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O vereador Flávio Zandoná (Cidadania), investigado por uma fala tida como homofóbica, depôs essa semana na Comissão Processante (CP) e admitiu que teria sido infeliz em sua colocação.

A CP investiga a denúncia feita pelo munícipe Paulo Proença que acusa o vereador de ter sido homofóbico, depois que ele (Zandoná) teria se referido a Proença como ‘gazela’, após uma postagem do munícipe criticando o edil.

Acompanhado de sua advogado Vera Cristina Fernandes, Zandoná leu uma longa carta na qual se retrata e “retira” sua fala. Com uma leitura sofrível, o vereador admitiu que foi infeliz em sua colocação e frisou : não sou homofóbico”.  “Não posso perder o mandato (…) por ter supostamente ofendido um único cidadão”, disse ele.

O depoimento demorou mais de uma hora e foi transmitido pela fanpage oficial da Câmara Municipal, onde ocorreu a oitiva; a demora se deu por conta de perguntas e respostas repetitivas e discussões entre a defesa do vereador e integrantes da CP, Luiz Claudio da Costa e Hidalgo de Freitas. Por várias vezes, a defesa não deixou Zandoná se manifestar com relação a questões que considerou “irrelevantes” e os vereadores constaram em ata as divergências.

O presidente da Comissão Processante (CP) vereador Leo Ripoli (PTB), informou ao in Foco, que “a partir de segunda, a defesa tem o prazo de 5 dias para apresentação do seu relatório final de defesa. Após esse prazo e apresentação, é que a comissão tem o seu prazo para apresentação do relatório final da CP”.

 

Carta aberta

Na tarde de ontem (28), a assessoria de Zandoná enviou a toda imprensa, uma carta aberta em resposta a uma reportagem veiculada por um veículo de comunicação – resposta também encaminhada a todos jornalistas.

Reproduzimos abaixo, trechos da carta, embora ela tenha sido direcionada a outro órgão de comunicação, respeitando sempre a ética em abrir espaço para todos envolvidos.

(…)  Obviamente eu estava bastante nervoso e ao realizar a leitura de uma carta em minha defesa, tive dificuldades, pois ali se tratava de uma longa vida pública, onde pessoas me confiaram um poder para representá-las junto ao Parlamento. Ali não estava apenas em questão a possibilidade de perda do mandato, mas a minha história de vida pública, já no segundo mandato, respeitando e ouvindo a população avareense.

Para mim, é extremamente dolorido, após tantos anos de dedicação à vida pública, muitas vezes renunciando ao convívio familiar, ter o meu nome envolvido de forma agressiva, em uma questão tão séria e urgente quanto a homofobia.

Todos os que me conhecem e comigo convivem, sabem da minha índole e do meu comportamento, tanto na vida pública quanto na vida privada, onde sempre procurei pautar-me pela ética, moral e princípios de justiça e respeito a todos.

Minha reputação ilibada me dá o direito de me defender de acusações tão graves.

Neste momento me vejo acusado por uma pessoa, e aqui coloco no singular, pois apenas uma única pessoa me faz acusações gravíssimas relacionadas a questões homofóbicas. Vejam só… apenas uma pessoa, dentre tantas centenas que me conhecem e em mim confiam, apenas esta pessoa me acusa de tal crime. Não me sentir desconfortável e bastante nervoso seria não me preocupar com tantos anos de dedicação a essa cidade e com a opinião dos meus amigos aos quais represento.

Tenho medo sim, mas não de perder o cargo de vereador, apesar de este ser bastante importante para mim, mas o medo maior é de sair da vida pública de forma injusta, depois de tanto ter contribuído para esta cidade, principalmente por saber que a acusação que me faz essa pessoa, nada tem de verdadeira.

Na matéria acima destacada, onde se ventila sobre eu ter assumido erro em fala homofóbica, informo que, realmente, concordei que a fala naquele momento na tribuna da Câmara, em descontrole emocional, proferi uma única palavra que ensejou toda essa questão. Ora, além de edil, representante do povo que me escolheu para representá-los, sou um ser humano, e como tal não tenho a pretensão de ser perfeito, e nesta mesma condição, sei admitir quando cometo erros.

Não pretendo justificar a minha palavra proferida de modo inadequado, pois realmente foi um erro, mas daí a me considerar um criminoso, homofóbico e inadequado para participar da vida pública é uma tremenda injustiça.

Um dos questionamentos que faço acerca dessa matéria veiculada é: porque a imprensa, tão importante na busca da justiça, não fez nenhum artigo referente aos meus tantos apoiadores, homoafetivos e heteroafetivos, quando do momento de seus depoimentos naquela mesma Casa?

A única coisa que me vem à mente é que essa foi uma matéria tendenciosa por parte dessa mesma imprensa, pois esses depoimentos favoráveis não gerariam tanta audiência quanto uma informação dada de maneira inadequada.

Dessa forma, diante do prejuízo que a matéria me causou, e do comportamento de parte da imprensa avareense, informo que essa Carta será encaminhada aos representantes municipais e estaduais da Associação Paulista de Imprensa.

Afinal, informo que sou um opositor ferrenho de qualquer tipo de discriminação, seja ela de raça, cor, religião, sexo etc. e que sempre me coloquei ao lado de pessoas que sofram qualquer tipo de preconceito, ressaltando que os vereadores da Câmara Municipal de Avaré sabem desse meu comportamento, portanto, tenho a convicção de que não terei os meus direitos cassados por questões políticas, de forma injusta por aquela Casa.

Flávio Eduardo Zandoná”