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Recentemente, Xuxa, cinquentona, postou uma foto sem maquiagem em suas redes sociais e foi alvo de duras críticas por “estar velha”. “Só não envelhece quem morre cedo”, disse em sua “defesa”. As rugas de Luciana Gimenez também incomodaram os seguidores da apresentadora na internet. Já a atriz Claudia Raia, também cinquentona, costuma se esquivar desse tipo de julgamento no Instagram abordando a maturidade sem tabus em uma série de vídeos. E nem a rainha do pop saiu ilesa: com mais de 60, Madonna foi “orientada” por fãs, a deixar a sensualidade de lado em seus clipes.

Afinal, envelhecer é crime? Ter rugas e ser sexy é algo incompatível? É motivo de vergonha chegar à maturidade? Em alguma medida, a resposta para essas três perguntas é sim. Pelo menos na nossa cultura, ressalta a antropóloga Mirian Goldenberg – cultura na qual “o corpo é um capital para as brasileiras”. Por isso, passar dos 45 anos e se deparar com cabelo branco, rugas e flacidez – por mais natural que a passagem do tempo seja – pode se tornar uma fase extremamente dolorosa. Só que Mirian, autora de livros como A Bela Velhice (2013) e Liberdade, Felicidade & Foda-se (2019), garante que há uma mudança de mentalidade em curso. “Ainda existe quem policia o envelhecimento feminino, mas cresce muito o número daquelas mulheres que defendem uma liberdade maior de envelhecer em paz. Elas estão exaustas dessas cobranças, da social, da externa e da interna. Há uma reação, a busca por caminhos para envelhecer de forma diferente.

Na mira da opinião alheia, as artistas têm se posicionado fortemente sobre o tema. Em entrevista Claudia Raia pontuou: “Idade não me define. Quero que sejamos vistas assim, na nossa completude”. Xuxa também foi enfática: “ Só não envelhece quem morre cedo”.

Para a maior parte das mulheres a menopausa se transforma em um grande desafio, junto com o envelhecimento. As mudanças hormonais resultam em quilos extras, além dos altos e baixos na libido e no sono.  Felizmente, há uma parcela significativa do público feminino entre 45 e 65 anos que se sente cada vez mais segura para viver a maturidade sem tanta cobrança. Uma pesquisa encomendada pela Avon em 2016 apontou que 68% das entrevistadas acreditam que as mulheres mais velhas são mais valorizadas hoje do que eram há 10 anos. Já 65% afirmam não se preocupar com a opinião dos outros para se sentir feliz com a aparência, e sete entre 10 se enxergam bonitas.

A escolha de muitas mulheres em deixar fios brancos à mostra funciona como um manifesto pelo direito de envelhecer, avalia Jane Felipe, professora da Faculdade de Educação da UFRGS e integrante do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero. A pesquisadora conta que muitas mulheres se sentem invisíveis nessa faixa etária e acabam agindo como se pedissem desculpas por chegarem à maturidade: “O embranquecimento dos nossos pelos demarca a existência de um corpo no estado natural, os corpos envelhecem. Exibir esse cabelo branco é um ato político, principalmente para as mulheres entre 40 e 50 anos. Assim como há outros movimentos de mulheres que decidem não se esconder e mostrar os corpos. É uma denúncia por uma violência contra as mulheres, essa exigência que elas permaneçam em determinado corpo”.

Não há manuais ou conselhos, apenas uma única dica: seja você mesma, sempre, desde que esteja de bem com você! Não é problema envelhecer. O problema é não ser feliz.