Eis, em foto de 1961, o lugar em que Avaré surgiu
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 Oficialmente o município que desde 2002 é uma estância turística está completando 160 anos de fundação. Porém, há indícios de que a região começou a ser povoada bem antes do ano de 1861. Declaração assinada pelo major Vitoriano de Souza Rocha, datada de 1855, aponta que sua comitiva já estava instalada no sertão do Rio Novo desde meados do século dezenove. O raro documento é guardado no acervo do Instituto Histórico e Geográfico de Avaré.

Contudo, será muito difícil comprovar o ano, o mês e o dia em que a fundação aconteceu, pois inexistem fontes documentais para elucidar a questão.

As mais remotas informações foram anotadas pelo tabelião Manoel Marcellino de Souza Franco, o popular Maneco Dionísio, em sua “Memória Histórica do Município de Avaré”, publicada em 1909. Nela se lê os nomes dos pioneiros: “Concorreram para essa fundação, com serviços e prestígio pessoal, José Antonio do Amaral, Generoso Teixeira, Antônio Bento Alves, Jacintho Gomes de Moraes, Dionísio José Franco e outros, cujos nomes são ignorados, os quais deixaram numerosos descendentes”.

Em termos de data, porém, a única mencionada pelo primeiro memorialista da região é 15 de maio de 1862, data em que os posseiros Vitoriano de Souza Rocha e Domiciano José de Santana lavraram a escritura de doação no Cartório de Botucatu, gesto esse que deu origem ao Patrimônio de Nossa Senhora das Dores do Rio Novo, “constituído de cinquenta alqueires de terreno ou vinte e sete hectares”.

Região já era povoada antes de 1861

Data simbólica

O 15 de maio de 1862 poderia ser tido como a data da fundação oficial? Até poderia, pois nela ocorreu o histórico fato já documentado. Mas e o 15 de setembro?

Havíamos escolhido o dia 15 de maio, pois as escrituras são documentos irrefutáveis. Todavia, optou-se pelo 15 de setembro, dia em que a Igreja celebra as Dores de Nossa Senhora”, relatou a cronista Anita Ferreira De Maria.

Com efeito, em 6 de setembro de 1956, após passar pelo crivo político da Câmara de Vereadores, o prefeito Paulo Araújo Novaes sancionou a Lei nº 52 que oficializou “por tradição histórica e religiosa” o dia 15 de setembro de 1861, como a data oficial do município por ser o da festa de sua padroeira.

É uma data, portanto, simbólica e se relaciona mais à festa litúrgica da padroeira e nada tem a ver com a fundação propriamente dita. O documento que derruba 1861 como ano fundacional foi colhido pelo pesquisador Gilberto Fernando Tenor em arquivos antigos do judiciário: é um manuscrito do próprio fundador, Vitoriano de Souza Rocha, já dividindo suas terras com os filhos, em 1855.

Manuscrito do major Vitoriano, de 1855, em que divide suas terras com os filhos.

Gesiel Júnior

Especial para o In Foco