Se tem uma palavra que nos estressa é AUMENTO. Quem é brasileiro não aguenta mais ouvir porque ela não para de impactar a vida financeira de um povo que bate recorde em pagamentos de impostos . Relacionar a quantidade de aumentos (alguns disfarçados de “reajustes”) também estressa porque a inflação parece incontrolável. O mais recente aumento da gasolina ocorreu por causa da inflação (?) – o que revolta ainda mais e confunde, já que os combustíveis estão no topo da pirâmide inflacionária.
Basta uma ida rápida ao supermercado para ver que há um aumento generalizado de preço de todos os produtos e aumentos que não param. O susto também é grande quando o botijão de gás acaba e na hora de abastecer o carro. A questão é que diversos fatores no país e no mundo estão empurrando os preços lá para cima, como a desvalorização da moeda, causando a temida inflação – que virou mega.
Apesar do estresse, é preciso entender porque tudo está tão caro e como sobreviver a esse momento.
Por que tudo aumentou no Brasil?
Você já percebeu que os R$100 de hoje compram bem menos itens que os R$100 de alguns meses atrás? Isso é a perda do poder de compra! O poder de compra é a capacidade de adquirir algum produto ou serviço com uma quantidade de dinheiro, ou seja, o que você consegue comprar com um valor.
Se em alguns anos atrás era possível comprar 1kg de arroz por pouco menos de R$2, hoje é preciso desembolsar bem mais que isso pelo quilo do alimento. Na verdade quase dez vezes mais. Essa perda acontece por conta da desvalorização do real em relação ao dólar e também pela escassez no mercado interno. É por isso que os carrinhos de compras, e o bolso, estão ficando cada vez mais vazios.
Alimentos em alta no mercado e na conta de luz: qual o motivo?
Não existe somente uma razão para explicar essas altas, mas sim uma combinação de três fatores: inflação, real desvalorizado e oferta e demanda. Há ainda o efeito da Guerra da Ucrânia, mas muitos economistas não colocaram isso na ‘conta’. Vamos tentar entender.
- Inflação
A inflação é um aumento de preço generalizado em diversas categorias de produtos e serviços. Ou seja, inflação alta significa que tudo fica mais caro. O IPCA, que é o indicador que mede a inflação no nosso país, faz uma projeção da “cesta de produtos e serviços”, que é usada para entender o padrão de consumo das famílias brasileiras. Os bens e serviços que entram nessa lista são: Alimentação; Transporte; Educação; Vestuário; Habitação; Saúde; Despesas pessoais.
- Real desvalorizado
Já faz um tempo que o dólar está ficando mais caro, mas o que isso significa? A desvalorização do real em relação à moeda americana faz com que o preço das commodities, como soja, milho, combustível e gás de cozinha, dispare. O motivo? Eles são cotados em dólar. Com nossa moeda em baixa, os produtores preferem vender para fora do país do que atender o mercado interno, desequilibrando a oferta e demanda, que vamos explicar abaixo.
- Oferta e demanda
Se tem muita gente procurando um mesmo produto, mas esse item está escasso nas prateleiras, não tem jeito, o preço aumenta. Isso é a oferta e demanda ficando instável. Foi esse desequilíbrio que fez com que o aumento de preço disparasse no mundo todo. O que aconteceu foi que a maioria dos países deixou de exportar para “estocar”, por medo de faltar produtos básicos. No nosso país, foi feito o contrário: a exportação aumentou muito visando aproveitar as oportunidades do mercado externo. O resultado? A demanda ficou maior que a oferta e os preços saltaram.
Como driblar o aumento de preço?
Ninguém gosta de ver o carrinho de compras cada vez mais vazio mesmo gastando mais dinheiro. No entanto, para manter o orçamento doméstico em dia, algumas medidas podem ser tomadas para o seu bolso não sentir tanto.
- Muito planejamento na hora das compras do mês
Antes de ir ao supermercado, faça uma lista de compras com tudo que você precisa e não compre nada além disso. Também é possível substituir as marcas que entram no seu carrinho por outras mais baratas. O terceiro ponto é a pesquisa de preços. Veja quais supermercados da sua região estão com os melhores preços antes de ir às compras. Dessa forma, a economia pode ser ainda maior.
- Mude alguns hábitos
Não é só fora de casa que dá para economizar. Uma das vilãs da alta de preços é a energia elétrica, por isso, use-a com cautela, mudando alguns hábitos do dia a dia. Apagar as luzes, tomar banhos mais curtos e retirar da tomada aparelhos fora de uso fazem a diferença na fatura de energia.
- Fique de olho no orçamento
Fazer o planejamento das finanças pessoais é sempre importante, mas com o aumento de preço, um orçamento doméstico equilibrado é ainda mais essencial. Esse controle faz com que você enxergue para onde vai cada centavo, assim, dá para economizar e enxugar alguns gastos que você nem imaginava.
- Invista
Uma das formas de não perder o poder de compra é investindo. Se você conseguir e puder, claro. Com o aumento de preço de todos os produtos é muito importante ter uma reserva investida para que o dinheiro não perca valor e você consiga manter seu poder de compra.
Fazendo isso, seu dinheiro não sofre com a desvalorização e o investimento repõe o que foi consumido pela alta dos preços.
Aumentos incessantes – Um levantamento recente feito pela CNN dos preços de alguns itens presentes na mesa do brasileiro, com base nos dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), constatou que o aumento deles foi de 14,8% até março deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano passado.
A CNN levou em consideração sete itens básicos e presentes em praticamente todas as refeições da maioria das famílias: Arroz (1 kg), feijão (1 kg), farinha de trigo (1 kg), açúcar (1 kg), carne bovina (1 kg), óleo de soja (900ml), e café (500g). Segundo a média de preços desses produtos no Dieese, em março de 2021, eles custavam, juntos, R$ 83,05. Agora, em março de 2022, esse valor subiu para R$ 95,38. O maior aumento registrado foi o do café, que subiu 72,3%. Um pacote de 500 gramas custa, atualmente, R$ 19,54.O açúcar, que sofreu um forte reajuste por conta da falta de chuvas no ano passado, continua em alta e registrou aumento de 46%, passando de R$ 2,90 em março do ano passado, para R$ 4,24 neste ano. O óleo de soja teve o terceiro maior aumento, com alta de 24,1% no preço da garrafa de 900 ml, sendo encontrada a R$ 9,41. Já no caso dos outros itens da pesquisa, o feijão registrou aumento de 6,1%, passando de R$ 6,99 para R$7,42. A farinha de trigo foi de R$ 4,49 para R$ 5,49, e os cortes de segunda da carne bovina já chegam a custar R$ 45,74, frente ao R$ 40,35 verificados em março do ano passado.
A alta acima da inflação para itens básicos industrializados considerados na pesquisa se repete nos preços de alguns dos chamados alimentos in natura, como frutas e legumes, que também cresceram e puxaram a inflação do mês de março para cima. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela divulgação dos índices da inflação, o tomate teve a maior alta para o mês, com aumento de 27,22%, na comparação com o mês anterior. Ainda segundo o IBGE, foram registradas altas em diversos produtos, como as frutas com variação positiva de 6,39%, e a cenoura que acumula alta de 166,17% em doze meses.
Matheus Peçanha, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirma que a alta dos alimentos acima da inflação reduz o poder de compra dos brasileiros, em especial os de baixa renda. De acordo com ele, essa população já transfere verbas de outros segmentos, como o entretenimento, para completar o custo dos alimentos.
(Fontes CNN, Uol Economia e PagSeguro)