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Você já parou pra pensar se vivencia a energia da felicidade a qualquer custo? Está triste, mas entende que socialmente precisa demonstrar alegria e gratidão a fatos ocorridos em sua vida que te desagradam ou desagradaram?

Relatou com pesar a perda do emprego ao amigo ou familiar e o que disseram foi algo como: “mas pelo menos” você pode encontrar outro… ou, “é só você pensar positivo” que o emprego vem, o relacionamento melhora, o dinheiro caminha até sua carteira ou hospeda-se em sua conta bancária e, magicamente, sua vida está resolvida. Ahh… doce ilusão!!!! E como as pessoas adoram se iludir…

Quanta escuta efetiva você está tendo nas suas relações interpessoais? Quanto estão validando e se importando com o que você sente de fato?

A verdade é que viver em sociedade está cada vez mais enigmático. Difícil entender certos comportamentos vistos hoje em dia. Será a negação da vida como ela é? Com seus encantos e desencantos, sabores e dissabores? Se acessarmos as redes sociais é possível entender a que me refiro. Já viu alguém infeliz no tik tok? As dancinhas estão cada vez mais em alta, ridicularizando situações e infantilizando adultos. No instagram há até mantras de famosos para atingir a prosperidade, de modo a persuadir o seguidor. Já no linkedin, todos estão com as melhores práticas profissionais e satisfeitos com seus trabalhos, ainda que sejam estressantes. Mas quem precisa saber?! Porém, há um fato comum a todos que são adeptos a esses modismos: a alienação.

Uma informação tenho a acrescentar, como psicóloga e crítica a modismos sociais: Olhar e entender a vida somente pelo prisma da positividade é destrutivo. E você percebe aí um contrassenso nessas palavras que utilizei e pode até pensar: ahhh Bebel, como assim positividade está ligada à destruição? Pois é isso mesmo. Se for exagerada e desconexa com situações vivenciadas ela se torna destrutiva, proporcionando gatilhos para o desenvolvimento de transtornos mentais, como por exemplo, a depressão.

A essa altura você leitor(a) já deve ter percebido que estamos diante de um assunto extremamente sério e que precisa ser conversado, que diz respeito à POSITIVIDADE TÓXICA. Coloquei em letras garrafais para que entenda a importância em discutir e refletir sobre a problemática do tema.

Se você respondeu sim para as perguntas realizadas no início deste artigo, então, provavelmente, já aderiu a tal positividade tóxica. Como uma onda ou reação em cadeia, nos deparamos quase que maciçamente com pessoas a nossa volta dizendo que não devemos ficar tristes por situações ruins que vivenciamos. É claro que não vou aqui fazer banalização da tristeza. Porém, é importante que, enquanto indivíduos sociais, necessitamos entender e nos relacionarmos com o universo do outro e, para tanto, se faz necessário a compreensão dos sentimentos daquilo que é vivenciado por cada um. Caso contrário viveremos em uma bolha social, acreditando magicamente na sociedade sem conflitos, sem maldade e sem tristeza.  De forma prática, vamos parar pra pensar… Em que contribui uma pessoa dizer a outra para não ficar triste se essa está vivendo um momento angustiante devido ao desemprego, por exemplo, como mencionei no início?! É necessário e fundamental que todo indivíduo sinta e reconheça suas emoções, sendo estas positivas ou negativas. Pois, somente assim será possível entender que há validação quanto a sentimentos vivenciados e, portanto, que existe aí inteligência emocional. Afinal, só há clareza se reconheço a escuridão, assim como percebo a felicidade se permito entender o que é a tristeza.

No livro A Arte Sutil de Ligar o Foda-se, Mark Manson afirma que, “qualquer tentativa de escapar do negativo — evitá-lo, sufocá-lo ou silenciá-lo — falha. Evitar o sofrimento é uma forma de sofrimento”. Desse modo, é tolice e nada produtivo para nossa saúde vivermos como zumbis emocionais, na ideia  inviável da felicidade e/ou positividade a qualquer custo.

O importante é que reconheçamos nossas vivências de modo a classificá-las conforme o que sentimos.

E aí, após a leitura você acredita que vive em uma bolha social? Como está o copo da sua vida: meio cheio ou meio vazio?? Um abraço!