Curta-metragem mostra mais uma das facetas do Holocausto
Se existe um lugar de castigo pós-morte pior que o inferno, certamente é lá que Hitler está, pois as atrocidades cometidas pelos nazistas no Holocausto são tantas e tão abomináveis que é muito difícil imaginar qual sentença seria a mais justa.
A filosofia Nazista pregava que o povo alemão era a raça ariana superior a todas outras, e que o povo judeu era inferior e por isso deveria ser dizimado da face da terra. Só que entre os próprios alemães existiam pessoas “inferiores”, com deficiências físicas ou mentais e necessidades especiais, e por isso custariam mais para serem mantidas pelo governo alemão, daí foi criado o programa Aktion T4 para resolver esse inconveniente. Tal programa servia para eugenizar a raça alemã, e através dele foram assassinados (“eutanásia” segundo os higienistas raciais) 400 mil deficientes por medicação, fome ou nas câmaras de gás, e 300 mil foram esterilizados pra que não gerassem filhos iguais a eles.
Em “Perdoai-nos as Nossas Ofensas”, curta dirigido por Ashley Eakin, conhecemos um período dramático da vida do garoto Peter, que não tem parte de um braço e por isso não é tolerado pelo sistema. Sua mãe é professora e tem que ensinar ao próprio filho que deficientes custam muito mais para governo nazista e por isso são descartáveis. Os poucos minutos iniciais numa cena na sala de aula resumem os absurdos pregados pelo regime nazista e a resiliência do garoto naquele meio hostil. Um dia os oficiais batem à porta deles e na fuga uma reviravolta acontece. A ação é rápida, mas eficaz com tensão e diálogos incisivos “Nenhum cálculo pode medir o valor de uma vida”, e o final, apesar de aberto, é catártico.
Um curta-metragem pequeno no tamanho, mas gigante em emoção e reflexões, pois o preconceito contra pessoas especiais só recentemente deixou de ser um tabu e começou a ser tratado abertamente pela sociedade e pela mídia. Hoje se discute e exige o acesso tanto físico quanto intelectual de qualquer pessoa portadora de deficiência, felizmente a inclusão é a regra e não mais a exceção. No entanto, apesar de toda essa transparência, sabemos que muita gente pensa o contrário ainda que veladamente e queria que a discriminação fosse tolerada. O ser humano costuma ser vil com o seu semelhante, assim leis e regras morais precisam existir para conter a maldade.
Peter simboliza todos os deficientes que por sorte sobreviveram ao extermínio nazista, e todos os que estão aqui para reivindicar seu lugar e direitos no mundo. O Holocausto é uma das mazelas mais terríveis da humanidade, – que deve ser sempre lembrado seja através de que olhar for -, para que então nunca mais se repita.