Se ainda não chegou para você, o momento para se vacinar contra a Covid-19 está próximo. Enfim! Contudo, vamos deixar claro mais uma vez: mesmo após a segunda dose, nenhuma vacina tem cobertura de 100% e a pandemia não acabou – mesmo que você esteja imunizado(a). Assim, para sua segurança e das pessoas ao seu redor, continue usando máscara e seguindo regras básicas como distanciamento social e higienização das mãos.
A vacina não impede a circulação do vírus (nem afasta as cepas). Quem já se vacinou, mesmo que protegido e não desenvolva a doença, ainda pode carregar o vírus e transmiti-lo para uma pessoa que não tenha sido imunizada. Por isso usar a máscara e manter todos os cuidados é muito importante. Para que tudo volte ao normal, é preciso que a maior parte da população já tenha recebido todas as doses da vacina. Confira abaixo alguns motivos pelos quais deve-se manter o uso de máscaras e o distanciamento social no Brasil mesmo com a vacinação.
- Aumento constante no número de casos
Em mais de um ano de pandemia do novo coronavírus, o país vive o pior momento no número de contágios e mortes diárias por causa da Covid-19. O infectologista João Telles, explica que o aumento no Brasil se deve a três fatores principais. “A presença de variantes de cepas circulando no território nacional, somado ao baixo número de pessoas vacinadas com as duas doses e o aumento da circulação da população economicamente ativa acabam culminando no alto número de casos de Covid no Brasil”, diz.
- Baixo índice de vacinados no país
A suspensão do uso de máscaras entre os norte-americanos é resultado do alto número de pessoas já completamente vacinadas no país, que contempla inclusive adolescentes a partir de 12 anos de idade. O infectologista explica que, para suspender as máscaras, é necessário que uma alta parcela da população esteja imunizada. “Se tivermos um alto índice de vacinação, com uma curva baixa de contágios e baixa ocupação hospitalar, os riscos de transmissão comunitária são menores. É preciso que esses três fatores estejam andando juntos. Mas essa é uma realidade completamente diferente do Brasil, onde não temos uma grande parcela da população vacinada, com número de casos variando bastante e taxa de ocupação hospitalar muito alta, na maioria das cidades”, afirma.
- Crescimento de casos em jovens
Outro fator que justifica o constante uso de máscaras no Brasil é a queda de idade entre os casos mais graves da Covid-19. “Como a vacinação completa está entre as pessoas acima de 70 anos, eles têm menores chances de desenvolver o estágio grave da Covid se forem contagiados pelo vírus. Dessa forma, há uma tendência da curva aumentar entre a população mais jovem, além de serem as pessoas em maior circulação nas ruas devido à necessidade de voltar ao trabalho e também por causa das variantes que podem desenvolver casos mais graves em pacientes nessa nova faixa etária”, finaliza o infectologista. A orientação dos médicos é, de acordo com a situação da pandemia no Brasil, que a população continue usando máscaras em ambientes abertos e fechados e mantenha o uso constante de álcool em gel e distanciamento social – essas ainda são as formas mais efetivas de evitar o vírus da Covid-19.
Outro ponto importante que precisa ser reforçado é que, mesmo uma pessoa que já contraiu o coronavírus, precisa e deve ser vacinada. Isso porque não se sabe ao certo por quanto tempo o organismo fica protegido pela infecção natural e existem casos de pessoas que foram reinfectadas. Por isso a importância de todos tomarem a vacina. Entretanto, se a pessoa estiver com a covid-19 quando chegar sua hora de ir vacinar, ela deve aguardar sua recuperação total (e contar quatro semanas após o início dos sintomas). Nos quadros assintomáticos, também deve ser aguardado as quatro semanas após a confirmação positiva (por meio do teste) antes de tomar a vacina.
Fumo e álcool
Um dos principais debates ocorre em torno do uso de álcool. A resposta simples e objetiva é que depende da quantidade. O que se sabe até agora é que ingerir doses moderadas após a vacina não apresenta riscos ao organismo nem à efetividade da vacina – pelo contrário, beneficia o sistema imunológico reduzindo inflamações, segundo reportagem do New York Times.
Por outro lado, o consumo alcoólico excessivo pode sim ser danoso uma vez que suprime o sistema imunológico e pode interferir na resposta da vacina. Há ainda estudos que comprovam que o uso excessivo de álcool freia o sistema imunológico e aumenta a chance de o organismo ser suscetível a infecções virais e bacterianas.
Cientistas sugerem que durante 20 dias pós-vacina, o álcool pode sim atrapalhar um pouco a produção de anticorpos. “O que chama atenção da comunidade médica é as pessoas estarem preocupadas com o consumo de álcool em vez de desejarem estarem saudáveis para que o organismo responda da melhor maneira possível”, pondera o infectologista Luis Filipe Fontes.
Diversos fatores influenciam a resposta imune às vacinas. Segundo Beatriz Rodrigues, infectologista, a eficácia de um medicamento pode variar segundo características do próprio indivíduo, como idade, comorbidades, genética, fatores nutricionais ou mesmo características relacionadas à própria vacina. “Os fatores comportamentais, como consumo excessivo de álcool, tabagismo, sono, entre outros, são alvos de diversos estudos”, completa.
Sobre o uso de tabaco, sabe-se que fumantes apresentam um risco maior de desenvolver formas graves da Covid-19. No entanto, como afirmam os médicos Alberto José de Araújo e Luis Maltoni, em artigo a Veja, o ato de fumar pode também favorecer a própria transmissão do vírus. Eles argumentam que a exposição a fumaça ou vapor de tabaco é o principal fator de risco a doenças respiratórias, uma vez que afetam a resposta imune do organismo e contribui para infecções virais e bacterianas. Portanto, é aconselhável evitar e/ou diminuir o uso de tabaco após a vacina, embora não existam estudos que atrelem o tabaco à diminuição de efetividade da vacina.
(Fontes BBC, Reuters, Uol, Saúde e CGN)