Mudar de carreira ainda é um tabu no mercado de trabalho. Deixar uma profissão envolve, além de insegurança, uma série de outros obstáculos. Porém, esse passo rumo a uma nova jornada tornou-se mais comum do que se imagina. Não importa quanto tempo de carreira o indivíduo tenha em uma área, os novos modelos de negócios e as novas gerações mostraram que é sempre tempo de mudar.
Segundo o relatório ‘Protegendo o Futuro do Trabalho’, realizado pela consultoria de cibersegurança Kaspersky, 53% dos brasileiros queriam mudar de profissão após a pandemia. Entre os motivos estão o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (50%), o desejo por um salário mais alto (49%), a busca por uma função mais significativa (31%), reduzir a quantidade de tempo trabalhado (31%) e trabalhar por prazer (14%).
De fato, uma pesquisa recente realizada pelo instituto ADP Research apontou que 4 em cada 5 brasileiros consideram mudar de emprego. E um dos motivos pela escolha é a vontade de empreender no Brasil. Esse é um dos maiores percentuais entre todos os 33 mil trabalhadores ouvidos em 17 países. O sentimento também é similar nos outros países latino-americanos ouvidos: 83% das pessoas no Chile querem mudar de carreira e 79%, na Argentina.
“Mudar de carreira, neste contexto, possui relação direta com a busca por melhor qualidade de vida. Não é somente ganhar mais, mas chegar ao final do dia com o sentimento de satisfação pelas realizações obtidas”, diz Mariane Guerra, vice-presidente de RH para a América Latina da ADP.
Por outro lado, uma grande parcela das pessoas que trabalham na Alemanha, Austrália, Canadá, China, Cingapura, Espanha, EUA, França, Holanda, Índia, Itália, Polônia, Reino Unido e Suíça não pretendem trocar de profissão.
O levantamento apontou também que a saúde mental precária está afetando negativamente o trabalho de cerca de 51% dos trabalhadores latino-americanos entrevistados. E o Brasil é o país mais afetado na América Latina, seguido pelo Chile, com 49%, e Argentina, com 38%.
Embora a maioria dos profissionais afirma que se sentem apoiado pelos gerentes, cerca de pelo menos um quinto dos brasileiros ressaltaram que seus empregadores não tomam medidas proativas para ajudar a melhorar a saúde mental no trabalho.
Para ajudar a realizar essa transição, seja com intuito de obter mais propósito e realização ou novos desafios e salários melhores, o consultor Guilherme Junqueira dá algumas dicas.
Faça um planejamento
Mudar de área envolve inúmeros fatores. Entre eles, estão a mudança de cultura empresarial, a introdução a uma nova equipe, salário e o estudo de novas áreas mais pertinentes para o novo trabalho. Portanto, antes de realizar a transição, é preciso que exista um planejamento prévio. Faça um estudo analítico incluindo possíveis gastos com cursos ou despesas inesperadas, como anda o mercado da área de interesse no momento da transição e, quem sabe, a participação em grupos de discussão para entender a avaliação sobre cursos e o momento da profissão. Também é indicado criar um cronograma com metas. Isso fará com que você diminua o estresse, reduza a ansiedade e evite possíveis erros e demoras nesse processo.
Pesquise sobre a nova área de interesse
Um dos passos mais difíceis na transição de carreira é conquistar a primeira vaga. Por isso, é importante se candidatar em processos seletivos. Com a escassez da mão de obra para alguns setores, como, por exemplo, o da tecnologia, é possível participar de processos seletivos ainda realizando cursos de especialização. Já durante o processo, a dica é que você demonstre ao entrevistador seu desejo em atuar na área, destaque seu processo de preparação e o seu interesse em se desenvolver. É fundamental que você encante o recrutador e o convença que seu perfil é o melhor, mesmo sem grandes vivências e experiência na função.
Busque mais conhecimento
Estude e vá atrás de mais conhecimento. É importante investir em cursos e/ou treinamentos para formar seu perfil profissional em termos de competências técnicas e comportamentais no propósito de atuar na nova área. Hoje, existe uma gama de possibilidades que vão desde cursos rápidos (pagos e gratuitos), especializações, faculdades e até, notícias, palestras, podcasts e vídeos informativos que podem te ajudar na construção do conhecimento. Independente do segmento de mercado que você esteja buscando, ele certamente estará em busca de profissionais qualificados. Por isso, investir em conhecimento é a chave para esse novo passo e deve ser algo recorrente no processo de desenvolvimento profissional de uma pessoa.
(Fonte G1, CNN e UOL)