Quero aqui logo de início lhe propor uma viagem. Olhe para você no passado, distante ou não, enquanto criança ou já na vida adulta. Já parou para pensar em todas as dores vivenciadas ao longo da sua vida?? E não me refiro aí somente às dores físicas, como um tombo de bicicleta quando ainda estava aprendendo a pedalar. Quero aqui me referir às dores da alma. Quantas feridas emocionais estão aí dentro de você?
Quando nos machucamos fisicamente, o primeiro passo é limpar a ferida, colocar curativo, tomar algum medicamento, dependendo da gravidade. Mas e o machucado emocional? Como costuma cuidar? Será que você tem o passo a passo do autocuidado? Talvez a grande maioria da população prefira não pensar na dor e seguir adiante, simplesmente porque não sabe como olhar para aquilo que a está ferindo ou feriu. E aí varre para debaixo do “tapete imaginário” as dores vivenciadas.
Por que não olhamos para nossas dores emocionais como quando cuidamos dos nossos machucados físicos? Por que é tão assustador olharmos para dentro de nós? Simplesmente porque fomos treinados a isso. Socialmente fomos educados a não transparecer tristeza e fraqueza. Temos que ser sempre altivos, alegres, confiantes. Mas será o mundo repleto de alegrias e força? É claro que não!!! E essa é mais uma razão para entendermos e vivenciarmos toda a nossa vida, com sentimentos, comportamentos, emoções que lhes são pertinentes a cada momento.
Enfrentar a dor é sinônimo de força, de coragem. Ignorá-la é estupidez. Mas a sociedade insiste em alimentar o contrário.
Quantas pessoas deixam suas vidas estagnadas por não saberem como acessar as dores emocionais e pasmem… é tão simples! Basta dar o primeiro passo, ou seja, falar sobre elas. Com quem você costuma conversar quando está ferido emocionalmente? Ou quando sua vida parece estar de ponta cabeça? Recorre a um familiar ou amigo que sabe que pode confiar? Profissional relacionado à área, como por exemplo, o psicólogo? O que importa, de início, é você reconhecer o que lhe aflige e falar sobre o que lhe incomoda.
Quero aqui mencionar uma das dores emocionais mais profundas: a dor do luto. Perder a pessoa que você ama, dói demais. Perder o que você acredita ter é triste. E quando falo perder é bom que se entenda a morte, propriamente dita, assim como a separação conjugal, o emprego que se foi. Todas as perdas são sofridas! Absolutamente todas.
Segundo Elisabeth Küber Ross, psiquiatra suíça-americana, autora do livro: Sobre a Morte e o Morrer, há cinco estágios envolvidos na questão do luto: negação – fase em que a pessoa enlutada não aceita a situação. Basicamente acredita estar vivendo um pesadelo. Há tendência ao isolamento; raiva – aqui a pessoa experimenta diversos sentimentos, além da raiva propriamente, como exemplos: angústia, desespero, culpa, medo. Há a predominância de condutas ríspidas, agressivas e desagradáveis; barganha ou negociação – um estágio em que a pessoa cogita hipóteses consigo mesma numa tentativa de modificar a realidade caso houvesse agido diferente, isto é, vive dizendo para si mesma: e se eu tivesse agido assim?; depressão – um estágio de sofrimento intenso que pode se prolongar por meses e; por fim, aceitação – compreensão da nova realidade a partir da ausência de quem partiu.
É claro que não há uma predominância de tempo para cada estágio. No entanto, é importante considerar que, se após dois anos da ausência da pessoa, ainda exista sofrimento, a ajuda profissional se faz indispensável.
Aceitar o luto e a dor a ele relacionada implica em conviver com a perda e, como na mitologia da Fenix, renascer das cinzas.
Sendo assim, que tal despertar, se redescobrir e renascer para uma nova proposta? A partir do autoconhecimento é possível superar as dores e elaborar as feridas emocionais. Abraço!!