O baixo nível da Represa de Jurumirim, na região de Avaré, revelou uma ilha que estava submersa em Avaré. Mas ao contrário das ilhas tratadas como paraísos na Terra, esse banco de areia no Rio Paranapanema é considerado um símbolo da crise hídrica no país.
Atualmente, o nível do reservatório em Avaré está em 21% da capacidade, conforme a Agência Nacional de Águas (ANA), o que tem preocupado representantes da Organização das Nações Unidas (ONU). Ativistas de ONG ligada a projetos de preservação da ONU foram até o local nesta semana para analisar o impacto ambiental do surgimento da ilha.
Um dos participantes da ação é o ativista Guto Zorello, que foi convidado pela Rede Brasil do Pacto Global, uma iniciativa de sustentabilidade corporativa da ONU, para o projeto “Afunde essa ilha”. O ativista montou um acampamento no local para chamar atenção para o problema, que começou a ser notado há alguns meses.
De acordo com o ativista, quando a represa está em um nível normal de água, a ilha fica completamente submersa e não é possível encontrá-la em nenhum mapa. No entanto, com o baixo volume de chuva registrado nos últimos dias, ela apareceu na superfície e vem ficando cada vez maior. Ainda segundo o ativista, não há documentos históricos que comprovem que o fenômeno possa ter ocorrido anteriormente.
Atualmente, a ilha tem cerca de 38.880 metros quadrados, o equivalente a quase cinco campos de futebol. De acordo com o projeto, o banco de areia em Avaré é fruto da maior seca dos últimos 90 anos no Brasil, criada pelo aquecimento global e o desmatamento da Amazônia.
A Represa de Jurumirim banha sete cidades da região e ao menos quatro delas usam o reservatório para o turismo.
A usina hidrelétrica, que opera sob a concessão da empresa CTG Brasil, é responsável pelo abastecimento de energia para a região do médio Paranapanema. Com potência instalada de 100 megawatts, a usina tem capacidade para atender mais de 900 mil pessoas.
O aproveitamento hidrelétrico possui um reservatório com capacidade para acumular cerca de 7,2 trilhões de litros de água, além de abranger uma área inundada de 449 quilômetros quadrados.
Por isso, o baixo nível do reservatório afeta o meio ambiente, moradores, turistas, marinas e até hotéis da região que utilizam a represa como atrativo turístico.
Além de chamar atenção da população e do poder público, os ativistas ainda separaram uma série de dicas de como os moradores podem ajudar a “afundar a ilha”, que é o objetivo do projeto:
- Use água e energia com consciência;
- Invista em reuso e reciclagem de água;
- Preserve a natureza;
- Só compre madeira e objetos de madeira certificada;
- Denuncie desperdícios e irresponsabilidades;
- Se for empresário, assine o Pacto Global. Se não for, cobre outros empresários.
Em nota à TV TEM, a CTG Brasil informou que a operação da Usina Jurumirim é coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e que acolhe todas as determinações recebidas, “cumprindo rigorosamente a legislação, procedimentos e normas do setor elétrico brasileiro”.
Disse ainda que a empresa vem adotando medidas para cumprir às deliberações decorrentes das reuniões da “sala de crise” do Rio Paranapanema, coordenada pela ANA e outros órgãos.
A CTG Brasil também informou que gera energia 100% limpa e é signatária do Pacto Global, por isso, “adota ações para apoiar o atendimento aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), com investimentos em programas e projetos socioambientais”.
Fonte e fotos G1