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O bloqueio dos caminhoneiros em apoio ao presidente Jair Bolsonaro já deu “resultados”; a alimentação dos funcionários da Santa Casa de Avaré teve que ser suspensa para garantir a alimentação dos pacientes internados. O comunicado foi divulgado ontem pela diretoria.

Em entrevista exclusiva ao in Foco, o provedor da SC Miguel Chibani, lamentou a situação e explicou a necessidade da medida. “Não iremos fornecer alimentos para os funcionários para evitar que falte aos pacientes; recebi informação dos supermercados que nos fornecem que vai parar tudo. Eu tenho que pensar nos pacientes” , ponderou o provedor.

Ele explica que a alimentação aos colaboradores é um dos benefícios que ele implantou, mas frisou que não é obrigação da SC. “Aos funcionários dou cesta básica, pago em dia e presenteio com alimentação durante o dia porque não somos obrigados a fazer isso. Mas desde que estou lá eu faço. Agora se eu não tiver estoque para os pacientes o que eu falo para eles? Quer internar, traga comida de casa?”, argumentou, complementando : “damos a alimentação sem sermos obrigado e 99% sabe disso, mas sempre tem aqueles que gostam do tumulto e até mesmo são injustos”. Assim que as rodovias forem liberadas e tudo voltar ao normal, a SC retomará o benefício.

Pânico – Mais uma vez a população paga um preço por protestos que a prejudicam e há um pânico generalizado, principalmente em relação a suprimentos em supermercados.

A manifestação dos caminhoneiros chegou a região, na rodovia Eduardo Saigh (SP-255) em Taquarituba. Segundo informações divulgadas pelo  Voz do Vale diversos caminhões estavam parados na rodovia por conta de um bloqueio que está sendo realizado. Somente caminhões com cargas perecíveis estavam sendo liberados para passar. Os manifestantes estariam reivindicando melhor preço do combustível, aumento do valor do frete, e queda dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo boletim do Ministério da Infraestrutura divulgado às 22h30 de hoje, foram registrados pontos de concentração em rodovias federais em 16 estados, sendo 13 com abordagem a veículos de cargas. Os bloqueios começaram ontem, durante os atos do 7 de Setembro convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e seguiram ao longo desta quarta-feira.

Os estados citados pelo ministério, a partir de informações da PRF (Polícia Rodoviária Federal), são: Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Rio de Janeiro, Rondônia. Maranhão, Roraima, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Pará.

Ainda de acordo com a nota divulgada pela pasta do governo federal, apenas uma interdição de pista foi registrada às 22h30, no estado de São Paulo, e a região Sul concentra 55% das ocorrências registradas.

De acordo com o jornal “O Estado de S. Paulo”, um dos líderes do movimento intitulado de caminhoneiros patriotas, Francisco Burgardt, também conhecido como Chicão Caminhoneiro, informou que entregarria ainda hoje um documento ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pedindo a destituição de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os bloqueios realizados pelos caminhoneiros já preocupam até mesmo distribuidoras de combustíveis. As empresas temem que faltem produtos como gasolina e óleo diesel nas próximas 12 horas desta quarta-feira, caso os protestos prossigam.

O número de estados com registro de manifestações cresceu ao longo do dia. O primeiro comunicado divulgado pela Pasta citava ocorrências em apenas quatro.

Em nota, a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística) criticou a paralisação e disse que “trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”.

“Preocupa a NTC o bloqueio nas rodovias o que poderá causar sérios transtornos à atividade de transporte realizada pelas empresas, com graves consequências para o abastecimento de estabelecimentos de produção e comércio, atingindo diretamente o consumidor final, de produtos de todas as naturezas inclusive os de primeira necessidade da população como alimentos, medicamentos, combustíveis etc”, diz trecho do comunicado.

“Esperamos que as autoridades do Governo Federal e dos Governos Estaduais adotem as providências indispensáveis para assegurar às empresas de transporte rodoviário de cargas o pleno exercício do seu direito de ir e vir e de livre circulação nas rodovias em todo o território nacional, como pressuposto indeclinável para o cumprimento da atividade essencial de transporte”, prossegue.

Atualmente, a NTC congrega, além das empresas diretamente associadas (cerca de 2.354), mais de 50 entidades patronais (federações, sindicatos e associações especializadas), representando cerca de 15.000 empresas que operam uma frota superior a 1,2 milhões de caminhões e criam mais de 2 milhões de postos de trabalho.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gravou áudio, na noite de hoje pedindo aos caminhoneiros para liberarem as estradas do país.