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Você já ouviu falar da glândula pineal? Certamente. Mas deve ser um daqueles assuntos chatos, você deve estar pensando. Bem, você está enganada (o). Também chamada de “terceira visão”, essa glândula tem o formato de uma pinha e fica situada próxima ao centro do cérebro, entre os dois hemisférios. Uma de suas principais funções é participar de atividades que regulam o sono.

Teorias espiritualistas dão uma importância ainda maior para esse órgão. O filósofo René Descartes defendia a tese de que essa pequena parte do corpo seria a morada da alma. Algumas religiões orientais acreditam que ela é nossa “conexão” com outra dimensão, e responsável por “abrir” o campo de visão do ser humano para o mundo espiritual.

Do ponto de vista da Medicina, a importância da glândula pineal está restrita a algumas atividades do nosso organismo. “A principal função dessa glândula é ajudar no ritmo circadiano [período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico dos seres vivos] e na produção de melatonina [hormônio produzido durante a noite para ajudar a desenvolver o sono]”, explica o médico Paulo Augusto Miranda, regional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

 Mistério para a medicina – O corpo humano é constituído por diversos órgãos e estruturas responsáveis pelo funcionamento corporal. Existem partes que vêm sendo estudadas há muitos anos. Outras, ainda são um mistério para a ciência. Como exemplo disso existe a glândula pineal. Para os estudiosos é uma parte que ainda guarda mistérios devido a quantidade de funções que desenvolve.

A glândula pineal está localizada no centro do cérebro humano. Por isso, é chamada por alguns de terceiro olho. É uma parte pequena do cérebro, com apenas cinco milímetros de diâmetro, sendo uma glândula endócrina. Nesse sentido, as camadas que a revestem são as mesmas encontradas nas meninges, conhecidas como membranas pia-máter.

Além disso, a glândula também é chamada de epífase neural. Alguns pesquisadores acreditam que a glândula pineal seja um órgão vestigial. Ou seja, que não possui nenhum tipo de função especial no corpo humano. Entretanto, sabe-se que a glândula desenvolve papel importante em relação ao sono, por exemplo. A glândula pineal também é responsável pela produção de dois hormônios essenciais para o funcionamento do organismo, a melatonina e serotonina. Dessa forma, a melatonina é ativada quando há pouca presença de luz, ou seja, durante a noite. Já a serotonina é produzida durante o dia, dando energia e vontade para realizar as atividades.

 

Características

A glândula pineal foi descoberta por volta de 1950 e possui formato de uma pinha, característica que originou o seu nome, pineal. Além disso, é um agente cronobiótico que tem a função de sincronizar o ciclo claro-escuro. O seu peso é de aproximadamente 120 miligramas. Além disso, tem uma cor vermelho-acinzentada e seu tamanho varia entre 5 a 9 milímetros.

Uma das principais características da glândula pineal é a produção de uma substância denominada melatonina. Ou seja, pela produção da melatonina é possível que haja o controle do ciclo do sono e a regulação do metabolismo. Isso porque, o corpo entende que à noite é o momento de descanso. Assim, a glândula começa a liberar o hormônio para que o sono seja induzido. Por conta disso, os seres humanos são considerados diurnos, ou seja,  que desenvolvem as atividades durante o dia e descansam à noite. Dessa forma, quando o dia se inicia a produção do hormônio sofre decaimento. Assim, com a falta da melatonina durante o dia, sentimos a vontade de acordar e logo iniciar as atividades diárias.

Além das funções exercidas sobre o ciclo do sono a glândula pineal também propicia elementos positivos para a saúde do coração. Isso porque, a glândula é capaz de controlar os níveis da pressão sanguínea. Por conta disso, o tratamento relacionado à doenças cardiovasculares começaram a ser desenvolvidos por meio da produção das atividades da glândula pineal.

Na prática, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classificou os turnos noturnos de trabalho como “provavelmente cancerígeno para os humanos” (o chamado grupo 2A). Existem vários estudos que apontam para uma maior incidência de câncer de mama em mulheres que trabalham em turnos rotativos por longos períodos de tempo.

Até o comportamento sexual é afetado pela melatonina, cujos níveis aumentam no outono e no inverno devido ao prolongamento das noites. Isso produz uma atrofia ovariana e testicular que diminui a produção de hormônios sexuais. Portanto, a atividade sexual e reprodutiva é reduzida. Esses efeitos são mais evidentes em animais reprodutores sazonais.

Finalmente, foi descrito que em períodos de pouca luz há uma maior incidência de transtornos depressivos. É o caso do transtorno afetivo sazonal, mais frequente nas latitudes mais setentrionais (países nórdicos, por exemplo).

 

O que ela pode afetar?

  • Ciclo menstrual – caso a mulher não durma a quantidade de horas necessárias ou seja exposta à grande quantidade de luz, é provável que o ciclo menstrual seja desregulado. Ou seja, a melatonina auxilia como regulador dos ciclos vitais;
  • Câncer – o câncer de cólon pode ser causado pela exposição excessiva à luz reduzindo assim as funções que a glândula pineal exerce. Por conta disso, danos celular podem ser causados e, por consequência, a aparição do câncer;
  • Serotonina – além do hormônio da melatonina, a glândula pineal também produz serotonina. Assim, a serotonina é responsável por realizar a comunicação entre neurônios. Ou seja, é por meio dessa comunicação ocorrem ações como a regulação do sono, apetite, sistema digestivo e etc.
  • Relógio biológico – A melatonina produzida pela glândula, controla o relógio biológico relacionado à todo metabolismo do corpo.
  • Comportamento sexual – Os distúrbios do sono, pela falta de melatonina, podem causar atrofia ovariana e testicular, fato que diminui a produção de hormônios sexuais.

Caso a produção de serotonina no corpo seja deficiente, o ser humano pode sofrer com alguns sintomas como:

  • mau humor no período da manhã;
  • sono durante o dia;
  • baixa libido;
  • aumento da vontade de ingerir doces;
  • fome constante;
  • dificuldade de aprendizado;
  • distúrbios na capacidade de se concentrar e problemas de memória

 

O terceiro olho

Para algumas religiões, como a Doutrina Espírita de Allan Kardec, a glândula pineal está ligada ao que chamamos de terceiro olho. Isso porque, acreditam que a glândula seja a responsável pela conexão que existe entre os seres humanos e o mundo da espiritualidade. Por conta disso, também é chamado de “olho da consciência”.

Assim, é comum ver a glândula pineal sendo representada pelo Olho de Hórus egípcio. Nesse sentido, o olho seria aquele que vê tudo e, por consequência, sabe de tudo. Além disso, a ideia de luz e espiritualidade é aderida ao terceiro olho.

(Fontes Conhecimento Científico, BBC e Reuters)