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Depois de ter sido pivô de disputa política (ainda é, na verdade), ser muito hostilizada e desprezada, a vacinação no Brasil tem avançado num ritmo acelerado, embora a doença esteja à frente ainda. Mas há sim motivo para comemorar. No Estado de São Paulo, o governador João Dória (PSDB) garantiu que toda a população será vacinada até setembro (ufa!), mas isso poderá se concretizar antes. A tão sonhada vacinação em massa, ao barrar a circulação do vírus, cria o que especialistas em saúde chamam de imunidade coletiva, que é a proteção de toda a população, incluindo de quem não foi vacinado — ou de quem foi vacinado, mas não conquistou a imunidade, na medida em que nenhuma vacina é totalmente eficaz.

Existem hoje três vacinas contra a covid-19 disponíveis para os brasileiros: a Coronavac, a vacina de Oxford/AstraZeneca e, desde abril, a Pfizer. Todas passaram por testes que comprovam sua segurança e eficácia contra o novo coronavírus, e sua aplicação é autorizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A vacina da Janssen da Johnson & Johnson chegou no final de junho ao Brasil. Com a vacinação, também aumentaram os relatos de reações e também as dúvidas. Veja abaixo, alguns esclarecimentos sobre as incertezas mais comuns.

 

Qual a diferença entre as vacinas?

Cada vacina é produzida com uma tecnologia para produção de anticorpos.

A CoronaVac utiliza o vírus inativado, ou seja, não possuem capacidade de replicação. O vírus é inativado por procedimentos físicos ou químicos, de modo que evite o desenvolvimento da doença, mas gera uma resposta imune. O esquema vacinal é realizado com duas doses.

A AstraZeneca recorre ao vetor viral, o adenovírus, que é modificado geneticamente e codifica a produção da proteína antigênica “S” do Sars-CoV-2. Ou seja, o vírus recombinante funciona como um transportador do material genético do vírus alvo, sendo um vetor inócuo, incapaz de causar doença. A vacinação também é realizada com duas doses, com intervalo entre elas de 12 semanas.

Já a Pfizer se vale do RNA mensageiro que dá comandos ao organismo para produzir proteínas presentes no coronavírus, estimulando o sistema imune a responder. Assim como a AstraZeneca, a Pfizer precisa de duas doses para imunização completa, com intervalo de 12 semanas entre as aplicações.

A Janssen, conhecida tecnicamente como Ad26.COV2.S, utiliza a tecnologia de vetor viral, um vírus enfraquecido que transporta os genes virais para dentro das células, estimulando a resposta imunológica. A mesma metodologia, considerada de 3ª geração, é utilizada nos imunizantes Oxford/AstraZeneca e Sputnik V. É dose única.

 

Qual vacina é mais segura e eficaz? É possível fazer distinção?

Todas as vacinas são seguras e eficazes. Independente da tecnologia utilizada, esses imunizantes foram testados, tiveram sua eficácia comprovada por meio de estudos, avaliados e reavaliados por cientistas, e são aplicados em larga escala no mundo todo. Os estudos apontam que as vacinas já auxiliaram a reduzir o internamento de idosos em leitos de UTI e acabar com surtos em Instituições de Longa Permanência para Idosos.

 

Por que tem que tomar duas doses?

Há diversas vacinas que precisam ser aplicadas neste modelo para que seja completado o chamado “esquema vacinal” e conferir a proteção adequada. Assim, as vacinas contra a COVID-19 utilizadas no país atualmente possuem esquema vacinal de duas doses, que deve ser completado, respeitando-se os intervalos entre as doses para obter a resposta imune esperada para a prevenção da doença.

 

A vacina é eficaz contra as novas variantes do vírus?

De acordo com um estudo feito com a vacina da Pfizer e da BioNTech, os anticorpos estimulados pela vacina demonstraram manter-se eficazes contra as novas variantes do coronavírus, tanto a mutação do Reino Unido como da África do Sul.

 

A vacina pode causar trombose?

Embora existam alguns relatos de pessoas que desenvolveram trombose venosa profunda ou embolia pulmonar após fazer a vacinação contra a COVID-19, o risco de desenvolver trombose é considerado extremamente baixo, parecendo acontecer apenas 1 vez em cada 175 mil vacinações. Já o risco da COVID-19 causar trombose é muito superior, ficando em torno de 15% e afetando especialmente as pessoas com infecção grave.

 

A vacina tem efeitos colaterais?

Importante ressaltar que as vacinas são muito seguras e que cada pessoa reage de forma distinta, seja por questões genéticas ou outras variáveis. Algumas pessoas podem sentir efeitos colaterais leves, como dor no local da injeção, dores musculares ou febre, mas eles passam rapidamente. Esses efeitos colaterais são resultado da resposta do sistema imunitário à vacina. Existem casos de pessoas que não apresentam nenhuma reação adversa após tomar a mesma vacina.

 

Após tomar a vacina, em quanto tempo a pessoa pode se considerar protegida?

Depende do imunizante. Os estudos demonstraram que a CoronaVac apresentou melhor eficácia após aplicação das duas doses no intervalo de duas a quatro semanas. A AstraZeneca apresentou eficácia maior nos estudos após 28 dias da segunda dose e a Pfizer, demonstrou maior eficácia, sete dias após a aplicação da segunda dose. Vale lembrar que, diante do atual cenário de transmissão comunitária da Covid-19, é importante compreender que a vacinação não produz uma resposta imediata para conter a circulação do vírus, mas é uma medida preventiva para reduzir a ocorrência de casos graves e óbitos a médio e longo prazo. E, com isto, é fundamental manter as medidas não farmacológicas de prevenção à transmissão do vírus, como uso de máscaras, distanciamento social, etiqueta respiratória, higienização das mãos, dos objetos de uso pessoal, entre outras.

 

A vacina garante imunidade ao vírus?

Não. A infecção pelo vírus pode ocorrer mesmo após a imunização, seja com uma ou duas doses. A vacina auxilia na produção de anticorpos para que a pessoa não desenvolva as formas graves da doença.

 

Quanto tempo dura a imunidade da vacina contra a Covid-19?

Ainda não há como estimar.

 

A vacinação contra a Covid-19 será necessária todos os anos, como a da gripe?

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), até o momento as pesquisas para determinar a duração da imunidade conferida pelas vacinas contra a Covid-19 seguem em andamento. Ou seja, essa ainda é uma pergunta sem resposta.

 

O que ocorre se a pessoa não tomar a segunda dose no intervalo estipulado?

Recomenda-se seguir o intervalo estipulado pelos fabricantes para garantir a eficácia da vacina. Caso ocorra atraso, a pessoa deve procurar o posto de saúde com a carteirinha de vacinação que comprove a aplicação da primeira dose e solicitar a segunda dose. Não é orientado reiniciar o esquema vacinal.

 

Quem já teve Covid-19 deve se vacinar?

Sim. O surgimento das variantes do vírus Sars-CoV-2 aumentam a chance de reinfecção da doença. Portanto a imunização por meio da vacina é indispensável.

 

O que fazer nos casos em que a pessoa pegou o vírus entre a primeira e a segunda dose?

O Ministério da Saúde recomenda que o esquema vacinal deve ser completado mesmo em casos de infecção pelo vírus entre as doses, desde que siga o prazo de quatro semanas após o início dos sintomas. Nos casos onde a primeira e segunda dose possuem prazos menores do que um mês, como com a CoronaVac, por exemplo, caso a pessoa pegue o vírus após a primeira dose, ela deve aguardar o prazo de quatro semanas e tomar a segunda dose, mesmo com atraso. O mais importante é que as pessoas não deixem de tomar a segunda dose, porque ela é tão importante quanto a primeira.

 

Depois de tomar a vacina, pode parar de usar a máscara?

Não. Além do uso de máscaras ser obrigatório em ambientes coletivos conforme lei, a utilização deste material pode evitar a contaminação e a disseminação do vírus, protegendo a pessoa que usa tanto de transmitir quanto de se infectar. Outros protocolos de higiene devem continuar.

(Fontes CNN, Uol, Saúde, Governo de São Paulo e Ministério da Saúde)