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No dia seguinte após a manifestação realizada ontem em Avaré pedindo justiça no caso da morte da jovem Yandra Nitsche Prestes, 25 anos, o IML (Instituto Médico Legal) fez um laudo “complementar” comprovando as agressões que ela havia sofrido dois dias antes.

A informação foi dada com exclusividade ao in Foco pelo delegado da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) Marco Aurélio Gonçalves Gomes.

Sobre o exame pericial do médico legista, o IML nos encaminhou um novo laudo necroscópico, complementar ao primeiro, fazendo menção aos ferimentos externos que Yandra apresentava”, disse ele em entrevista.

Essa confirmação pode ser encarada como uma “vitória” da família que havia contestado o laudo inicial, já que ele não fazia qualquer menção as marcas de violência que Yandra apresentava.

Outro lado da investigação ainda não foi concluído. “O laudo do exame pericial do Instituto de Criminalística ainda não foi concluído. A estimativa é que ele seja encaminhado à DDM após o dia 15/03”, informou Gomes.

Ainda na entrevista, o responsável pela DDM disse que o ex-companheiro da vítima, já foi ouvido. “O acusado de agressão já foi ouvido e apresentou a versão dele, porém não pretendemos tornar público o que foi falado, por conter assuntos que envolvem a intimidade das pessoas envolvidas no caso”, argumentou. O delegado também frisou que o exame pericial no aparelho celular da vítima ainda não foi realizado.

 

Sobre o caso

Ontem, 13 de março, dezenas de pessoas participaram do ato de solidariedade realizado na Concha Acústica em Avaré em homenagem a Yandra. A manifestação pacífica pediu por justiça no caso que chocou Avaré como forma de sensibilizar as autoridades para as inconsistências do crime.

Marcada pela emoção, a manifestação teve depoimentos de amigos e da família, que foi unânime em reforçar a importância de apoiar outras mulheres na luta contra a violência doméstica.

Yandra foi encontrada morta em sua casa no parque Jurumirim pela própria mãe, dia 19 de fevereiro. Inicialmente havia a hipótese de suicídio, mas depois de algumas inconsistências o caso também deve ser investigado como suposto feminicídio.

Como já divulgado, a vítima vinha sofrendo em um relacionamento abusivo com  L.D.B. e dois dias antes da morte, na madrugada do dia 17, registrou boletim de ocorrência por agressão, mas infelizmente o exame de corpo de delito só foi marcado para a segunda-feira, quando ela lamentavelmente foi encontrada morta.

O in Foco teve acesso ao laudo necroscópico (autorizado pela família) que apontava causa da morte como asfixia por enforcamento. Em nenhum momento o laudo citava as marcas das agressões, cujas fotos também a reportagem teve acesso – fato que deixou a família da vítima totalmente chocada e revoltada.

O laudo e as fotos foram mostradas em uma reportagem ontem (clique aqui para ver).

A família contestou o laudo, considerando que as lesões são desapareceram antes da morte. O in Foco entrou em contato com o médico legista Poio Novaes, mas ele insistiu que o documento está correto e afirmou que não havia lesões, enfatizando que há fotos da necropsia, as quais a reportagem não teve acesso.

Agora, com este “laudo complementar” pelo menos há a confirmação que a família pedia: a verdade das agressões. A polícia não explicou o que motivou essa alteração no laudo.