Maps ou tradutor, ela é a voz que você ouve no Google e que virou ‘estrela’ de trotes e memes. A mulher que dá voz ao Google no Brasil tem 59 anos, é casada, mãe de dois filhos e moradora de São Paulo. Além de pronunciar as palavras em português, Regina Bittar é responsável, por tabela, pelas piadas e trotes feitos com a voz robótica do Google Translator na internet.
“Eu não acho estranho a minha voz estar em várias brincadeiras do YouTube porque aquilo é uma máquina. Para mim, é a voz do Google, não sou eu”, diz Regina, que diz não poder dar muitos detalhes sobre como foi a gravação. “O que posso falar é que participei de uma seleção com uma fonoaudióloga e comecei as gravações no início de 2009”. O recurso de voz da ferramenta de tradução gratuita do Google foi lançado em português em maio de 2010.
Regina Bittar foi a primeira locutora a gravar para o sistema do Google tradutor. Este foi um dos trabalhos que levou a locutora a ser personalidade conhecida entre os jovens nas mídias sociais.
Comunicadora com mais de 20 anos de atuação como locutora no mercado publicitário, mestre de cerimônias e apresentadora. Ficou conhecida por ter sido a primeira voz do Google tradutor e a primeira voz da Siri no Brasil. Recentemente lançou sua plataforma online com cursos online, mentoria e speech coaching sobre Voz & Mercado.
Como primeira mulher eleita presidente do Clube da Voz, associação com mais de 25 anos de existência formada por locutores publicitários, foi produtora executiva da série Ouço Vozes e mentora da plataforma EAD E-loc. Foi pauta da primeira página do jornal O Estado de S. Paulo e deu entrevistas sobre sua carreira no Programa do Jô, The Noite com Danilo Gentili, Revista Época, Veja Online, G1, Globo News e TV Record.
Sua voz é ouvida em programas TV: The Wall no Caldeirão do Huck, A Vila no Multishow. Em comerciais televisão : Leroy Merlin, Cif multiuso, Extra Supermercados , Disney Pandora, entre outros e também em apps de tecnologia que utilizam sistemas TTS e GPS, como o carplay de automóveis. Como apresentadora de vídeos, seminários e eventos corporativos atendeu empresas como: Kroton, Alelo, OI, 3M, Atlas Schindler, Bradesco, Johnson & Johnson, GE – General Electric, CA – Computer Associates.
Responsável pela locução de diversos comerciais de TV, Regina já está acostumada a ouvir a própria voz, mas no caso do Google Tradutor é diferente. “Na primeira vez que usei a ferramenta, eu ria sozinha. Apesar dos anos, ainda tomo sustos. Até hoje me impressiono com o que fiz”, conta. “Recentemente, eu comprei um iPhone e um amigo me disse: ‘você também está lá’”, diz a locutora sobre o aplicativo do Google para o smartphone da Apple.
Regina usa frequentemente o Google Tradutor. Além de fazer consultas em inglês, ela também usa o português para saber como se pronuncia as palavras. “Um dia fui gravar um institucional e tinha o termo ‘absenteísmo’. Por não saber como se falava, consultei a ‘voz do Google’ e deu certo”.
A curiosidade por saber quem está por trás da voz vem da época do rádio, segundo Regina. “Todo mundo imaginava como eram os locutores”. Ela conta que até hoje a profissão chama a atenção das pessoas. “Quando eu falo que trabalho com locução, muita gente me pede: ‘Ai, fala alguma coisa’”. O trabalho para o Google aumentou a curiosidade. “Fui em um casamento esses dias e a noiva distribuiu câmeras fotográficas para todo mundo. Pedi para os meus amigos fazerem pose e eles disseram: ‘Só se você pedir com a voz do Google’”.
O Google Tradutor não foi o primeiro trabalho que Regina gravou para uma “máquina”. No início dos anos 2000, ela era a apresentadora da assistente virtual lançada pela Gradiente, a “Mediz”. A partir de um reconhecimento de voz, os usuários ligavam para o portal e tinham vários locutores de plantão que davam notícias sobre trânsito e tempo. “Essa foi uma experiência forte, era como se a máquina fosse uma pessoa. Teve uma moça que ligou desesperada porque o namorado estava apaixonado pela ‘Mediz’. Sempre existiu esse fetiche pela máquina”.
Para gravar o Google Tradutor, Regina usou uma voz pausada e linear, ou seja, sem emoção ou musicalidade. “Há diferenças de linguagem para cada veículo. O rádio, por exemplo, é áudio puro, sem imagens, por isso a interpretação é mais acentuada”, explica. Segundo Regina, a voz eletrônica não pode ser muito rápida nem coloquial, pois quem está ouvindo não irá prestar atenção. “A voz é a mesma, o que muda é o tom. Na minha opinião, o locutor é como o vinho, vai ficando cada vez melhor. Com o tempo, você aprende a usar o seu ‘instrumento’”.
Antes de começar sua carreira como locutora, Regina trabalhou na mídia impressa, no jornal “A Tribuna”, de Santos, cidade onde nasceu. Logo depois, ela começou a fazer uma revista de moda que circulava pela cidade. Certa vez, o diretor artístico da revista disse a Regina que ela tinha um timbre lindo e deveria ser locutora. “Ele, então, me convidou para fazer uma propaganda. Logo depois, quando a revista acabou, ele me convidou para apresentar uma rádio-revista. As pessoas começaram a gostar da minha voz. O rádio é maravilhoso porque você tem um retorno imediato dos ouvintes. E eu acabei me encantando”. Depois de ir morar no exterior, Regina voltou para São Paulo e decidiu focar sua carreira como locutora. “Antes de começar no rádio, resolvi trabalhar em estúdio e tive a oportunidade de gravar com grandes locutores do Clube da Voz. Meu grande objetivo era ser locutora do grupo, que foi uma grande escola”. O Clube da Voz foi fundado em novembro de 1992 e reúne locutores que atuam em publicidade. Hoje, o grupo é formado por radialistas, jornalistas, publicitários, atores e dubladores.
(Fontes G1, UOL e www.reginabittar.com.br)