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A morte da jovem Franciele Cristina Bruder de apenas 28 anos comoveu Avaré na manhã de hoje (11). Franciele era portadora de anemia falciforme, uma doença genética que altera o formato dos glóbulos vermelhos, causando anemia e também muita dor. Por causa da doença ela tinha que se submeter continuamente a transfusões de sangue.

O problema é que ela tinha um tipo de sangue raro. No dia 25 de novembro do ano passado, ela e a auxiliar de saúde bucal Carla de Souza foram temas de uma matéria do G1. Nesta data se comemora o Dia Nacional do Doador de Sangue e a auxiliar há dois anos era doadora para Franciele.

Como ao longo da vida Franciele já recebeu 110 transfusões, seu sangue criou anticorpos que a obrigavam a receber um sangue muito específico. E esse “sangue raro”, com vários fatores além do tipo e do RH, é o tipo sanguíneo da Carla.

Semanas antes da reportagem, as duas se encontraram pela primeira vez em 2021, quase dois anos após estarem unidas pelo sangue. O encontro aconteceu no Hemocentro do Hospital das Clínicas (HC), de Botucatu (SP).

“Ai, que emoção. Estou muito agradecida por você ter feito isso [doação do sangue raro] por mim. Se não fosse você, nunca sairia de lá [internação]. Muito obrigada mesmo, agora você é minha irmã”, disse Franciele para Carla no momento do encontro.

Para se ter uma ideia de como o sangue que Franciele precisava, e que a Carla doava, o Hemocentro do HC possui mais de 10 mil doadores e só 138 deles têm o tipo considerado raro. E mesmo assim, apenas três doadores foram compatíveis com Franciele.

Na época, a biomédica Patrícia Carvalho Garcia, coordenadora do Hemocentro do HC, disse a reportagem que quando um paciente como Franciele entra em uma crise chamada de crise álgica, ela precisava rapidamente receber uma transfusão para a melhora dos sintomas de dor.

E para encontrar quem seja compatível com um sangue tão raro é uma corrida contra o tempo. Além de quem possui a anemia falciforme, esse tipo de sangue específico é uma demanda de pacientes oncológicos, com doenças crônicas, gestantes e recém-nascidos

“Muitas vezes eu não encontro dentro da família do paciente alguém compatível, então eu preciso buscar dentro das pessoas que doam sangue essas características especiais, esses mais de 300 fenótipos que são incomuns na maioria da população”, explicou a biomédica.

E a Carla, com seu “sangue raro”, já estava nesse banco de doadores quando a Franciele precisou. Infelizmente nem isso mais adiantou.

(Fonte G1 | Foto acervo rede social)