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A imagem acima é na verdade um quadro; ‘O Grito’, uma obra-prima do pintor norueguês Edvard Munch que foi pintada pela primeira vez em 1893 e ganhou três novas versões com o passar do tempo. As obras de Munch são classificadas como precursoras do expressionismo (um importante movimento modernista da primeira parte do século XX).

Suas telas são densas e abordam temas difíceis e estados emocionais de conflito. Assim, ‘O Grito’ simboliza a solidão, a melancolia, a ansiedade e o medo. Aliás, um registro no diário de Munch, com a data de 22 de janeiro de 1892, conta o episódio em que o artista estava passeando em Oslo com dois amigos e ao passar por uma ponte, sentiu um misto de melancolia e ansiedade. Esse pode ter sido o momento que motivou a criação da tela.

O artista teve uma crise nervosa em 1908, quando morava em Berlim e decidiu voltar para a Noruega, onde viveu os últimos 20 anos da sua vida em solidão.

A cena da obra mostra alguém em desespero e combina com o estado de espírito do artista, que durante a sua vida enfrentou vários problemas psicológicos e familiares. As formas distorcidas, e a expressão do personagem revelam a dor e as dificuldades na vida, resultando em um grito como manifestação das emoções. Observe ainda que a figura não tem traços de um homem nem de uma mulher, simbolizando qualquer pessoa.

Análises à parte, não haveria melhor imagem para ilustrar a matéria de capa. Afinal, quem anda com a saúde mental em dia? Quem não tem sufocado gritos? Quem não se angustia? Quem não engole choros? Quem não tem experimentado tristeza ou depressão? Quem não se sente um pouco Munch?

É raro, pra não dizer raríssimo, encontrar com sanidade mental em dia, ainda mais depois de uma pandemia. Não que antes dela estivéssemos com o mental a 100%, mas claramente ela nos fez valorizar ainda mais este estado de bem estar. Com tantas ameaças externas – mudanças climáticas, guerras, polarizações, violência pra citar algumas – é mais difícil apaziguar o que acontece ‘lá dentro’. E falando nessa ‘conversa interna’, você já refletiu se os seus pensamentos, ideias e sentimentos estão em harmonia?

 

Diferenças – Primeiro é preciso saber a diferença entre saúde mental e doença ou transtorno mental, pois normalmente os termos causam confusão. Mas basta lê-los com cuidado, pois são autoexplicativos. O primeiro refere-se à saúde e, os outros, à ausência dela. Não existe, porém, uma definição oficial para o conceito de saúde mental, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O termo está relacionado à forma como uma pessoa reage às exigências, desafios e mudanças da vida e ao modo como harmoniza suas ideias e emoções. Diariamente, vivenciamos uma série de emoções, boas ou ruins, mas que fazem parte da vida: alegrias, frustrações, conquistas, tristezas, sucessos e perdas.

A forma como lidamos com essas emoções é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental. Assim, tê-la ou alcançá-la está muito longe da ausência de transtornos mentais. O desequilíbrio emocional facilita o surgimento de doenças mentais. Podemos dizer que a saúde mental contempla, entre tantos fatores, a nossa capacidade de sensação de bem-estar e harmonia, a nossa habilidade em manejar de forma positiva as adversidades e conflitos, o reconhecimento e respeito dos nossos limites e deficiências, nossa satisfação em viver, compartilhar e se relacionar com os outros – algo muito maior e anterior ao início dos transtornos mentais.

Manter a saúde mental, no entanto, não é tão simples quanto parece, principalmente nos dias de hoje. Problemas não faltam; doenças, estresse, brigas, limitações, falta de família (ou excesso dela), pouco (ou muito) dinheiro, frustrações pessoais e profissionais.

 

TRANSTORNO ou DOENÇA MENTAL

O uso da palavra transtorno está relacionado com um conceito mais amplo de diagnóstico. Ao falarmos de doença nós temos as causas, um padrão de sintomas e medidas terapêuticas padronizadas, como, por exemplo, as doenças cardíacas. Quando falamos em transtornos, nos referimos a uma trajetória diagnóstica que varia bastante de pessoa para pessoa, multifatoriais e com diversas formas de tratamento.

 

Problemas mais comuns

A saúde mental e a saúde física são duas vertentes fundamentais e indissociáveis da saúde. Estes são os problemas de saúde mental mais frequentes:

  • Ansiedade
  • Mal-estar psicológico ou estresse contínuo
  • Depressão
  • Dependência de álcool e outras drogas
  • Perturbações psicóticas, como a esquizofrenia
  • Atraso mental
  • Demências

Estima-se que em cada 100 pessoas 30 sofram, ou venham a sofrer, em algum momento da vida, de problemas de saúde mental e que cerca de 12 tenham uma doença mental grave.

A depressão é a doença mental mais frequente, sendo uma causa importante de incapacidade.

Em cada 100 pessoas, aproximadamente, uma sofre de esquizofrenia.

 

Falsos conceitos sobre a doença mental

As pessoas afetadas por problemas de saúde mental são muitas vezes incompreendidas, estigmatizadas, excluídas ou marginalizadas, devido a falsos conceitos, que importa esclarecer e desmistificar, tais como:

As doenças mentais são fruto da imaginação;

As doenças mentais não têm cura;

As pessoas com problemas mentais são pouco inteligentes, preguiçosas, imprevisíveis ou perigosas.

 

 

Transtornos mentais

Os transtornos mentais são definidos como uma alteração de tipo intelectual, emocional e/ou comportamental, que pode dificultar a interação da pessoa no meio em que cresce e se desenvolve. Existem diversos tipos de transtornos mentais, que são classificados em tipos, e alguns dos mais comuns incluem aqueles relacionados à ansiedade, depressão, alimentação, personalidade ou movimentos, por exemplo. Os principais transtornos mentais que tendem a surgir são:

 

  1. Ansiedade

Os transtornos de ansiedade são muito comuns, presentes em cerca de 1 a cada 4 pessoas que vão ao médico. Eles são caracterizados por uma sensação de desconforto, tensão, medo ou mau pressentimento, que são muito desagradáveis e costumam ser provocados pela antecipação de um perigo ou algo desconhecido. As formas mais comuns de ansiedade são a ansiedade generalizada, a síndrome do pânico e as fobias, e são muito prejudiciais tanto por afetar a vida social e emocional da pessoa, como por provocar sintomas desconfortáveis, como palpitação, suor frio, tremores, falta de ar, sensação de sufocamento, formigamentos ou calafrios, por exemplo, e pelo maior risco de desenvolver depressão ou vícios pelo álcool e medicamentos.

O que fazer: é recomendada a realização de psicoterapia com o psicólogo, além de acompanhamento com o psiquiatra que, em alguns casos, poderá indicar o uso de remédios que aliviam os sintomas, como antidepressivos ou ansiolíticos. Também é orientada a realização de atividade física e, além disso, pode ser útil o investimento em métodos naturais ou atividades de lazer como meditação, dança ou yoga, desde que orientados pelo médico. Saiba mais sobre as diferentes formas de tratar a ansiedade.

 

  1. Depressão

A depressão é definida como o estado de humor deprimido que persiste por mais de 2 semanas, com tristeza e perda do interesse ou do prazer nas atividades, podendo ser acompanhada de sinais e sintomas como irritabilidade, insônia ou excesso de sono, apatia, emagrecimento ou ganho de peso, falta de energia ou dificuldade para se concentrar, por exemplo. Entenda como saber se é tristeza ou depressão.

O que fazer: para tratar a depressão, é indicado o acompanhamento com o psiquiatra, que irá indicar o tratamento de acordo com a gravidade do quadro e os sintomas apresentados. A principal forma de tratar a depressão é a combinação de psicoterapia com o psicólogo e uso de medicamentos antidepressivos prescritos pelo psiquiatra.

 

  1. Esquizofrenia

A esquizofrenia é o principal transtorno psicótico, caracterizado como uma síndrome que provoca distúrbios da linguagem, pensamento, percepção, atividade social, afeto e vontade. Este transtorno é mais comum em jovens, no final da adolescência, mas pode surgir em outras idades, e alguns dos sinais e sintomas mais comuns são alucinações, alterações do comportamento, delírios, pensamento desorganizado, alterações do movimento ou afeto superficial, por exemplo.

O que fazer: é necessário o acompanhamento psiquiátrico, que indicará o uso de medicamentos antipsicóticos. Além disso, é fundamental a orientação à família e o seguimento com outros profissionais da área de saúde, como psicologia, terapia ocupacional e nutrição, por exemplo, para que o tratamento seja completamente eficaz.

 

  1. Transtornos alimentares

A anorexia nervosa é um dos transtornos alimentares mais comuns e se caracteriza pela perda de peso intencional, provocada pela recusa à alimentação, distorção da própria imagem e medo de engordar. Já a bulimia que também é relativamente frequente, consiste em comer grandes quantidades de comida e, em seguida, tentar eliminar as calorias de formas prejudiciais, como pela indução do vômito, uso de laxantes, exercício físico muito intenso ou jejum prolongado. Os distúrbios alimentares são mais comuns em jovens, e têm sido cada vez mais frequentes pela cultura de valorização estética. Apesar da anorexia e bulimia serem os transtornos alimentares mais conhecidos, existem outros problemas relacionados à alimentação como a ortorexia, em que existe preocupação excessiva por comer alimentos saudáveis.

O que fazer: não existe um tratamento simples para curar os transtornos alimentares, sendo necessário o tratamento psiquiátrico, psicológico e nutricional, e os medicamentos costumam ser indicados somente em casos de doenças associadas, como ansiedade ou depressão. Grupos de apoio e aconselhamento podem ser boas formas de complementar o tratamento e obter bons resultados.

 

  1. Estresse pós- traumático

O estresse pós-traumático é a ansiedade que surge após a exposição a alguma situação traumática, como um assalto, uma ameaça de morte ou perda de um ente querido, por exemplo. Geralmente, a pessoa afetada revive persistentemente o ocorrido com recordações ou sonhos, e apresenta intensa ansiedade e sofrimento psicológico. Confira como saber se é estresse pós-traumático.

O que fazer: o tratamento é feito com psicoterapia, onde o psicólogo procura ajudar a perceber quais são os eventos que estão provocando os medos involuntários e como podem liberar as memórias traumáticas desses eventos. No entanto, em alguns casos, pode também ser necessário recorrer ao psiquiatra para que seja indicado o uso de medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos para aliviar os sintomas.

 

  1. Somatização

A somatização é um transtorno em que a pessoa apresenta múltiplas queixas físicas, referentes a diversos órgãos do corpo, mas que não são explicadas por nenhuma alteração clínica. Geralmente, são pessoas que constantemente vão ao médico com muitas queixas, e na avaliação médica, exame físico e realização de exames, nada é detectado. Na maioria dos casos, as pessoas com transtorno de somatização apresentam ansiedade e alterações do humor, além de poderem apresentar impulsividade. Quando além de sentir a pessoa chega a simular ou provocar intencionalmente sintomas, a doença passa a ser chamada de transtorno factício.

O que fazer: é necessário um acompanhamento psiquiátrico e psicológico, de forma que a pessoa consiga amenizar os sintomas. Remédios como antidepressivos ou ansiolíticos podem ser necessários em alguns casos.

 

  1. Transtorno bipolar

O transtorno bipolar é a doença psiquiátrica que provoca oscilações imprevisíveis no humor, variando entre depressão, que consiste em tristeza e desânimo, e mania, impulsividade e característica excessivamente extrovertida.

O que fazer: o tratamento costuma ser feito com medicamentos estabilizadores do humor.

 

  1. Transtorno obsessivo-compulsivo

Também conhecido com o TOC, este transtorno provoca pensamentos obsessivos e compulsivos que prejudicam a atividade diária da pessoa, como exagero em limpeza, obsessão por lavar as mãos, necessidade de simetria ou impulsividade por acumular objetos, por exemplo.

O que fazer: o tratamento para transtorno obsessivo-compulsivo é orientado pelo psiquiatra, com a ingestão de remédios antidepressivos, sendo também recomendado fazer terapia cognitivo-comportamental.

 

Outros transtornos mentais

Além dos transtornos indicados anteriormente, também existem outros que são descritos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5), como:

  • Transtornos psicóticos, como esquizofrenia ou transtorno delirante;
  • Transtornos de personalidade, como dos tipos paranoide, anti social, borderline, histriônica ou narcisista, por exemplo;
  • Transtornos relacionados ao uso de substâncias, como drogas ilícitas, álcool, medicamentos ou cigarros, por exemplo;
  • Transtornos neurocognitivos, como delirium, Alzheimer ou outras demências;
  • Transtorno do neurodesenvolvimento, como deficiências intelectuais, transtornos da comunicação, autismo, déficit de atenção e hiperatividade ou alterações dos movimentos;
  • Disfunções sexuais, como ejaculação precoce ou retardada;
  • Transtorno do sono-vigília, como insônia, hipersonolência ou narcolepsia;
  • Transtornos parafílicos, relacionados ao desejo sexual.

Em caso de suspeita de algum transtorno mental é muito importante consultar um psicólogo ou psiquiatra, para que seja realizada a avaliação necessária, identificado o diagnóstico e iniciado o tratamento mais adequado.

 

 

A dolorosa depressão

De todas as doenças mentais, ela infelizmente lidera o ranking. A depressão já atinge quase 500 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). A entidade sinaliza que nos próximos 20 anos, a depressão deve se tornar a doença mais comum do mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluindo câncer e doenças cardíacas.

Segundo a OMS, a depressão será também a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos, devido aos gastos com tratamento para a população e às perdas de produção. De acordo com o órgão, os países pobres são os que mais devem sofrer com o problema, já que são registrados mais casos de depressão nestes lugares do que em países desenvolvidos.

Atualmente, mais de 450 milhões de pessoas são afetadas diretamente por transtornos mentais, a maioria delas nos países em desenvolvimento, segundo a OMS. “Os números da OMS mostram claramente que o peso da depressão (em termos de perdas para as pessoas afetadas) vai provavelmente aumentar, de modo que, em 2030, ela será sozinha a maior causa de perdas (para a população) entre todos os problemas de saúde”, afirmou o médico Shekhar Saxena, do Departamento de Saúde Mental da OMS. Ainda segundo Saxena, a depressão é mais comum do que outras doenças que são mais temidas pela população, como a Aids ou o câncer. “Nós poderíamos chamar isso de uma epidemia silenciosa, porque a depressão está sendo cada vez mais diagnosticada, está em toda parte e deve aumentar em termos de proporção, enquanto a (ocorrência) de outras doenças está diminuindo.”

Segundo o médico, os custos da depressão serão sentidos de maneira mais aguda nos países em desenvolvimento, já que eles registram mais casos da doença e têm menos recursos para tratar de transtornos mentais.

“Nós temos dados que apontam que os países mais pobres têm (mais casos de) depressão do que os países ricos. Além disso, até mesmo as pessoas pobres que vivem em países ricos têm maior incidência de depressão do que as pessoas ricas destes mesmos países”, afirma Saxena.

“A depressão tem diversas causas, algumas delas biológicas, mas parte dessas causas vem de pressões ambientais e, obviamente, as pessoas pobres sofrem mais estresse em seu dia-a-dia do que as pessoas ricas, e não é surpreendente que elas tenham mais depressão.”

Segundo o médico, o aumento nos casos de depressão e os custos econômicos e sociais da doença tornam mais urgentes uma mudança de atitude em relação ao problema.

 

Mulheres são mais propensas

Talvez o fator de risco para depressão mais consistente e conhecido dentro dos fatores sociodemográficos seja o gênero. Universalmente, independentemente do país ou cultura, as mulheres são duas vezes mais propensas a sofrer de depressão do que os homens após a puberdade. No entanto, outros fatores de risco para depressão também foram encontrados, como idade, estado civil, escolaridade ou raça. Especificamente, esse distúrbio ocorre com mais frequência em adultos jovens; em solteiros, separados ou divorciados; e naqueles de menor escolaridade e de raça branca. Constata-se também que a depressão é mais comum em pessoas de baixa renda, desempregados e moradores de áreas urbanas.

Parentes de primeiro grau de pacientes com depressão apresentam um risco aproximadamente três vezes maior de desenvolver esse transtorno. Estudos sugerem que entre 26% e 42% das variações na depressão se devem a influências genéticas. Há também indicações de que essa hereditariedade é mais evidente em depressões de início precoce e que são recorrentes. Ainda assim, nenhum gene específico ou conjunto de genes foi associado de forma confiável à depressão.

 

Depressão está associada a alterações no cérebro

Em paralelo, foram documentadas anormalidades neuronais em adultos em certas regiões do cérebro. Mais especificamente, anormalidades estruturais foram encontradas no hipocampo, amígdala, córtex cingulado anterior e córtex pré-frontal dorsolateral.

Estar deprimido também altera a função neuronal. Há uma ativação cerebral aumentada em regiões de processamento de emoções subcorticais, como a amígdala e os circuitos límbicos, combinada com ativação atenuada em regiões de controle cognitivo.

Isso não acontece apenas em adultos. As mesmas anormalidades na função e estrutura neuronal foram identificadas em filhos de pais com depressão, mesmo antes do início do episódio depressivo. E isso pode confirmar a suspeita que a hereditariedade nos torna mais vulnerável a essa doença.

Há evidências de que a tendência a vivenciar emoções negativas (medo, raiva, tristeza, ansiedade), assim como alterações de humor e pensamentos negativos, implicam em maior risco de desenvolver um quadro depressivo. Isso é conhecido como neuroticismo.

Por outro lado, há mais casos de depressão entre pessoas com pontuação alta em introversão, ou seja, naquelas pessoas que tendem a preferir atividades solitárias, mais focadas em seus pensamentos, sentimentos e humores do que na busca de estímulos externos.

A ciência também sugere uma relação entre transtorno depressivo e uma baixa pontuação em escrupulosidade (o temor excessivo de não ser bom o suficiente), que é característica de indivíduos sem objetivo, informais, preguiçosos, descuidados e indisciplinados.

Também contribuem negativamente o excesso de autocrítica (inclinação a sentimentos de culpa e fracasso derivados de expectativas irreais de si mesmo) e dependência/sociotropia (sentimentos de desamparo e medo de abandono como resultado de uma alta dependência emocional dos outros).

Outra atitude que promove a depressão é o que se conhece como Estilo atributivo negativo (pessimismo). É a tendência de explicar os resultados negativos de suas experiências por causas internas, estáveis e globais. Por exemplo, “não consegui o emprego porque sou inútil, sempre fui, em todas as áreas da minha vida”, e pensamentos semelhantes.

Algo parecido ocorre com a ruminação mental, definida como pensamento repetitivo que focaliza a atenção nos sintomas depressivos e suas implicações, causas e significados para a pessoa que os vivencia.

Finalmente, o déficit de recursos pessoais (habilidades sociais, estratégias apropriadas de resolução de problemas ou habilidades de enfrentamento em circunstâncias estressantes) também está relacionado a um maior risco de sintomas depressivos.

 

Experiências adversas

Mais de 40 anos de pesquisa documentaram o papel de eventos graves da vida no início da depressão. Dependendo do tipo de amostra em estudo, aproximadamente 50% a 80% das pessoas com depressão relataram um evento de vida agudo e grave antes do início do transtorno.

Com base em uma estimativa conservadora, especialistas afirmam que pessoas com depressão têm 2,5 vezes mais chances de ter experimentado um evento grave na vida antes do início dos sintomas em comparação com aquelas que não tiveram a mesma experiência. Esses são tipicamente problemas de saúde com risco de vida, separação e luto, exposição à violência, perda de emprego e insegurança financeira.

Igualmente importante é considerar eventos ou fenômenos cataclísmicos. Ou seja, eventos repentinos, únicos e poderosos que afetam um grande número de pessoas, que muitas vezes estão além do controle de indivíduos ou grupos e são considerados universalmente estressantes.

A exposição a eventos negativos na infância também nos coloca em risco de depressão à medida que crescemos. Esses eventos incluem abuso físico e sexual, negligência psicológica (ou abandono), exposição à violência doméstica, doença mental dos pais e criminalidade.

Pessoas com histórico de trauma na infância (especialmente sendo intimidadas e abusadas ou emocionalmente negligenciadas durante a infância) têm mais que o dobro do risco de desenvolver depressão. Por ser um conjunto de sintomas que podem estar presentes em aspectos variáveis em cada pessoa, a depressão não é fácil de ser diagnosticada.

 

Comorbidades – Provavelmente, um dos aspectos mais surpreendentes da depressão é que ela é frequentemente acompanhada por outros transtornos mentais. Em particular, transtornos de ansiedade, transtornos relacionados a substâncias, transtornos alimentares e problemas de sono.

Por outro lado, doenças médicas crônicas ou graves são um fator de risco para a depressão. Além disso, foi encontrada uma inter-relação entre a depressão e um grande número de doenças físicas: infarto agudo do miocárdio, asma, câncer, arritmia cardíaca, doença arterial coronariana crônica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência cardíaca congestiva (ICC), algumas doenças neurológicas, como Alzheimer. Também estão na lista a epilepsia, problemas de tiróide, diabetes, obesidade, algumas patologias do aparelho digestivo, hipertensão, osteoartrite, osteoporose, insuficiência renal, artrite reumatoide, acidente vascular cerebral (AVC), além da fibromialgia e da fadiga crônica. Levar todos esses fatores em consideração pode ajudar a prevenir, mas também a entender melhor a depressão. E talvez nos permita diminuir o ritmo com o qual a doença avança.

 

 

Atitudes de autocuidado

Você sabe como cuidar da saúde mental? Ainda que algumas campanhas a respeito deste assunto sejam realizadas em alguns períodos do ano, é importante entender que os cuidados devem ser realizados constantemente. Não há um manual de instruções ou uma fórmula pronta para isso. É preciso descobrir de que forma você pode deixar a vida mais leve, pois ela continuará sendo imperfeita e com problemas. Contudo, algumas atitudes podem ajudar.

 

Cuide da saúde física

Muitos acreditam que a única opção para reverter transtornos mentais é o uso de medicamentos. Afinal, nem todos não conhecem o impacto das atividades físicas para a saúde mental. As atividades físicas contribuem para a capacidade cognitiva, fornecendo mais energia e aumentando a autoestima. Além disso, a liberação de endorfina durante os exercícios, conhecido popularmente como hormônio da felicidade apresenta diversos benefícios, contribuindo para sensações de bem-estar e conforto, melhorando o humor e à saúde. Desse modo, é importante saber como cuidar da saúde mental com uma rotina que inclua: alimentação equilibrada; atividades prazerosas; exames preventivos; hidratação e meditação.

 

Tenha boas relações

Outra dica de como cuidar da saúde mental é cultivar bons relacionamentos. Busque estar próximo de pessoas que você ama e te fazem bem, como familiares e amigos. Manter bons relacionamentos é fundamental para viver de forma prazerosa, além de trazer sentido para nossa vida.

 

Valorize os momentos de lazer

Os momentos de lazer são muito importantes para manter a saúde mental e emocional, sejam eles como seus familiares, amigos, animais de estimação ou mesmo sozinho. Aposte em atividades que tragam alegria, como dançar, ler, desenhar, conversar, jogar ou outras opções que possam levar seus pensamentos para longe das preocupações.

 

Diminua o tempo online

Com o avanço da tecnologia e a rapidez das informações, é muito comum passar algumas horas diante das telas do computador ou celular diariamente. No entanto, isso pode facilmente se tornar nocivo para a saúde mental. Ao invés de gastar tempo observando a vida de alguém que você acredita ser perfeita, busque encontrar sua própria felicidade de forma real. Diminua o tempo diário nas redes sociais e comece a programar atividades que tragam prazer e satisfação, com pessoas que realmente importam para você.

 

Estabeleça objetivos

Uma das formas de tornar nossa vida mais agradável é viver com um propósito. Isso porque, é importante ter uma ou mais motivações para sair da cama, trabalhar, estudar, manter relações, executar tarefas e outras atividades. Então, avalie suas metas e objetivos e tenha sempre em mente o que você gostaria de alcançar. Essa é uma dica importante de como cuidar da saúde mental. Afinal, a realização de pequenas metas ao longo do caminho contribui para continuar seguindo.

 

Priorize seu sono

É comum deixar de dormir algumas horas para poder terminar um trabalho ou mesmo aproveitar um tempo de lazer. No entanto, as noites mal dormidas são a causa da indisposição, mente inquieta, mau-humor e dificuldades para concentração, prejudicando até mesmo o raciocínio lógico. Portanto, uma dica importante de como cuidar da saúde mental é garantindo horas de sono de qualidade. Procure dormir entre 7 a 8 horas por dia. Assim, sua mente estará relaxada e mais eficiente para as próximas atividades de sua rotina.

 

Tenha ajuda profissional

Por fim, contar com ajuda de um profissional é uma tão importante quanto as dicas anteriores. Mantenha a atenção em si e, ao perceber que existem dificuldades em lidar com certas emoções e frustrações, não existe em buscar ajuda.  Entender o papel da saúde mental para nossa vida é a melhor forma de nos convencer sobre a importância de seguir as dicas acima. Afinal, saber como cuidar da saúde mental e emocional garante melhor qualidade de vida, bem-estar e também longevidade!

 

 

Cuidando das emoções

A relação das emoções com as doenças está mais do que comprovada cientificamente. Elas são as desencadeadoras de todo desequilíbrio da saúde mental. Mas como controlar as emoções? Essa é a parte mais difícil. Às vezes, identificar quais emoções estão causando certas reações, pensamentos e comportamentos já pode ser um grande desafio!

A falta de inteligência emocional provoca essa dificuldade. Para viver em paz consigo mesmo e tomar as melhores decisões para a sua vida, é preciso aprender a controlar as emoções de maneira sadia. Mas é possível controlar as emoções e sentimentos? As emoções são divisoras de opiniões. Algumas pessoas acham que é ruim senti-las e tentam de tudo para reprimi-las, embora não seja totalmente possível fazer isso.

 

Sentimentos que adoecem –A psicossomática, área que estuda, entre outros fatores, os efeitos das emoções sobre o corpo, costuma enfatizar que os desequilíbrios emocionais surgem no corpo através de dores que não tem causa aparente ou que surgem sem que tenha havido nenhuma razão concreta e que não se curam nem com remédios. Resfriados frequentes, alergias, enxaquecas e diarreia também podem ter fundo emocional. É o corpo dizendo aquilo que não conseguimos falar. Por isso, a importância de cuidar de nossas emoções evitando cultivar raiva, mágoas, ansiedade, melancolia, medo, tristeza e outros sentimentos adoecedores.

Quando as emoções são reprimidas ou não processadas também podem originar um quadro depressivo, ou seja, a convivência constante com um estado de tristeza e desesperança. Para que isso não aconteça podemos adotar algumas medidas práticas como: investir na autoestima, cuidar da alimentação, realizar atividades prazerosas, praticar atividades físicas e gerenciar preocupações diárias, selecionando o que realmente importa, além de não potencializar os problemas. Não é fácil; é um exercício diário, mas antes de tudo, é um exercício de autopreservação.

 

Como acontece a conexão entre mente e corpo?

 

É importante compreender os componentes críticos de uma emoção:

  1. Componente Subjetivo (como você experimenta a emoção);
  2. Componente Fisiológico (como seu corpo reage);
  3. Componente Expressivo (como você se comporta em resposta à emoção).

Sendo assim, não há emoções sem impacto no corpo, pois elas funcionam justamente como uma “interface” entre o cérebro e o corpo físico. Ao sentir uma emoção, isso nunca será insignificante para o organismo. Essa realidade é tão reconhecida mundialmente que se tornou, inclusive, uma área de estudo: a psiconeuroimunologia. O seu corpo responde à maneira como você pensa e sente. Isso é a conexão mente/corpo.

A escritora americana, Louise Hay, é uma das maiores referências sobre doenças e suas causas emocionais. Após se curar de um câncer sem ajuda da medicina convencional, a autora criou um método chamado “Você pode curar sua vida” e, desde então, se dedica a ajudar milhares de pessoas doentes a se curarem a partir da ideia de que todas as doenças emocionais é um reflexo de um padrão de comportamento prejudicial. Segundo Louise, as principais causas emocionais das doenças são:

 

Alergias: aparecem naqueles que estão sempre nervosos e irritados com as atitudes das outras pessoas. Se você tem alergias, procure ser mais calmo e compreensivo com aqueles que o rodeiam;

 

Anemia: está relacionada à falta de confiança em si mesmo;

 

Doenças respiratórias: se desenvolvem em pessoas que estão sempre desesperadas, correndo e que gostam de fazer tudo ao mesmo tempo;

 

Artrite: está associada à mania de perfeição. Pessoas muito insistentes e críticas tendem a desenvolver este problema;

 

Asma: complexo de culpa;

 

Problemas na bexiga: aparecem em pessoas que ficam guardando suas dores;

 

Bulimia: ódio de si mesmo e crença de não ser bom o suficiente;

 

Câncer: associado a ressentimentos profundos;

 

Problemas na coluna: geralmente aparecem em pessoas que gostam de fazer tudo sozinhas;

 

Doenças do coração: desenvolvidas por pessoas que não vivem do amor e da felicidade;

 

Problemas dentários: os dentes estão associados à família e, em geral, pessoas que se responsabilizam por todas as decisões familiares são propensas a ter problemas nos dentes e gengivas;

 

Dores: estão associadas à culpa e ao medo de ser punido;

 

Dor nas costas: sobrecarga de tarefas, insegurança, medo e desamparo;

 

Dor no pescoço/nuca: fortes conflitos internos entre razão e emoção; rancor.

 

Problemas digestivos: estão relacionados à dificuldade de assumir novas ideias e experiências;

 

Doenças do fígado: são apresentados por pessoas que acumulam raiva e rancor;

 

Problemas na garganta: associados ao medo das mudanças, dificuldade de falar o que pensa e frustração;

 

Gastrite: se manifesta em pessoas que guardam os problemas apenas para si, são introvertidas e demonstram uma falsa calma e tranquilidade;

 

Problemas no joelho: inflexibilidade, ego inflado e medo de mudanças;

 

Obesidade: insegurança;

 

Problemas nas pernas: medo de enfrentar as coisas novas do dia a dia;

 

Doenças nos pés: dificuldade em compreender a si próprio;

 

Retenção de líquidos: intuição forte e que não é respeitada;

 

Problemas nos rins: acúmulo de mágoas, tristeza e dor;

 

Tumor: feridas antigas que não foram curadas;

 

Úlcera: medo de não ser bom o suficiente;

 

Varizes: associadas à incapacidade de aceitar as condições que são impostas.

 

A cura para qualquer problema, inclusive as doenças emocionais, está dentro de você e pode ser alcançada por meio da compreensão de sua história de vida.

 

(Fontes Hospital Einsten, Soraya Souza Cruz, ADEB, BBC, Gonzalo Ramirez, Fernando Lino Vázquez González, Reuters, SBIE, UOL, Draúzio Varella, Gazeta do Povo, UFMG e Rebric)