveis de estresse.
Por que a ansiedade contribui para o aumento de peso?
Insegurança e incerteza sobre o futuro, medo de se pegar a Covid-19 e infectar parentes e amigos, viver sem uma rotina e pior, sem prazo para tudo isso acabar, viver o luto por perder parentes e amigos queridos. Tudo isso pode levar a um quadro de ansiedade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil já era o país com a maior taxa de pessoas com transtorno de ansiedade no mundo, e o quinto em casos de depressão, antes mesmo da pandemia. “Pessoas com essas patologias, muitas vezes recorrem à comida como forma de “fuga”, escolhendo alimentos com altos níveis de carboidratos e açúcar, consumindo muito café, álcool e tabaco, logo, o aumento de peso é inevitável”, observa a psicóloga Mariana Nidecker .
Desde o ano passado com o início da pandemia, o nível de ansiedade entre os brasileiros aumentou. Afinal, o isolamento social, a falta de contato com outras pessoas e as mortes diárias parecem, realmente, não ter fim. Por isso, pensamentos desesperançosos e negativos começaram a fazer parte do dia a dia de muitas pessoas. Inclusive, muitas delas conheceram a “ansiedade”, em sua forma mais intensa, pela primeira vez. Outra preocupação é a obesidade infantil já era uma questão alarmante antes da pandemia. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019, entre as crianças atendidas pelo programa de Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), 7% dos menores de 5 anos e 13,2% das crianças entre 5 e 9 anos, apresentavam obesidade. E, com o isolamento social, crianças e jovens estão entre os mais afetados pelo ganhou de peso.
Engordei, e agora? Como reverter? – Um ano passou e a expectativa de sair desse cenário foi frustrada muitas vezes, devido ao aumento do número de casos da Covid-19 e ao surgimento de novas cepas, e muitas pessoas estão esperando voltar à “normalidade” para dar o primeiro passo para ter uma alimentação balanceada e para começar a praticar exercícios físicos. Mas, o nutricionista Carlos Henrique adverte que o primeiro passo para reverter esta situação do ganho de peso, é a aceitação do momento que vivemos. “É necessário se adequar a realidade atual, às circunstâncias atuais e não ficar esperando melhorar, para começar a ter hábitos alimentares saudáveis e prática regular de esportes”, explica ele. Para tanto, é preciso estabelecer uma nova rotina. Para o nutricionista é importante ter horários específicos para cada atividade, assim fica mais fácil cumprir as metas estabelecidas. O equilíbrio também é importante para adesão a um estilo de vida saudável. “É sabido sim que a comida mais calórica e a bebida podem fazer parte de uma vida saudável, mas com equilíbrio. Quando o consumo é além da dose, há muitos efeitos colaterais indesejados entre eles, o ganho de peso. Cortar o ciclo, sem radicalismo, mas sabendo o momento certo de encaixar estes prazeres se faz necessário”, esclarece ele. A prática de atividades físicas é fundamental nesse processo. O educador físico Raphael Corrêa alerta sobre a importância de ter um profissional para instruir na prática para não se lesionar ou adquirir problemas no corpo. “Mas, quem não tem condições, pode optar por exercícios de baixo impacto, como as caminhadas ao ar livre ou atividades já feitas no dia a dia, como optar por escadas, em vez de elevadores”, explica ele.
(Fontes A Voz da Serra, Poder360 e Grupo Bandeirantes)