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A Polícia Civil prendeu agora a pouco, a mãe do menino Carlos Henrique Santos do Carmo, de 7 anos, que foi torturado até a morte em Avaré ontem. O companheiro dela, padrasto da criança, também foi detido pelo crime.

A mulher foi localizada por policiais civis, que cumpriram o mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça contra ela. Sara Santos da Fonseca, de 29 anos, foi levada à delegacia de Avaré, vai passar por exame de corpo de delito e depois será encaminhada à cadeia de Pirajuí.

Já o padrasto Dione Teixeira dos Reis, de 28 anos, foi preso em flagrante logo após o crime, na quarta-feira (4), e teve a prisão convertida em preventiva. Ele será levado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cerqueira César.

Segundo a polícia, o crime aconteceu enquanto Carlos Henrique e o irmão, de 10 anos, passavam as férias escolares com a mãe e o padrasto, em Avaré.

O corpo de Carlos Henrique foi enterrado na manhã de hoje no Cemitério Municipal de Pardinho, onde morava com o pai. Durante o velório, o pai dos meninos pediu justiça e disse que sempre ligava para as crianças quando estavam na casa da mãe, mas que nunca teve conhecimento das agressões.

“Vai preso lá e solta a mãe? Injustiça isso. A lei no Brasil não presta para nada. Nada vai trazer meu filho de volta”, diz Tiago.

Segundo a Polícia Civil, o padrasto preso suspeito do crime usava fios elétricos e um balde com água para machucar o menino e o irmão dele.

À polícia, Dione negou o crime e disse que o menino se afogou com pão e leite no café da manhã. Já a mãe contou que não tinha conhecimento sobre as agressões sofridas pelos filhos e que estava trabalhando no momento do ocorrido. Inicialmente, ela tinha sido ouvida e liberada.

 

Investigação

De acordo com o delegado Levon Torossian, responsável pelas investigações, “a tortura consistiu em esganadura, socos, choques com fios elétricos, e o menor foi submergido em um balde de água no sentido de afogamento”.

Conforme o boletim de ocorrência, os policiais apreenderam dois cabos de energia pretos, um balde vermelho, um par de luvas e um porrete de madeira na casa do suspeito, na zona rural. Os objetos foram periciados.

Segundo a Polícia Militar, o menino de 10 anos estava com os dois olhos roxos, queimaduras de cigarro e muitos hematomas. Ele foi levado ao hospital, passou por atendimento e foi ouvido pela polícia com o apoio do Conselho Tutelar.

Agora, a Polícia Civil informou que aguarda os laudos necroscópico, pericial e de corpo de delito, que vai colher depoimentos de vizinhos e juntar documentos no decorrer do inquérito.

O delegado disse ainda que o menino de 10 anos, irmão da vítima, será ouvido formalmente, com o apoio de uma equipe multidisciplinar, e que o depoimento dele é considerado uma peça-chave para a investigação. Ele revelou aos policiais que era torturado com choques elétricos.

De acordo com o Conselho Tutelar de Avaré, o irmão já está com o pai em Pardinho e será acompanhado pelo órgão. O Conselho Tutelar também informou que vai apurar todos os relatos e notificar o Ministério Público e a Vara da Infância e da Juventude sobre o caso.

 

Pedido de socorro

Segundo a Polícia Militar, uma equipe estava em patrulhamento pela Vila Esperança quando encontrou o menino caído próximo a casa onde morava com o padrasto, enquanto uma vizinha tentava reanimá-lo.

O delegado acredita que a criança foi encontrada na rua porque chegou a pedir socorro. “Os levantamentos que nós fizemos até esse momento foi que, diante da tortura que esse menino estava sofrendo, ele conseguiu ir até a rua para pedir socorro. E na rua ele recebeu os primeiros socorros”, disse o delegado.

Ainda conforme Torossian, o padrasto contou que ele mesmo teria feito reanimação no menino. “Neste momento, a viatura da PM estava passando e foi ao auxílio do menor”, relata.

A criança foi levada para o hospital, mas a PM informou que ele deu entrada sem vida na unidade. No local, os médicos constataram que o menino tinha muitos machucados pelo corpo, inclusive nas partes íntimas.

“Diante da grande quantidade de hematomas pelo corpo todo, levantou-se a suspeita de algo mais grave. O irmão confessou que, nesta manhã [quarta-feira], o padrasto tinha torturado as crianças, principalmente o menor que veio a óbito”, continua o delegado.

O prefeito Jô Silvestre (PTB), também pediu por justiça em seu perfil no Facebook e informou que colocou à disposição os serviços de saúde e bem-estar social para dar suporte à família.

“Causa profunda tristeza e indignação o assassinato de Carlos Henrique (7 anos). Vítima de uma desumanidade cruel e covarde acontecida hoje em Avaré, causada por quem deveria protegê-los com amor, respeito e cuidados. Que a justiça seja feita e coloque esses assassinos atrás das grades! Estou torcendo pela recuperação do irmão mais velho de 10 anos, também vítima de tortura e violência.”

(Fonte e fotos G1 – Júlia Nunes, G1 Itapetininga e Região)

Familiares no velório do menino Carlos