Ela é uma pessoa radiante com um sorriso sempre pronto na expressão angelical. Ana Maria Taveira Moraes, professora aposentada que ensinou música e arte coreográfica para a linha de frente de bandas marciais e que com o grupo de meninas de Cerqueira César, conquistou cinco títulos estaduais e um Nacional (chegou a representar o Brasil no Chile). Quem a vê sempre sorridente não imagina o calvário pelo qual passou.
Nascida em Agudos em agosto de 1954, Ana reside em Avaré há mais de 25 anos, onde formou sua família. Anos atrás descobriu que estava com câncer. Antes disso, em 1999 já havia travado uma batalha contra um carcinoma na tireóide. “Ao ouvir o laudo do cirurgião, naquele momento, senti um gelo mortal no corpo, sem palavras para exprimir aquela sensação de impotência diante da Vida que eu queria viver, mas aquela sentença era de morte! Sem dó nem piedade. Não chorei ! Por alguns momentos fiquei muda com mil pensamentos rodando; minha vontade era de se levantar daquele lugar é ir embora como se não tivesse ouvido aquilo! Um desejo de sair e acabar com tudo de uma vez, apenas se jogar na frente de um carro. De novo? Meu Deus, por quê?”, desabafa, relembrando o passado.
Apesar da vontade de desistir, ela foi marcar o início do tratamento para lutar contra o linfoma não Hodgkin (LNH), um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada.
O linfoma, que estava no abdômen, foi descoberto por acaso na verdade, por causa de uma pedra na vesícula. “O cirurgião que me assistiu a primeira vez chama se Dr. Afonso do Carmo Javaroni e é meu amigo até hoje”, lembra. E teve início a rotina de sessões de quimioterapia. Contudo, a grande preocupação de Ana era também o filho, que é especial.
O pior era enfrentar o pavor da quimioterapia e todos seus efeitos. Muitas vezes ela não conseguia ficar em pé. O marido, sempre presente, cuidava dela com cuidado. Um dia, vendo o desânimo dela, o marido reagiu: “Ana Maria pelo amor de Deus! Reaja, luta pra se manter viva! O remédio é forte, mas você sempre foi forte! Não pode continuar assim! Assim você não vai conseguir! Me ajuda também! Faço tudo que está ao meu alcance, mas você tem que reagir senão eu desanimo… por favor tenha força!”, e chorou.
Ela, não tinha forças nem para chorar, mas aquela reação deu forças a ela para continuar. E funcionou! Ela finalmente começava a reagir com o tratamento, mesmo enfrentando o preconceito das pessoas. “As pessoas desviavam de mim, não tocavam em qualquer coisa que tocasse, grávida fugia de mim; quanto preconceito por eu estar careca e de máscara.” Por outro lado, ela lembra com carinho das pessoas que sempre a acolheram: “os profissionais do hospital Amaral Carvalho, minha amiga Andréia que cozinhava pra mim; Cidinha do Samaritano vinha ler pra mim, me levava no Semeador; Moema trazia água da Colônia do Neto; Ana Maria me deu uma ajuda muito especial com exames semanais e contato com hospital direto a respeito dos exames. Eles todos foram de suma importância nessa batalha de luta pela cura, estiveram a sua maneira me apoiando, isso me animava e me dava energia, mas em ESPECIAL meu companheiro, foi muito presente. Por vezes saímos do hospital vinte e três horas para voltarmos as sete da manhã. Ele nunca reclamou, não me abandonou , digo até que foi Deus que o colocou em minha vida pra isso! Eu lutei contra esse mal. No começo enfraqueci, mas com ajuda dessas pessoas iluminadas e minha força interior e acima de tudo um Deus, venci!”.
Agora, Ana diz que tirou “proveito” dessa luta, aprendendo a amar as pessoas como elas são. “Aprendi que anjos existem e estão aqui; basta você precisar e merecer; eles chegarão até você!”. Hoje, Ana está tão bem que tem uma vida normal. A história da maravilhosa Ana ainda terá muitos capítulos para serem contados!