A virtude é uma palavra utilizada para demonstrar a busca humana por uma vida equilibrada e com o que há de mais positivo. Ser virtuoso, portanto, é ter uma boa essência, realizar boas ações motivadas por sua índole. É uma qualidade moral e um atributo positivo de um indivíduo que possua disposição para praticar o bem. Trata-se de uma inclinação genuína para o caminho da retidão, com hábitos que conduzam para a realização de boas ações. A virtude acontece quando há um equilíbrio perfeito entre os princípios morais e a vontade humana.
Na filosofia moderna virtude passou a significar a força da alma ou do caráter, também designa a disposição para fazer o bem, é uma força que o homem revela na realização do seu dever. A origem da palavra vem da Grécia Antiga com o termo aretê, que significa excelência. Para os filósofos gregos as virtudes não são inatas, são adquiridas através da repetição de atos, da reflexão e da experiência. Eles vão gerar um costume e para se tornarem virtudes devem ter a justa medida, assim poderão contribuir para completar com excelência a natureza humana que deve agir conforme a razão.
Algumas virtudes estão associadas à inteligência, tais como: a reflexão, a capacidade de raciocinar, o diálogo, a busca pelo conhecimento. Outras estão associadas à ideia de fazer o bem, como fugir das tentações, ser prudente, estar de acordo com as noções da ética e da justiça, ou seja, virtude moral é a ação ou comportamento moral condizente com a ética.
O que distingue o homem dos animais é a racionalidade, mas a razão somente não basta, é necessário também o desejo, a educação, o hábito e a memória para fazer dele um ser virtuoso. A virtude de um homem é o que o faz humano, ele adquire um poder especifico para afirmar sua excelência, ou seja, a sua humanidade. Alguns exemplos de virtude são: a polidez, a prudência, a temperança, a lealdade, a coragem, a justiça, a generosidade, a compaixão, a misericórdia, a gratidão, a humildade, a simplicidade, a tolerância, a pureza, a doçura, a boa-fé, o humor e o amor.
Nos dias de hoje essas virtudes estão sendo colocadas em segundo plano e trazem consequências devastadoras para a vida e o convívio social. Ao tomarmos como parâmetro a prudência, percebe-se o quanto ela faz falta. A prudência quase desapareceu do vocabulário moral contemporâneo, como se dela prescindíssemos. Ela condiciona todas as outras virtudes, se coloca a serviço das mesmas. A sabedoria sem a prudência seria loucura. A prudência é a disposição que permite deliberar corretamente sobre o que é bom ou mau para o homem. É o que poderíamos chamar de bom senso, o qual estaria a serviço de uma boa vontade. Ela leva em conta o futuro, na medida em que dependerá dele. Ela é o que separa a ação do impulso, o herói do desmiolado. No fundo, é o que Freud chamou de princípio da realidade, ou pelo menos a virtude que corresponde a ele. Trata-se de desfrutar o mais possível e de sofrer o menos possível, mas levando em conta as imposições e incertezas do real.
O início do ano foi marcado, mais uma vez, por tragédias, como as enchentes, os desabamentos em Minas Gerais na Usina de Furnas, Capitólio, além da continuação da pandemia com novas cepas e o vírus da gripe. A virtude da prudência poderia evitar ou diminuir as consequências da maioria dessas tragédias. Agir com prudência seria tomar cuidado com os perigos como navegar na chuva perto de encostas, construir casas à beira de precipícios, destruir a vegetação que as protegeria. Quanto às doenças, a falta de cuidado consigo e com os outros faz com que o vírus se espalhe rapidamente. Pessoas e gestores prudentes deveriam ser capazes de antever o perigo iminente de tantas tragédias. O homem prudente é atento, não apenas ao que acontece, mas ao que pode acontecer.