Atualmente tem sido cada vez mais comum ouvirmos as pessoas classificando suas relações como abusivas ou tóxicas. Mas, será que todos os relacionamentos que apresentam dificuldades se encaixam dentro dessas classificações?  O tema é bastante complexo uma vez que busca compreender a relação entre as pessoas, mas é possível estabelecer alguns parâmetros que auxiliam a diferenciar o que é abusivo do que é tóxico.

Um relacionamento pode ser considerado abusivo quando há violência física, psicológica ou financeira, ou seja, tem-se estabelecida uma relação de poder, o famoso “manda quem pode e obedece quem tem juízo” se aplica bem como jargão a este tipo de relação. No relacionamento abusivo existe a intenção de agredir, de fazer o outro sofrer com o objetivo de exercer controle sobre o outro. E para isso, o agressor pode fazer uso de ataques psicológicos, controle financeiro e até mesmo da agressão física. Esse tipo de relacionamento mostra-se mais comum nas relações afetivas, ou seja, entre casais, o que não exclui a possibilidade de ocorrer num outro contexto.

Já no relacionamento tóxico observa-se que as agressões limitam-se ao campo psicológico e podem ocorrer nos mais variados contextos, como por exemplo, entre familiares, pais e filhos, amigos, ambiente de trabalho, entre outros. Nesse tipo de relacionamento o agressor não tem a intenção de controlar o outro. Pode-se dizer que, em muitos casos, ele precisa que o outro se sinta mal para que ele se sinta bem ou pelo menos não se sinta tão mal. Desta forma, uma das principais estratégias usadas é colocar o outro para baixo. Se pudéssemos fazer uma caricatura da relação tóxica, seria como se víssemos um vampiro sugando a energia de alguém para se sentir vivo.

A pessoa tóxica, em geral, não percebe que é desagradável e tampouco tem clareza sobre o mal que causa. Também é possível verificar que ela se sente culpada e arrependida quando é informada de seu indelicado comportamento. Entretanto, é um modo de ser difícil de conviver, pois contamina o outro com suas aflições e mal estar, colocando-o sempre para baixo.

Além disso, é importante destacar que nos mais variados contextos de relacionamento existirão divergências o que não irá, necessariamente, configurar uma relação abusiva ou tóxica. Sendo assim, as principais diferenças que precisam ser observadas são a freqüência e a intensidade. Se as agressões são freqüentes e há um crescente na intensidade delas é muito provável que haja algo muito errado e até muito grave acontecendo. As relações humanas sempre são complexas – o que não tem absolutamente nada a ver com sofrimento. Não é porque algo é complexo ou trabalhoso que ele precisa gerar dor ou sofrimento.

Em toda relação, é saudável que os envolvidos tenham que ceder mais ou menos na mesma proporção, de modo que o convívio não seja extremamente confortável para um dos lados e extremamente sacrificante para o outro. No entanto, o relacionamento tóxico ou abusivo ocorre justamente quando essa balança pende para um dos lados, sendo basicamente uma demonstração de egoísmo.

Mas será que você está vivendo um relacionamento tóxico ou abusivo, na vida pessoal ou na vida profissional, sem ter percebido? Na sequência, você vai conferir alguns sinais de que isso esteja ocorrendo.

 

QUERER CONTROLAR O OUTRO A TODO INSTANTE

Nos relacionamentos tóxicos, quase sempre há ciúme e a ideia de posse envolvidos. Isso se reflete no hábito de querer controlar a pessoa, monitorando aspectos como: a roupa que a pessoa veste, o horário que vai sair, o horário que vai chegar, as pessoas que vai encontrar ao longo do dia, o dinheiro que a pessoa ganha e gasta, entre outros.

 

UTILIZAR UM VOCABULÁRIO OFENSIVO

A linguagem utilizada entre os envolvidos em uma relação, seja ela pessoal ou profissional, também pode revelar a sua característica abusiva. Os xingamentos, a humilhação, o desrespeito, a ideia de inferioridade e o constrangimento diante de outras pessoas são frequentes.

A ideia é que a outra pessoa se sinta de fato inferior, como se só existisse para “servir” ao outro. Trata-se de um tipo de controle psicológico, que faz com que o outro se sinta mal e caia ainda mais na estratégia do indivíduo tóxico.

 

DIMINUIR AS CONQUISTAS DO OUTRO

“Ganhei um aumento no trabalho”. “Que ótimo! Agora vê se consegue ter uma vida decente”. “Emagreci 2 kg!”. “Até que enfim está começando a ficar atraente”. Diálogos desse tipo infelizmente não são raros. Eles acontecem em diversos relacionamentos, e não em tom de brincadeira.

Outro aspecto frequente em um relacionamento tóxico é quando alguém cria problemas nas suas vitórias. Por exemplo: “Fui aprovado medicina!”. “Nossa, vai ter que estudar muito, hein? Nada de namorar pelos próximos 6 anos!”. Geralmente, esse traço é mais comum nas amizades, sobretudo entre indivíduos que escondem algum tipo de inveja do outro.

 

FAZER AMEAÇAS

As ameaças também são um traço típico dos relacionamentos abusivos, já que constituem um jogo psicológico que expõe algo ruim que pode acontecer, caso a vítima não se comporte de uma determinada maneira. Isso gera uma ansiedade extrema.

“Se você não emagrecer, eu vou trocar você por outra”. “Se você não ganhar mais dinheiro, eu não sei o que vai ser da nossa família”. “Se você não começar a bater essas metas, eu encontro outro para ocupar o seu cargo em um piscar de olhos”. Essas frases soam familiar para você? São ameaças típicas de relações abusivas.

 

FICAR EM SILÊNCIO COM A INTENÇÃO DE IGNORAR O OUTRO

O chamado “tratamento de silêncio” também é um jogo psicológico bastante destrutivo, pois acaba com a principal ferramenta de resolução de conflitos: o diálogo. Quando uma pessoa ignora e deixa de falar com o outro, ela prolonga essa ansiedade e essa angústia, o que apenas torna os problemas ainda piores. Passar horas e até dias sem falar com alguém é um ato empregado como “punição” porque, na visão da pessoa, o outro teve um comportamento inadequado. O tratamento de silêncio também pode estar atrelado ao item anterior, em que se uma vontade da pessoa não for realizada, ela ficará em silêncio diante do outro.

 

DISTORCER OS FATOS

Distorcer os fatos é uma das mais conhecidas técnicas de manipulação, frequentemente utilizada para tentar “virar o jogo” em uma discussão. Trata-se de um efeito conhecido como “gaslighting”, que tem o objetivo de fazer o outro sentir-se culpado por um erro que nem sequer cometeu.

“Eu disse que você poderia sair com os seus amigos, mas não imaginei que você fosse chegar tão tarde. Pelo visto, eu não sou uma prioridade para você!” — essa é uma frase que pode indicar distorção de fatos, em que a pessoa permitiu que o parceiro saísse com os amigos, mas agora o faz sentir-se culpado por isso.

 

CRITICAR POR MEIO DE ELOGIOS DISFARÇADOS

“Até que o seu relatório ficou bom para alguém que saiu dessa universidade fraca”. “Finalmente um jantar que ficou gostoso!”. “Até que enfim soube comprar um presente legal!”. Perceba que em todas essas frases há um elogio, mas também uma crítica por trás dele. Mesmo quando a pessoa reconhece que o outro teve uma atitude positiva, ela não perde a oportunidade de criticá-lo, de forma que a ideia de controle e de superioridade continua evidente. Infelizmente, esse tipo de comunicação é muito frequente em diversos contextos da vida pessoal e também da vida profissional, caracterizando relações tóxicas.

Além dos comportamentos acima, há vários outros que também denunciam a toxicidade de um relacionamento, como a mentira, a restrição de liberdade, a agressão física, e por aí vai. Reconhecer os traços de um relacionamento desse tipo é essencial para que você faça o possível para livrar-se dele o quanto antes. Porque é fato: nascemos para sermos felizes e não nos submeter a qualquer tipo de humilhação.

 

Sinais

 

Relacionamentos tóxicos e abusivos muitas vezes se desenrolam sem que a vítima perceba o seu sofrimento ou o que está acontecendo. Para relembrar, um relacionamento abusivo é uma relação em que os padrões de modo de agir das pessoas nessa relação são excessivos, danosos e violentos. Por isso, não precisa haver violência física – o abuso pode ser psicológico, sexual, patrimonial ou abuso moral. Esses modos de agir são menos visíveis e óbvios do que um tapa ou soco. Por isso, é muito comum as pessoas ficarem em dúvida se o que estão vivendo é abusivo ou não.

Características do parceiro abusivo:

  • Coloca você para baixo e faz você se sentir mal;
  • Agride você na parte física ou com palavras;
  • Diz coisas maldosas para você em casa ou na frente de qualquer pessoa;
  • Xinga você nas redes sociais;
  • Monitora suas redes sociais e pega seu celular com frequência;
  • Quebra suas coisas;
  • Proíbe você de ver seus familiares ou amigos e atitudes como essas.

Outros detalhes também podem apontar para um relacionamento abusivo quando um dos parceiros sente medo do outro com frequência, ou os dois sentem medo dentro da relação; há hierarquias ou desigualdade de direitos: uma pessoa pode tudo, mas a outra tem que obedecer uma série de regras limitantes; écomum monitorar e controlar, há invasão de privacidade, uma pessoa quer saber tudo da outra a todo momento, e a outra pessoa se sente sufocada e presa. Também é extremamente abusivo quando ocorre uma agressão física, psicológica (dizer coisas como “você nunca vai achar outra pessoa, então precisa ficar comigo” ou “só eu aguento você”), sexual (pressão para fazer atos sexuais que a outra pessoa não deseja), patrimonial (quebrar as coisas do outro, como o celular; riscar o carro; jogar roupas fora) ou moral (diminuir a pessoa perto de amigos, espalhar mentiras ou segredos íntimos).

Ainda não conseguiu identificar? Veja alguns outros sinais:

Seu (sua) parceiro (a) nunca assume responsabilidade

Se um lembrete simples para ele(a) simplesmente comprar guardanapos vira uma briga – “você sabia” que eu estava passando por uma semana difícil no trabalho e veio me cobrar isso agora” – é um sinal vermelho. “Pessoas saudáveis sabem receber feedback e arrumar o que tem de errada”, diz Rebecca Hendriz, psicoterapeuta (EUA). Um(a) parceiro(a) tóxico(a) vai te culpar pelo fato de ele(a) ter te magoado de qualquer maneira. E isso vale também para analisar como você trata ele(a), não apenas o contrário.

Você não cuida de si mesma

Ou seja, os sinais não são apenas sobre a outra pessoa. Seu próprio comportamento também conta. “Um relacionamento tóxico não deixa espaço para seu bem-estar”, diz Rebecca. “Se você está negligenciando isso (por exemplo, seu parceiro é super carente ou precisa da sua ajuda constante), é um sinal de algo tóxico”.

Ele(a) sempre te dá o tratamento de silêncio

Brigar não significa um relacionamento tóxico, mas se ele(a) se fecha sempre que você tenta conversar sobre algo que está te incomodando, tome cuidado. “Casais saudáveis estão abertos a se comunicar”, diz Hendrix. Se, em vez de ouvir, ele não quer conversar sobre o assunto, te ignora, não responde direito ou mesmo sai do cômodo, esse é um sinal vermelho.

Você se sente exausta

Se parece que o relacionamento toma energia de você, eis outro sinal. E isso pode até mesmo se manifestar fisicamente, diz Thompson. “Relações tóxicas podem literalmente deixar seu corpo sem saúde.”

 

Ele(a) está sempre oferecendo “criticas construtivas” – quando você não pede

Você quer alguém que te ajude a amadurecer. Mas críticas constantes podem ser confusas. “Se ele(a) está sempre perguntando se você realmente precisa daquele pedaço a mais de pizza alegando que só quer ajudar, isso não é ajuda, é controle”, diz Hendrix. “Comportamento controlador é muito presente em relações tóxicas”. Não confunda manipulação e desejo de controle com “querer ajudar”.

Ele(a) nunca lembra da sua agenda

Ninguém quer que o outro saiba o dia completo, mas eles devem lembrar de datas importantes da sua vida e mostrar apoio. “Se ele(a) pede para você ajudar na mudança de apartamento no mesmo dia da sua apresentação de mestrado, ele(a) provavelmente não consegue se importar tanto com você quanto com as coisas dele(a) próprio(a)”, diz Hendriz. “Se aconteceu uma vez ou outra, tudo bem”, diz Thompson. “Todos passamos por momentos em que estamos mais desligados.” Mas se isso é constante, é um sinal de algo tóxico.

Ele(a) sempre culpa os outros pelos seus problemas

Sempre culpar outra pessoa quando as coisas não estão indo bem – seja a mãe, alguém no trabalho, o instrutor da academia… – esse é um grande sinal de comportamento tóxico, diz Hendrix.

Ele(a) é super competitivo

“Um pouco de competição é bom, mas casais saudáveis apoiam o outro nas conquistas individuais também”, diz Hendrix. Competitividade vira toxidade quando você se sente mal por suas conquistas porque isso fez o outro se sentir mal com ele mesmo.

Você sente que faz todo o trabalho na relação

Em toda relação tem uma divisão natural de tarefas. Talvez você sempre tenha que escolher o restaurante, já que conhece os melhores lugares. Enquanto isso, ele(a) sempre procura te buscar de carro para que você não tenha que pegar o ônibus lotado. “Uma relação saudável é uma parceria”, diz Hendrix. Se você sente que você faz todo o trabalho sozinha, o balanço não existe.

Acúmulo de chateações

Ao invés de conversarem sobre algum incômodo na relação, vocês guardam as informações, deixando isso virar uma grande bola de neve, e optam por revelar esses incômodos em um momento oportuno, quando outra discussão vem à tona. Se na hora que acontecer a situação desconfortável você não se sentir confortável para falar, deixe a poeira baixar e converse. Ficar acumulando todos os vacilos e soltar de uma vez só, não vai resolver nada.

Crítica desmedida

No início do relacionamento até achamos que encontramos a pessoa perfeita. Mas na verdade esta perfeição não existe. As críticas são naturais e acontecem, porém, quando feitas de maneira desmedida tornam a relação tóxica. Já parou para refletir se as críticas que você recebe são para lhe diminuir? Se sim, não permita que isso aconteça.

Energia negativa

Se você, ao estar com seu parceiro ou sua parceira sente um certo desconforto, um clima tenso, se você está em constante estado de ansiedade e não consegue fazer nada direito, estes são sinais de que a energia entre vocês é pesada e negativa. Ou seja, estás vivendo um relacionamento tóxico.

Você fica “pisando em ovos” quando estão juntos

Quando vocês passam muito tempo juntos, você começa a sentir-se ansiosa(o) querendo ir embora, porque pensa que a qualquer momento pode começar uma briga entre vocês? Você fica “pisando em ovos” porque ele/ela pode explodir por qualquer motivo?

Você não é você mesmo

Mudar faz parte do ser humano, e na maioria das vezes é muito positivo. Em um relacionamento não é diferente, mudar para a mesma direção é ótimo. Porém quando a mudança é para direção que você não quer, e que você acaba não se reconhecendo como pessoa, é um sinal de alerta. Faça um teste: se você se comporta diferente quando está com seus amigos e sem seu companheiro(a) e eles percebem isso, é sinal de que a relação está intoxicada.

 

 

 

Sua relação traz à tona suas piores qualidades

Você vive em estado de tensão, a ponto de as pessoas não te reconhecerem mais, inclusive se afastarem de você. Provavelmente seu companheiro(a) está eliciando em você suas piores qualidades, aquelas que você as mantinha guardadas e raramente utilizava.

Há uma constante luta pelo poder

É normal discutir em uma relação, porém, quando essa discussão parece estar focada em quem vai ganhar a briga ao invés de resolver o conflito.  Se a preocupação de um dos dois é estar no controle mais do que resolver a situação, para que caminho esta relação está indo? Relacionamento é como gangorra, para os dois se darem bem é preciso que ela esteja equilibrada.

Frequentes crises de ciúme

Para algumas pessoas o ciúme é sinal de proteção e amor. Mas existem outras formas mais saudáveis de cuidar, proteger e amar. O ciúme indica falta de confiança. E como manter relação saudável sem confiança? Em uma relação saudável você deve ter a liberdade de ser quem você é e confiar na pessoa. Vale lembrar que o ciúme obsessivo é uma doença e há tratamento para isso.

Você não enxerga o futuro da relação

Não estou falando em ter planejamento a dois até o final dos seus dias. Mas é natural, em um relacionamento, que haja planos para curto e médio prazo, como por exemplo: a viagem das próximas férias. Se você não consegue visualizar nada a dois, por que desperdiçar o seu tempo?

Você simplesmente não está feliz

Se o seu relacionamento está tão pesado quanto aquele projeto difícil, ou aquela matéria que você precisa passar na faculdade, então, talvez, seja a hora de deixá-lo de lado. Muitas vezes as coisas que planejamos não saíram conforme o pensado. Porém para estarmos em um relacionamento é preciso que tenhamos mais momentos de felicidade do que de ansiedade, preocupação, etc. Se você doa tudo de si e não recebe nada em troca, qual o sentido de ter alguém ao seu lado?

Não há apoio nas suas escolhas

Se você já ouviu comentários que seus sonhos e metas são estúpidos ou que você nunca vai alcançar seus objetivos, talvez tenha que rever sua relação. Alguém que te quer bem, apoia suas decisões mesmo que não concorde com elas. Inclusive, a sua felicidade é importante para a pessoa que te ama.

Tudo é culpa sua

Você é a raiz de todo mal. Qualquer coisa que dê errado é culpa sua. Ele/ela culpa você por todas as suas inseguranças, e é incapaz de pedir desculpas caso perceba que seu comportamento está errado. Isso é um grande sinal de alerta para o relacionamento tóxico.

Frequentes ameaças de término do relacionamento

Esse é clássico! Esse jogo é cruel, sempre que o outro está insatisfeito ameaça romper o relacionamento. Isso pode acontecer principalmente se ele/ela sabe que você vai implorar para que ele não vá embora. Pessoas assim se alimentam da carência e inconscientemente procuram parceiros(as) que possam controlar.

Suspeitas acontecem o tempo todo

Todo relacionamento precisa de um nível de privacidade. E para isso é fundamental confiar um no outro. Se ele/ela quer saber constantemente o que está rolando no seu espaço de privacidade, isto mostra um nível tóxico de controle. É humilhante. O relacionamento é entre adultos, e não é necessária supervisão constante. E caso venha o sentimento de culpa depois que você disse a ele/ela que não o deixaria acessar suas coisas, este é um ponto crucial para que tu busques ajuda para sair desta relação.

Dependência

Em um relacionamento tóxico há dependência do outro, tanto financeira, emocional ou física. Quando você dá sinais de que vai cuidar de si, o outro detesta e tentar manter você sob controle. E por vezes, o outro faz você acreditar que não tem capacidade para realizar seus planos. Além de não dar atenção para seus sentimentos que não tenham relação com ele/ela.

Como se curar de um relacionamento tóxico?

De fato não é tarefa simples. Na maioria das vezes as pessoas negam a situação, e não enxergam o quão doentio é insistir em algo que prejudica tanto a saúde emocional, mental e física.

O primeiro passo para sair do relacionamento tóxico é aceitar que está dentro de um. O segundo passo é construir um sistema de apoio, deixando as pessoas se aproximarem e ajudarem. É fundamental também o investimento no autoconhecimento, para conseguir enxergar o que te fez escolher se manter em um relacionamento assim.

Alguns exercícios que ajudam é desabafar escrevendo, ler livros de autoajuda, e o principal, procurar um psicólogo para ressignificar o que foi vivido e construir um futuro melhor para as próximas relações.

 

Família tóxica ou abusiva?

Quando se fala em relacionamento abusivo ou tóxico é praticamente automático pensar na dinâmica entre casais. Porém, apesar de ser muito comum e até mesmo falado, esse não é o único modelo de relação tóxica.

Esse padrão também pode ocorrer entre familiares, de forma física ou psicológica, e trazem diversas complicações para a vida das pessoas envolvidas e da família como um todo. Aliás, alguns especialistas afirmam que é exatamente na família que ocorre o primeiro relacionamento tóxico, ou em alguns casos mais abusivos.

Nem sempre os indícios de um relacionamento familiar abusivo se apresentam como fatores negativos. Eles podem vir em forma de proteção excessiva dos pais com os filhos, tomando decisões por eles ou impedindo que eles tenham suas próprias vontades. Estes, por sua vez, se tornam adultos altamente dependentes, sem coragem para assumir suas próprias vidas. Há, ainda, os abusos que começam com xingamentos e evoluem para agressões.

Também é errado acreditar que o abuso só ocorre de pais para filhos. Há irmãos, primos e até outros parentes que podem exercer esse papel de “dominação” do outro, bem como filhos que manipulam, humilham e agridem os pais. E, geralmente, as ocasiões abusivas propriamente ditas ocorrem sem testemunhas.

O principal fator que indica o desequilíbrio na relação familiar é o comportamento do abusador – aquele que “sufoca” o outro tomando decisões, dando respostas em seu lugar e decidindo o que outro gosta, aonde vai, com quem fala, etc. Mas, em sua cabeça, acredita profundamente que está apenas cuidando e fazendo o bem.

Em contrapartida, a vítima está sempre com uma postura retraída na presença de seu agressor, quase não fala e se expressa,  espera sempre um olhar de aprovação ou negação a qualquer coisa que deseje ou seja convidado a fazer.

O processo de identificação pode ser longo e, muitas vezes, pessoas de fora serão as primeiras a observar que esta relação familiar não é saudável. Mas é comum que, com a maturidade — no caso de pais tóxicos —, a vítima perceba isso por si só.

Quando a identificação acontece, a vítima tende a se distanciar do abusador, seja trabalhando muito, estudando por muitas horas, ou mergulhando de cabeça em algum relacionamento amoroso, de amizade ou até de “paternidade” fora dali.

Essa descoberta também pode ser um gatilho para sentimentos de culpa e medo, retaliação que podem levar a outros distúrbios de comportamento e escolhas ruins. Todo relacionamento tem altos e baixos e isso é perfeitamente normal, afinal, somos humanos. Mas há uma linha que separa o que é uma fase e o que é permanente.

Quando apenas uma pessoa dita as regras, não há espaço para diálogo ou individualidade e o outro deve apenas aceitar (e fica triste com isso), há um grave e perigoso desequilíbrio nessa convivência.

As agressões psicológicas são mais difíceis de identificar, principalmente dentro da família onde pensamos que tudo é para nosso bem e educação, geralmente o abuso psicológico vem encoberto por um discurso de “é porque te amo muito”, “você não sabe se virar sozinho(a)”, “ninguém te amará ou vai querer o seu bem como eu”. Existem diversas formas de relacionamento abusivo e muitas delas estão camufladas pela ideia de amor em família, mas alguns podem ser tóxicos e a melhor forma de identificar e lidar com isso para ter uma vida melhor é buscando auxílio de um especialista.

Pais e filhos

Relações tóxicas entre pais e filhos também podem acontecer. Nessa situação, frequentemente os pais possuem algum transtorno mental, vício ou problema emocional e acabam passando isso adiante na relação familiar – ainda que não notem. Geralmente, nessa relação, os pais fazem com que os filhos duvidem de sua importância e não acreditem serem merecedores de amor e aprovação. Em famílias tóxicas, imperam regras como as de que os filhos devem respeitar os pais não importa o que aconteça, não devem ter mais sucesso que o pai ou serem mais felizes que a mãe e não podem ter a sua própria vida.

Com o tempo, um relacionamento tóxico pode evoluir e trazer diversas consequências ou até se tornar um relacionamento abusivo, que é marcado pelo abuso emocional como forma de controle sobre o outro. Em relações amorosas heteronormativas, percebe-se que o nível de toxicidade está relacionado à estrutura de poder de uma sociedade patriarcal que coloca a mulher em lugar de subjugação. Prova disso são os números de casos de violência contra a mulher (um dos sinais de relacionamento abusivo) e de feminicídio, em que mais de 80% dos casos são praticados por parceiros ou ex-parceiros de relação íntima, de acordo com dados da Segurança Pública.

Em um relacionamento tóxico com os pais, eles geralmente agem de maneiras como essas:

  • Tendem a reagir de forma exagerada ou criar uma cena;
  • Usam chantagem emocional;
  • Tentam te controlar;
  • Criticam ou te comparam com frequência;
  • Não te ouvem com interesse;
  • Culpam ou te atacam;
  • Não respeitam seus limites físicos e emocionais;
  • Desconsideram seus sentimentos e necessidades;
  • Invejam ou competem com você;
  • Desencorajam sua expressão individual e incentivam a agir igual a eles.

 

Relacionamentos saudáveis: como construí-los?

É chavão, mas antes de tudo é preciso relacionar-se bem com você. Este é o principio de tudo.  Uma pessoa que sente-se bem consigo mesma, sente-se realizada, motivada, naturalmente é mais feliz, mesmo sabendo que esse “estado” pode não ser diário e ainda assim, está tudo bem. Uma pessoa que se aceita e se vê de forma positiva, está mais aberta a ouvir, dialogar e consequentemente, não aceita relacionamentos que são sejam saudáveis.

Mas não há fórmulas mágicas para definir se uma relação é mais ou menos saudável que outra. De forma simplificada, podemos definir um relacionamento saudável como aquele que dá igualdade de oportunidades aos envolvidos e que harmoniza o ambiente. É aquele tipo de relação em que há respeito, autonomia, carinho, atenção e liberdade em doses equilibradas.

Para usar uma palavra da moda, é aquela relação “leve”, sem tantas pressões e cobranças desmedidas, que acabam consumindo a energia e tirando a vitalidade de quem sofre com elas. Uma relação saudável entre namorados pode ter, sim, uma dose de ciúmes, mas sem excessos. No entanto, a saúde das relações vai muito além dos casos envolvendo casais apaixonados. Um relacionamento entre pais e filhos, por exemplo, deve ter respeito, diálogo e admiração de parte a parte para ser saudável. Por sua vez, uma relação entre patrão e empregado também precisa ser respeitosa, com base na troca e na parceria.

Dessa forma, a relação saudável, independentemente do ambiente em que esteja envolvida, acaba promovendo o bem-estar de forma mútua, estimulando a capacidade de amar e se sentir amado, somada à habilidade de manter um convívio agradável. Afinal, a boa convivência entre os seres é um fator essencial da vida humana, já que somos socialmente dependentes, como afirmam, inclusive, algumas abordagens de psicólogos.Seja entre amigos, familiares ou amantes, uma relação saudável é aquela em que ambos os integrantes permanecem satisfeitos, apesar de suas diferenças.

Além disso, deve existir a liberdade de cada envolvido em dizer e expressar o que sente, sem medo de ser reprimido. Por isso, o constante diálogo e a comunicação aberta são algumas das características mais presentes em relações saudáveis. Como construir um relacionamento saudável?

 

  • Estimule a empatia

Empatia é um sentimento que, diferente da simpatia (que surge naturalmente), pode ser estimulado e desenvolvido. A empatia nada mais é do que a capacidade de entender o próximo, colocar-se em sua posição e compreender o contexto de suas motivações, atitudes e visão do mundo. Para desenvolver a empatia é preciso legitimar os sentimentos e conceitos alheios, ainda que você não concorde com eles. Empatia gera bem-estar e ajuda a construir harmonia entre as pessoas, fazendo-as se sentirem reconhecidas e valorizadas.

 

  • Saiba ouvir

Uma relação saudável consiste em troca de experiências. Por isso é tão importante saber que, assim como existe a sua hora de falar, também há a hora de ouvir. Saiba verdadeiramente ouvir o seu próximo, com atenção. Não ouça somente com o aparelho auditivo, mas com as suas emoções, buscando compreender o que ele tem a dizer. Dê atenção e cuidado ao que é dito, sempre olhando nos olhos e considerando os conceitos mencionados. A maioria dos problemas de um relacionamento pode ser resolvida por meio da comunicação verbal.

 

  • Reconheça o poder do silêncio

Situações estressantes, adversidades e problemas são famosos por criarem o cenário ideal para brigas, desentendimentos e ofensas. Por isso, é muito importante reconhecer o poder que o silêncio tem para apagar um incêndio” perante uma situação drástica. Com ânimos alterados, dificilmente algum dos envolvidos conseguirá se expressar com 100% de controle sobre as suas emoções.

 

  • Seja paciente

A paciência é considerada uma virtude, não é verdade? De fato, junto com a tolerância, ela é a base para qualquer relação saudável, seja entre amigos, parentes, casais ou até mesmo entre um funcionário e seu chefe. A paciência é uma característica apaziguadora, que proporciona um clima de harmonia e bem-estar. No entanto, se você não consegue desenvolver esses sentimentos e características citados acima com tanta facilidade e percebe que os seus relacionamentos estão cada vez mais destrutivos, pautados pela competição, pelo desrespeito e pela indelicadeza, comece a pensar na possibilidade de procurar um psicólogo e fazer uma terapia.

 

(Fontes Psicólogos Berrini, Blog Psicologiaviva, Eureka, Viver Bem, Portal Psicologia e João Roberto Marques- um dos pioneiros em Coaching no Brasil )