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Mal acabou a pandemia (vamos nos atrever a escrever isso…), surgiu alertas sobre o surgimento de uma doença em locais onde antes ela não era detectada: a chamada varíola dos macacos, doença que é endêmica em países africanos e está prestes de mudar a nomenclatura. Mas sua disseminação para países não endêmicos, como na Europa e nos Estados Unidos, causou apreensão.

Mais de 44 países tem casos confirmados da doença incluindo o Brasil. Segundo o infectologista André Bon de maneira pouco frequente essa doença é grave. “A maior gravidade foi observada em casos de surtos na África, onde a população tinha um percentual de pacientes desnutridos e uma população com HIV descontrolado bastante importante”, explica o especialista.

Segundo ele, no início dos anos 2000 houve um surto da doença nos Estados Unidos, mas o número de óbitos foi zero. O grupo que corre maior risco são as crianças. Quando a contaminação abrange grávidas, o risco de complicações é maior, podendo chegar a varíola congênita ou até mesmo à morte do bebê.

A varíola dos macacos foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos mantidos para pesquisa. O primeiro caso humano dessa variante foi registrado em 1970 no Congo. Posteriormente, foi relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental. A varíola dos macacos ressurgiu na Nigéria em 2017, após mais de 40 anos sem casos relatados. Desde então, houve mais de 450 casos relatados no país africano.

Este tipo de varíola é causada por um vírus que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos. “Existem dois tipos de vírus da varíola dos macacos: o da África Ocidental e o da Bacia do Congo (África Central). Embora a infecção pelo vírus da varíola dos macacos na África Ocidental às vezes leve a doenças graves em alguns indivíduos, a doença geralmente é autolimitada (que não exige tratamento)”, explica o infectologista. Bon descreve essa varíola como uma “doença febril” aguda, que ocorre de forma parecida à da varíola humana.

Os sintomas são semelhantes aos da varíola, sendo as bolhas na pele o mais característico, mas também ocorre febre, calafrios, cansaço e dores musculares. Segundo o Instituto Butantan, é comum também dor de cabeça e nas costas. As lesões na pele se desenvolvem inicialmente no rosto para, depois, se espalhar para outras partes do corpo, inclusive genitais. Os pacientes também podem apresentar linfonodos aumentados e maior risco de infecção bacteriana secundária da pele e dos pulmões.

“Parecem as lesões da catapora ou da sífilis, até formarem uma crosta, que depois cai”, detalha uma nota da entidade sobre a doença. Casos mais leves podem passar despercebidos e representar um risco de transmissão de pessoa para pessoa.

No geral, a varíola dos macacos pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal) ou pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis, informa o Butantan. Uma medida para evitar a exposição ao vírus é a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel.

O período de incubação da varíola dos macacos costuma ser de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias. A vacina contra a varíola comum tem se mostrado bastante eficiente contra a varíola dos macacos.

O Manual MSD ressalta que “não há tratamento seguro e comprovado para a infecção por vírus da varíola do macaco”. Os sintomas normalmente desaparecem espontaneamente.

 

(Fonte OMS, R7 e Agência Brasil)