O escrevente que atua como coordenador do Cartório 2ª Vara Criminal do Fórum de Botucatu, denunciado por estupro, assédio e importunação sexual contra pelo menos 11 funcionárias, se apresentou à Polícia Civil na tarde desta segunda-feira (28).

Paulo Roberto Maciel era considerado foragido desde o dia 7 de junho, quando a Justiça expediu um mandado de prisão preventiva contra ele. O pedido tem como base a denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que apura casos de assédio sexual praticados entre 2017 e 2022.

As vítimas eram estagiárias e servidoras que trabalham no cartório, conforme o MP. Os casos passaram a ser investigados depois que uma das vítimas registrou um boletim de ocorrência em abril de 2023.

Acompanhado do advogado, Paulo Roberto Maciel se apresentou à polícia, onde foi cumprido o mandado de prisão preventiva. Durante o período em que esteve foragido da Justiça, a defesa de Paulo impetrou um recurso de habeas corpus, que foi negado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Com a prisão, Paulo Roberto Maciel foi encaminhado, provisoriamente, à Cadeia Pública de Itatinga (SP), onde aguarda audiência de custódia.

Ao g1, a defesa de Paulo, por meio do advogado Ézeo Fusco Júnior, pontuou que, em face do mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça, encarregou-se de apresentar Paulo à polícia e que, agora, adotará as medidas necessárias para garantir o amplo direito de defesa dele nos trâmites legais.

 

Assédio no Fórum

Os casos teriam ocorrido entre 2017 e 2022 no ambiente de trabalho das vítimas. Paulo exercia um cargo de chefia e as denunciantes eram subordinadas a ele, algumas eram estagiárias na época. Uma delas, inclusive, desistiu até de seguir no Direito, conforme apurado pelo g1.

Em entrevista ao g1, a jovem, que pediu para não ser identificada, afirma que ficou doente e precisou de tratamento médico após deixar o estágio.

“Foi algo que me deixou doente, eu tive que fazer terapia, tive início de depressão e fiz tratamento. Até hoje, se alguém do sexo masculino chega muito perto de mim, tenho gatilhos, não consigo confiar em nenhum homem por causa dele.”

As denúncias começaram a ser investigadas depois que uma das mulheres decidiu registrar boletim de ocorrência em abril de 2023 e o inquérito foi aberto pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).

Antes de procurar a polícia, as denúncias foram feitas à 2ª Vara Criminal, porém somente após a abertura do inquérito é que um processo administrativo preliminar foi instaurado. A quantidade de vítimas surpreendeu promotor que denunciou por assédio e estupro o servidor do Fórum.

De acordo com a advogada Rayssa Blumer, que representa duas das mulheres que fizeram a denúncia, em nenhum momento durante o procedimento interno o servidor foi afastado das suas funções.

Segundo a advogada, as vítimas tiveram que trabalhar com Paulo, no mesmo ambiente, por mais de um mês enquanto o processo tramitava.

Ainda de acordo com a advogada, o suspeito teria sido afastado do cargo de chefia somente após a conclusão do procedimento administrativo preliminar. O processo segue em segredo de Justiça.

A defesa de Paulo informou que ele estava de férias durante a apuração das denúncias e depois foi afastado por licença médica.

 

Fonte G1 com informações Adriano Baracho/ TV TEM