”7 Prisioneiros” mostra a tragédia social do trabalho escravo e do tráfico de gente
A Princesa Isabel assinou a Lei Áurea em 1888 e libertou os escravos. Fim da escravidão no Brasil, certo? Erradooo! A escravidão continua entre nós, bem embaixo do nosso nariz.
Todo mundo sabe que muitos dos produtos que compramos, roupas, eletrônicos e cacarecos de todos os tipos, são frutos de trabalho escravo, muitas vezes de marcas famosas.
“7 Prisioneiros “ escancara a mazela social que é a escravidão contemporânea: pessoas que no desespero por sair da miséria profunda se aventuram em promessas de uma vida melhor, são traficadas e vivem literalmente como escravas, trabalhando por comida, trancafiadas (mtas vezes acorrentadas), ameaçadas e agredidas e sem comunicação com o mundo.
Na trama conhecemos um grupo de moços muito pobres que saem do interior de SP e vão para a capital com a promessa de trabalhar num ferro velho. Chegando lá tudo é deslumbre, os prédios, aquele monte de carros, até um boteco de quinta os encanta. Mas essa alegria acaba logo no primeiro dia de trabalho, quando o chefe confisca seus documentos e mostra a dívida que eles têm que pagar pelo transporte, comida e estadia – lembrando que tudo é deplorável. Eles então ficam lá presos e trabalhando dia e noite no desmanche de carros roubados.
Um dos protagonistas é o Matheus (Christian Malheiros), que se destaca dos demais presos porque não está conformado com aquela situação, ele quer fugir, ter uma vida melhor, estudar, casar e ter filhos. Ele sofre tanto e tanto até se deparar com um dilema moral gigante que dá uma ótima reviravolta na trama. O outro protagonista é o chefe vilanesco, o Seu Luca (Rodrigo Santoro), é ele que manda e desmanda no ferro velho com a ajuda de um feitor, ele é super ruim até que vemos que é mais complexo que isso, o seu lado “gente como a gente” é mostrado, pois ele também faz parte dessa engrenagem louca do trabalho escravo.
A cadeia produtiva nefasta que existe nesse meio é mostrada sem firulas: desde o capataz que faz o trabalho sujo até o chefão da quadrilha que é bem provável que seja um figurão da sociedade, um ricaço ou político renomado. A corrupção está em todos os níveis, do mais alto escalão ao escravo massacrado no limbo.
A trama é uma porrada de realidade que infeliz e dificilmente irá mudar pois a miséria e angústia das pessoas estão cada vez maiores, imigrantes de outros países ou estados indo pra grandes capitais tentar a sorte e caindo no drama da exploração e trabalho escravo. Um filme que traz esse discurso social cabível não só aqui no Brasil mas em diversos países, são brasileiros, bolivianos, venezuelanos, chineses, etc, que sofrem com a pobreza.
“7 Prisioneiros” é imperdível e já é um dos mais vistos da Netflix.