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O PCC (Primeiro Comando da Capital) ameaçou matar uma médica que examinou a mulher de um preso da Penitenciária 1 de Avaré, apontada inicialmente como suspeita de ter entrado na unidade prisional com objetos ilícitos no corpo, no dia 15 de julho deste ano, dia de visita ao marido. O fato foi registrado em uma reportagem especial do colunista Josmar Jozino, no portal UOL.

Nada de ilícito foi encontrado com a visitante. Presos ligados ao PCC entenderam que a mulher sofreu constrangimento e revista vexatória. Segundo a SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), a facção criminosa disponibilizou R$ 250 mil para concretizar o atentado.

O serviço de inteligência da SAP apurou que a ordem do PCC era para arrancar os braços da médica, matá-la e também assassinar o diretor do hospital e funcionários do sistema prisional paulista. Endereços dos alvos já teriam sido, inclusive, levantados por integrantes da organização criminosa.

Assim que a mulher passou pelo scanner corporal do presídio, o dispositivo que detecta objetos dentro do corpo, sinalizou uma imagem suspeita. A visitante foi imediatamente barrada por policiais penais e conduzida a uma unidade de saúde.

Segundo a SAP, a própria mulher do preso manifestou por escrito à direção da penitenciária o desejo de ser encaminhada ao posto de saúde. Uma médica atendeu e examinou a visitante no plantão. Não havia nada de ilícito no corpo dela.

No dia 25 de julho, um grupo de presos do Pavilhão 1-B cobrou explicações da diretoria da unidade por entender que a mulher do prisioneiro e outras visitantes passaram por procedimentos vexatórios, invasivos, mesmo sem cometer qualquer ilegalidade.

Os presos do Pavilhão 1-B foram orientados a retornar às celas. Na versão da SAP, os detentos não cumpriram a determinação, tentaram subverter a ordem e o GIR (Grupo de Intervenção Rápida), espécie de tropa de choque do sistema prisional, foi acionado.

Os homens do GIR dispararam bombas de efeito moral e balas não letais para dispersar os presos. Ao menos oito presidiários foram atingidos. A SAP alegou que foi necessário o uso moderado da força para controlar a situação na penitenciária.

Juízes-corregedores inspecionaram o presídio

No último dia 15 de julho, dois juízes-corregedores de Bauru fizeram uma inspeção na Penitenciária 1 de Avaré para apurar se houve excesso por parte dos agentes do GIR. Peritos do IML (Instituto Médico Legal) constataram que seis presos sofreram ferimentos de natureza leve.

O Nesc (Núcleo Especializado de Situação Carcerária), da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, foi comunicado sobre o episódio e solicitou às autoridades prisionais imagens de todas as câmeras de segurança da unidade referentes ao dia 25 de julho para coleta de possíveis provas.

Os defensores ouviram e fotografaram os presos envolvidos no episódio. Alguns mostraram as lesões sofridas. Os prisioneiros relataram que não ofereceram resistência aos homens do GIR. Acrescentaram que os agentes já chegaram atirando.

Agentes penitenciários revelaram à reportagem do colunista do UOL que um preso da P-1 de Avaré, apontado como o mandante da ordem para matar a médica, o diretor de hospital e servidores da unidade, foi internado por 60 dias em castigo no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) de Presidente Bernardes (SP).

 

(fonte https://noticias.uol.com.br/colunas/josmar-jozino/2023/09/05/pcc-ameaca-matar-medica-que-examinou-mulher-de-presidiario-em-avare-sp.htm)