A sociedade evoluiu rapidamente nas últimas décadas e essa evolução ocorreu também nas famílias. Existem ciclos pelos quais elas passam ao longo de sua formação, desenvolvimento, amadurecimento até sua extinção. Durante esses ciclos as demandas familiares se modificam. Quando as famílias têm filhos os cuidados são distintos. O cuidado com os bebês são intensos e desgastantes. Com o crescimento das crianças, a entrada na vida escolar os cuidados mais uma vez são extenuantes. Quando tornam-se adolescentes, o relacionamento pode ficar complicado tendo em vista a transformação física e emocional natural da idade. Até esse momento os filhos estão na casa dos pais.
Ao saírem da adolescência muitos jovens começam a fazer planos. Alguns entram na faculdade ou vão estudar em cursos preparatórios para os vestibulares, outros começam a trabalhar, cuidando da carreira. Assim, passam a desejar ter liberdade para decidir a própria vida, até mesmo ter um relacionamento. Neste momento os pais, que até agora estavam envolvidos com o desenvolvimento, educação e saúde deles, percebem que o seu propósito já se cumpriu. Alguns pais podem experimentar um sofrimento em relação a essa nova fase da vida. Quando o sofrimento dos pais ou de apenas um deles passa a ser permanente e contínuo, há o desenvolvimento da síndrome do ninho vazio.
Síndrome do ninho vazio é um conjunto de sintomas que alguns pais experimentam no período em que os filhos saem de casa, para a faculdade, carreira ou relacionamento. Os sintomas podem incluir solidão, pesar e perda de propósito. Todos esses sintomas são esperados e estão dentro do padrão de normalidade no desenvolvimento das famílias. O que não pode ocorrer é que esses sentimentos tornem-se permanentes na vida do indivíduo fazendo com que um sofrimento maior possibilite o surgimento de patologias, como a depressão, a síndrome do pânico, o alcoolismo, entre outros.
A síndrome do ninho vazio parece estar ligada a algumas culturas. Em países onde as pessoas estão acostumadas e preparadas para se separarem dos filhos não há grandes mudanças, como nos Estados Unidos. Em outras culturas, nas quais, principalmente, as mulheres se dedicam exclusivamente à criação dos filhos, existe um sofrimento maior que pode favorecer o surgimento da síndrome do ninho vazio e, consequentemente, de algumas patologias. Além disso, a saída dos filhos de casa muitas vezes coincide com a mudança na fase de vida dos pais como, por exemplo, a aposentadoria, o início da menopausa nas mulheres, são fatores que podem interferir na elaboração desse momento de vida.
Algumas atitudes podem ajudar os pais a passar por esse período com menor grau de sofrimento como: manter o contato social, fortalecendo laços de amizade, continuar com as atividades que já desenvolviam ou desenvolver novas atividades, praticar atividades físicas prazerosas, dedicar-se a alguma atividade beneficente, retomar projetos pessoais que foram pausados em benefício do cuidado com os filhos e principalmente buscar ajuda especializada de um psiquiatra ou psicólogo quando sentir que não consegue lidar com o sofrimento.