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Nos últimos anos, o professor de artes Alberto Rodrigues dos Santos tem produzido projetos inovadores para contribuir com a educação em Piraju, no interior de São Paulo.

Entre eles está o “Eu sou sensacional” (entenda mais abaixo), projeto que fez Alberto estar entre os 50 melhores professores do mundo e concorrer ao prêmio Global Teacher Prize, concedido anualmente a um educador que contribuiu de forma notável para a profissão.

“A gente nunca está preparado para receber uma notícia tão relevante, que transforma a vida de qualquer professor que participa. A minha participação tem um peso ainda maior, porque eu estou representando o nosso país, sou o único brasileiro que está competindo. Então, a responsabilidade só aumenta”, diz.

O Global Teacher Prize dá visibilidade aos trabalhos pedagógicos desenvolvidos no mundo todo. O evento também cria a oportunidade de compartilhar experiências com outros profissionais da educação de diferentes países.

“É uma experiência significativa, porque você tem a oportunidade de ter contatos de outras formas de ensinar e aprender. Isso acrescenta na nossa profissão com um olhar diferenciado para outra cultura”, diz o professor.

A definição dos classificados e vencedores do prêmio é feita por um painel global, que reúne um júri internacional com profissionais da educação de relevância no mundo inteiro. Os projetos são avaliados por meio de uma votação que escolhe os 50 melhores professores do mundo.

Após a primeira seleção, é definido o top 10 do Global Teacher Prize. A partir dessa última etapa, é escolhido o melhor professor do mundo.

“Eu não esperava que estaria entre os 50 finalistas. Fico com uma expectativa positiva, com fé e esperança, quem sabe o Brasil possa estar entre os top 10 do Global Teacher Prize”, enfatiza o professor.

 

Em busca do reconhecimento dos professores

O vencedor leva para casa um milhão de dólares, que equivale a R$ 5.161.600. Mesmo com toda essa quantia, Alberto já sabe o que fazer caso ganhe o prêmio.

“Se eu fosse vencedor, gostaria de usar essa premiação para desenvolver um espaço de aprendizagem com os alunos e aprofundar essa metodologia para os professores, principalmente os professores de arte. A minha ideia é reverter esse prêmio para a educação, devolvendo isso para a comunidade.”

Para Alberto, participar do prêmio é muito importante, porque dá visibilidade aos professores do Brasil.

“É ele [o professor] que está em uma sala de aula, que está dentro do olho do furacão. O professor nem sempre é ouvido. Quando é, não são colocadas em prática as ideias e soluções propostas por esse profissional. Acredito que o professor tem muito para contribuir com a gestão pública, ele só precisa participar mais ativamente desse processo”, afirma.

 

Projeto “Eu sou sensacional”

O projeto “Eu sou sensacional” surgiu a partir de um aluno do Alberto, que queria se tornar extraordinário. O garotinho tinha diversas dúvidas, por isso o pai queria levá-lo ao psicólogo para tratamento.

Sensibilizado, o professor Alberto decidiu investigar mais profundamente as inquietações das crianças, e logo percebeu que suas vozes muitas vezes passam despercebidas, tanto dentro quanto fora das salas de aula.

“A partir desse questionamento, comecei a fazer uma análise diagnóstica dos alunos do que é ser sensacional e se eles se sentiam ouvidos perante à sociedade, eles disseram que não. Ou seja, todo mundo sabe da importância da criança e de ouvir a opinião da criança, mas não dão tanto valor”, explica o professor.

O projeto trabalha as potencialidades da criança para que ela se sinta sensacional. Alberto desenvolveu toda a metodologia de abordagem para que os alunos tenham uma participação ativa dentro do processo da construção coletiva do currículo escolar e também da escolha do que eles queriam aprender.

A partir dessa ideia, o professor desenvolveu um jogo chamado RizomArte, que se baseia nas quatro estações do ano e trabalha com a ideia do amigo agricultor. Na simulação, as crianças têm um tabuleiro, onde precisam plantar sementes no território da arte e escolherem o que querem cultivar.

“Cada semente é um tema específico que desejam aprender ao longo do semestre. A ideia é possibilitar o contato com os temas e os conteúdos de arte. A partir desse primeiro contato, as crianças escolhem o que te chamou atenção, que é a estação primavera, representada por uma flor. A semente se desabrocha para um novo conhecimento.”

Depois vem a estação verão, que é quando o professor prepara as aulas em cima do que os alunos escolheram. “É a hora que a gente vai cuidar dessa planta para que deem frutos esses conhecimentos.”

Na estação outono, é quando se colhe o “fruto” e as crianças refletem sobre o que aprenderam.

Na última estação, o inverno, as crianças têm que compartilhar esses conhecimentos com outros alunos e sociedade, a partir de de uma exposição, de apresentação teatral ou exibição de vídeo.

Alberto destaca que o projeto trabalha a autonomia, auto estima, as habilidades socioemocionais, fazendo a criança refletir criticamente sobre questões importantes, como meio ambiente, cultura brasileira, a cultura do mundo, o lugar do Brasil e delas no mundo.

“Essa forma de abordagem do ensino de arte tem a intenção de trabalhar o protagonismo da criança na escola e como isso pode refletir na sociedade, dando voz a essas crianças”, completa.

 

Fonte e foto g1