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Elvis não morreu. Ele continua vivo em seu legado maior que a vida e na pele do ator Austin Butler, que vive o Rei do Rock numa cinebiografia à altura de tanta grandeza. Estou extasiada com sua interpretação brilhante, ele é um fenômeno da natureza – assim como era o cantor. Sua atuação é visceral, o gestual, expressão corporal e olhar sexy são perfeitos e meticulosos. Além do talento do ator, esse trabalho magnífico é fruto de três anos de estudos obsessivos pra chegar nesse nível de perfeição. Por favor, já entreguem um Oscar pra ele!

A vida do Rei do Rock é contada através da perspectiva do seu empresário, o Coronel Parker, desde sua descoberta, auge, declínio, volta triunfal e final trágico. Ele alçou Elvis ao estrelato, inventou o marketing com inúmeros produtos e levou o cantor pra Hollywood, seu grande sonho. Tom Hanks não convence como o Coronel Parker, ele está caricato e a maquiagem pesada, tudo excessivo. Ele foi a melhor e a pior coisa que aconteceu pro Elvis, pois o fez seu escravo, abocanhando um filão dos lucros pra pagar dívidas de jogo; tentou também pasteurizar sua imagem e podar sua criatividade. Elvis acabou massacrado emocionalmente com essa relação tóxica da qual não conseguia sair, e o único lugar onde se sentia feliz era o palco.

A direção é do Baz Luhrman, que colocou seu estilo frenético e rebuscado no filme, assim como era Elvis. O Rei nos é apresentado num suspense gradativo, primeiro só na penumbra e de costas, quando finalmente é mostrado num dos seus primeiros shows incendiários, onde a mulherada jogava calcinhas no palco. Elvis foi um tsunami na sociedade americana puritana e preconceituosa, com sua música de origem negra, roupas extravagantes, maquiagem e rebolado sexy.

Na segunda metade dos anos 60 Elvis entrou em declínio, aí que veio a retomada triunfal com o contrato pra se apresentar em Las Vegas e para fazer um especial de Natal pra TV, hoje shows  icônicos.Temos duas cenas que são de arrepiar: em Vegas cantando “Suspicious Minds” e na TV cantando “If I Can Dream”, música em homenagem a Martin Luther King, recém assassinado, e seu discurso histórico “Eu Tenho um Sonho”.

“If I Can Dream” é uma canção de ativismo puro, onde ele defende a igualdade e união numa época em que a segregação racial era oficial. Elvis causava escândalo por ser amigo de negros desde criança, ter backing vocals negras, por frequentar a Beale Street, que era o coração da black music, que foi a grande inspiração pro seu trabalho

Vi “Elvis” hipnotizada pela interpretação gloriosa do Austin Butler e saí emocionada do cinema. É por filmes como ele que sou cinéfila.