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Você já deve ter ouvido falar que o intestino é nosso segundo cérebro, mas a verdade é que pouquíssimas pessoas sabem por quê. Esse cérebro “independente” e sua complexa comunidade microbiana influem no nosso bem-estar geral. Tem mais neurônios que a espinha dorsal e age independentemente do sistema nervoso central. Pesquisas já comprovaram que a função do nosso sistema digestivo vai muito além de simplesmente processar a comida que ingerimos. Há estudos, inclusive, que investigam se ele pode ser usado para o tratamento de doenças mentais ou do sistema imunológico.

“Diferente de qualquer outro órgão do corpo, nosso intestino pode funcionar sozinho. Tem sua própria autonomia para tomar decisões, não precisa que o cérebro lhe diga o que fazer”, explica a médica australiana Megan Rossi, especialista em saúde intestinal.

O que “governa” o intestino é o chamado sistema nervoso entérico (SNE), que é uma “sucursal” do sistema nervoso autônomo do corpo – o responsável por controlar diretamente o sistema digestivo.Esse sistema nervoso se estende pelo tecido que reveste o estômago e o sistema digestivo, e possui seus próprios circuitos neurais.Embora funcione de forma independente, ele se comunica com o Sistema Nervoso Central (SNC) através dos sistemas simpático e parassimpático.

Segundo Rossi, isso torna a saúde do nosso intestino a chave para nossa imunidade às doenças, já que cerca de2.70% das células do nosso sistema imunológico vivem no intestino. A especialista diz que as pesquisas mais recentes indicam que, se você tem problemas intestinais, é mais provável que seja mais vulnerável a doenças comuns, como uma gripe, por exemplo. O intestino também está ligado aos seus níveis de estresse e ao seu estado de ânimo. Se você tem problemas intestinais, segundo Rossi, “algo fundamental que precisa fazer é observar a quanto estresse você está submetido”.

Os cientistas ainda estão tentando entender de que forma os chamados neurônios ‘abdominais’ agem sobre o cérebro. Mas ficou provado que o intestino realmente pode mandar na cabeça – e, como qualquer pessoa que já teve dor de barriga porque ficou ansiosa sabe, também pode ser influenciada por ela. E esses processos são influenciados por bactérias.

Pesquisadores da Universidade McMaster, no Canadá, descobriram que ratos com maiores níveis de bactérias lactobacillus e bifidobacterium no sistema digestivo são menos ansiosos. E o oposto também é verdadeiro. Outros estudos já encontraram relação entre a falta de lactobacillus e doenças como depressão e anorexia. As bactérias do sistema digestivo também estão relacionadas ao sono.

Estudos mais recentes sugerem que a bactéria H. pylori, por exemplo, também desempenha um papel importantíssimo para o organismo: controla a produção de grelina, o hormônio que controla a sensação de fome. Foi isso o que revelou o médico Martin Blaser, da Universidade de Nova York. Ele descobriu que a H.pylori, que até os anos 1980 era comum no estômago dos americanos, hoje se tornou rara. E é isso que pode estar fazendo as pessoas comerem mais e engordarem – porque, sem essa bactéria, o sistema digestivo não dá o sinal para a pessoa fechar a boca.

Desde que a ciência descobriu as bactérias (graças ao cientista holandês Antoine van Leeuvenhoek, em 1676), a humanidade sempre desprezou, odiou e temeu essas criaturas. Com alguma razão: podem causar infecções mortais. Mas o fato é que as bactérias nem sempre são nocivas. A maior parte é fundamental para o organismo – tanto que o corpo humano abriga uma enorme quantidade delas. Um homem de 1,70 m e 70 kg possui aproximadamente 30 trilhões de células humanas, segundo um estudo publicado este ano pelo WeizmannInstituteof Science, de Israel. E 39 trilhões de bactérias. Ou seja: o seu corpo contém mais células não humanas do que humanas.

Essa população de micro-organismos é chamada de microbiota, e a esmagadora maioria dela vive no sistema digestivo, onde existem 300 espécies de bactéria. Elas moram lá porque, como você, precisam de energia para sobreviver: no caso, a comida que você come. As bactérias são benéficas, ajudam na digestão dos alimentos. Mas também podem provocar efeitos estranhos e surpreendentes.  Está desvendado os segredos do nosso segundo cérebro! E se você já tem sintomas de algum problema intestinal, é melhor evitar álcool, cafeína e comidas apimentadas – eles podem agravá-lo. Especialistas garantem que dormir bem é a principal dica para ajudar o outro cérebro a trabalhar bem. Tá dado o recado. Aliás, se você é do tipo que lê esta matéria no banheiro (como a grande maioria), parabéns! Seu intestino ficou ainda mais inteligente! Hahahaha!

 

(Fontes BBC, Portal Saúde e Superinteressante)